Conheça “Paddywak”, uma das bandas mais promissoras do berço Windmill Brixton cena do Shame, Squid, Black Country, New Road e etc

 

          Entre todas as bandas novas que chamam a atenção por inovar e levar gêneros ao extremo, as que integram a cena britânica, especialmente ao redor do pub Windmill Brixton, chamam muito a atenção dos que buscam escutar novidades. Quer exemplos? Nomes como Shame, black midi, Fat White Family, Black Country, New Road e Squid conquistam cada vez mais espaço em playlists e festivais por aí, além do marketing boca a boca que deixam muitos antenados do que está rolando agora.

O trio de noise pop é uma das apostas dentro da cena inglesa.

          O mais engraçado é que, pra divulgar toda essa cena, atingindo um público que não vai até Windmill, o Youtube foi um grande aliado. Lou Smith, um frequentador da casa de shows, já fez história ao compartilhar na plataforma apresentações que nos dão um gostinho de como é estar dentro dessa cultura, além de dar uma visibilidade maior à esses grupos. E, dentre esses, tem o Paddywak, grupo que impressiona em todos os aspectos. Sério. Formado por Abi, Caitlin e Orazio, suas músicas, apresentações, estilo e personalidade no palco são super originais e bem interessantes. Pra ficar melhor, eles toparam conversar com o Minuto Indie sobre sua história e vários pontos que envolvem a cena de lá! Bora conferir? Dá o play e curte o som enquanto conhece os caras!

MI: Eai gente, como o Paddywak foi criado? Aliás, como surgiu o nome da banda?
Abi: A gente se conheceu na escola. Eu e o Orazio fazíamos parte de uma banda no estilo punk descolado + minha camiseta da Siouxsie Sioux. Então, o estilo, bom humor e atitude da Caitlin me deixaram particularmente animada pra tocar com ela, quando Orazio sugeriu convidar ela para transformar nossa dupla (os Pain Puppies) em trio. Três também é a base para os melhores números. Os três pilares do Paddywak. 
Orazio: Isso foi inesperado porque eu e a Abi temos um tipo de som mais sombrio, enquanto a Caitlin era mais pop. Mas, logo de cara, gostamos da personalidade um do outro, acho que foi por conta de experiências de vidas parecidas, o que provavelmente passou para nossas músicas assim que começamos a tocar juntos. Foi ela quem escolheu o nome porque soava muito bem, além de ser uma parte do corpo bastante nojenta que combina com a nossa vibe.
Caitlin: Nós automaticamente nos conectamos, foi muito romântico. O nome veio de um monte de besteiras e de uma música fofa para crianças, que diz “knick knack paddy whack give a dog a bone”.

MI: Quais são as influências de vocês? E como vocês entraram para o mundo do noise pop?
Orazio: Pessoalmente, eu cresci ouvindo bandas de noise pop dos anos 90 como os Melvins, mas também bandas como QuixOtic e Godheadsilo. Ao mesmo tempo, quando eu tinha uns 14/15 anos, bandas como Crystal Castles e Kap Bambino começaram a ganhar notoriedade onde eu morava. A partir daí, assistir shows estranhos e explorar lados sombrios da música se tornou meu processo de expansão.
Abi: Eu sempre gostei de ouvir música pesada, mas fico sobrecarregada facilmente. Então eu tive que fazer o meu caminho para ouvir merdas mais pesadas enquanto eu ainda navegava pela vida como uma criança hipersensível aspirante a gótica não-conformada (risos). Lady Gaga, The Sugarbabes, Leona Lewis e Green Day foram meus primeiros amores na música. 
Caitlin: Eu amo um pop chiclete! Os primeiros CD’s que me lembro de estar obcecada foram  aquelas coletânias tipo “Pop Party” e “Pop Princess”, que incluíam lendas como The Cheeky Girls, Avril Lavigne, Rachel Stevens, Alex Gaudino, The Fast Food Rockers e Baha Men. Minha introdução ao noise pop começou na adolescência com Melt Banana, The Magnetic Fields, The Breeders, Micachu and the Shapes, Sparklehorse, GFOTY. Acho que realmente gosto da linha em que o pop se distorce em algo mais sujo e desagradável.

MI: Com certeza, o vídeo “Paddywak Live At Windmill” trouxe para a banda certa visibilidade. Esse post trouxe alguma mudança pra vocês? Como é assistir a própria performance no Youtube?

Caitlin: É muito louco ter um vídeo para mostrar aos meus amigos e família em Belfast como é um show do Paddywak.
Orazio: Uma coisa que Tom Lavin, da nossa gravadora (Double Dare), disse sobre isso, é que manteve o hype alto durante a pandemia, pois o vídeo saiu logo antes de tudo isso começar. Nós gostamos quando as pessoas postam nossos vídeos no YouTube! Mais, por favor!
Abi: Eu não gosto de me assistir tocando (risos). Acho muito embaraçoso porque é uma experiência tão momentânea que me sinto plena. Mas eu sei que as outras pessoas e meus colegas de banda gostam, então sim, fico feliz em ter mais visibilidade! Muito obrigada, genteee!

MI: O EP “Spacey Daisy” foi lançado há quase um ano. Como foi o processo de construção e lançamento no meio de uma pandemia?
Orazio: Decidimos gravar algo no ano passado, pois estávamos fazendo tantos shows e as pessoas pareciam muito entusiasmadas, então tivemos que retribuir (risos). 
Caitlin: A gente estava tão ansioso pra gravar algumas faixas porque estávamos fazendo tantos shows, mas não tínhamos lançamentos ainda. Tivemos a sorte de poder usar as instalações da nossa universidade para gravar as músicas, o que nos poupou muito dinheiro, e graças aos nossos amigos gravamos tudo antes da pandemia começar. Foi divertido criar novos instrumentais e linhas vocais para essas gravações, porque nossa configuração ao vivo depende de teclado, sintetizador, bateria eletrônica e baixo.
Abi: Sim, foi um processo super maluco, na verdade. Todos nós ficamos um pouco surpresos com a sorte que tivemos por termos decidido fazer toda aquela gravação e produção (obrigado Tom Philips pela mixagem e material de estúdio). Uma experiência que, no geral, foi bastante intensa.

MI: Muitas pessoas estão prestando atenção na cena ao redor do Windmill Brixton. Como é fazer parte disso? E com qual dessas bandas você tem mais contato?
Orazio: Tim, do Windmill, gostou de nós desde o primeiro dia, o que têm sido uma oportunidade incrível. O Windmill sempre nos ajudou, é um ambiente rico onde bandas novas estão fazendo acontecer e crescer essa cena.
Abi: Eu me sinto muito sortuda por fazer parte de uma banda nessa cena. Não sou uma pessoa excessivamente sociável com gente nova, então não poderia te contar, mas sempre que estou lá sei que vai ser uma noite divertida (graças ao Tim). Os proprietários de locais devem estar se divertindo muito com a forma como nosso governo falhou em lidar com a pandemia (risos). E mais, o cenário das artes está constantemente sob uma ameaça anti-arte para a qual nosso governo tende a se inclinar. Há coisas pelas quais devemos agradecer, mas elas têm sido colocadas em jogo incansavelmente por meio de pessoas que protestam e correm riscos em busca de sua arte e felicidade. Sou eternamente grata aos artistas e comunidades de apoio.
Caitlin: É muito legal ter o apoio de um local como o Windmill, Tim é um herói absoluto. Eu tentei encontrar um caminho para a cena musical quando voltei para casa em Belfast e pessoalmente achei muito difícil, então é bom ver tanta vitalidade na cena das bandas independentes no sudeste de Londres. Bandas apoiando outras bandas é o que queremos ver até a eternidade.

MI: “Spacey Daisy” foi lançado em novembro de 2020. Quais são seus próximos passos?
Caitlin: Com certeza mais músicas.
Orazio: Grandes coisas!! Mais lançamentos, com certeza!
Abi: Sim, mais gravações e shows.

MI: E pra fechar, quais artistas vocês acompanham e curtem? Alguma recomendação pra quem curte o som do Paddywak? 
Caitlin: Husk Bennet (@pilotinspektorlee no Instagram) e Piglet (@9_Piglet_9).
Abi: Assista Pink Narcissus, de 1971.
Orazio: Recentemente, vi uma grande exposição da artista Inez Valentine e uma performance muito boa de Devid Ciampalini, então vou recomendar os dois!

          Gente, muito fofos né? Foi um papo super legal e deu pra ter uma ideia de como as bandas se ajudam dentro da própria cena. Além disso, deu pra pegar várias referências e se jogar ainda mais nesse som bem louco dos caras. Ainda não escutou Spacey Daisy? PARA TUDO e dá o play. Bom d+++++

Curtiu esse fichamento? Se liga nas outras entrevistas tops que fizemos!

Mais notícias no Minuto Indie. Curta nossa página no Facebook. Siga nosso Instagram. Saiba mais em nosso Twitter. E fique ligado no nosso canal no YouTube.

Autor