Confira a lista de melhores álbuns gringos de 2021, com curadoria da equipe do MI.

Como resumir um ano em apenas 20 discos? Sempre nos preparamos para fazer a lista de melhores do ano durante todos os outros meses e falhamos em estarmos prontos quando chega a hora. Porém, conseguimos chegar em uma acordo dos discos internacionais que representam 2021 para a nossa equipe, sem um ranking entre eles. Para quem curte um melhor ao pior, fizemos o top 10 comentado no canal do YouTube. Do indie ao metalcore, confira as nossas seleções:

Black Country, New Road, “For the First Time”

Da mesma cena de Londres que black midi e Shame, esse é o álbum de estreia de Black Country, New Road. É aquele disco que impressiona por ser um grande destaque logo na estreia. Boa parte das músicas já tinham sido lançadas e no álbum ganham versões aprimoradas, além de contar com duas inéditas, mostrando que o forte do grupo são as “jam session”, que levam o tempo que for preciso para ganhar a forma exata. As características do grupo que se destacam dentre a tantas bandas de post-punk são a presença de violino, saxofone e influência da música judaica. Ousadia em entregar um disco de 6 faixas extensas totalizando 40 minutos, identidade visual retirada daqueles sites livres de direitos autorais, poupando a imagem dos 7 integrantes, ‘’For the First Time’’ dá uma amostra sobre onde a sonoridade deles pretende percorrer: entre orquestrações e caos sonoro guiados pelas composições ficcionais. B

Tyler, The Creator, “CALL ME IF YOU GET LOST”

Quando achamos que o Tyler não poderia mais se superar, ele une todos os elementos que o fizeram se tornar um dos maiores gênios criativos da sua geração e lança “Call Me If You Get Lost”. Fazendo um paralelo com sua discografia, o CMIYGL apresenta uma forma de narrativa e um personagem como também explorou nos seus trabalhos iniciais e em IGOR, brinca com uma produção experimental e menos polida que havíamos ouvido no controverso Cherry Bomb e apresenta composições que focam na história e os sentimentos do próprio Tyler como fez em Flower Boy. É romance, drama e até mesmo uma pitada de flex que não vimos antes com o Tyler. Com CMIYGL, Tyler confirma sua posição como um artista de excelência. ML 

Arca, “kiCK ii, iii, iiii e iiiii”

Dona de nossos corações (e ouvidos), a diva Arca nos abençoou com 4 discos, dando sequência ao ótimo “kiCK i”, lançado em 2020. E ela entregou tudo aqui, viu? São 4 obras que marcam -cada uma com suas personalidades – o maior momento da carreira da artista. Porém, facilmente podem ser conectadas e agrupadas dentro do projeto kiCK. Tem um pouco de tudo aqui: reggaeton, synthpop, rap e muitos outros estilos, todos misturados e pincelados à la Arca, ou seja, de forma bem experimental e cheia de camadas. Se joga que os kiCKS servem a todos, desde quem quer bater cabelo a quem prefere escutar de fone e captar todos os detalhes. AG

Wolf Alice, “Blue Weekend”

Um indie épico e confuso, perfeito para a lacuna deixada por bandas como The Killers e Arctic Monkeys, que hoje seguem outros caminhos. Ao mesmo que tempo em que revisitam o rock alternativo dos anos 90, a Wolf Alice traz uma sensibilidade pop confessional capaz de agradar fãs de Taylor Swift. A frontwoman Ellie Roswell catalisa toda a linguagem melancólica do jovem adulto que quer se desamarrar das obrigações da rotina, mas ao mesmo tempo não encontra seu espaço nas relações emocionais. LG

Shame, “Drunk Tank Pink”

O disco foi lançado em janeiro e até parece que ele seja do ano passado – mas não é -, e desde seu lançamento já havia sido predestinado como um dos melhores do ano. Dito e feito. Desde o anterior “Songs of Praise”, em 2018, a banda londrina carimba a porradaria, fúria, indie, rock experimental e alternativo em sua sonoridade. O disco aparenta ser mais maduro que o antecessor, e conta com produção de James Ford, que já trabalhou com Arctic Monkeys, Gorillaz, Haim e Jessie Ware. Os meninos que, estão longe de serem uma vergonha, esbanjam confiança e nos empolgam como uma das bandas alternativas mais promissoras do momento. BS

Faye Webster, “I Know I’m Funny haha”

Não há ninguém que saiba ser a Faye Webster como a Faye Webster. No mundinho dos cantores-compositores, ela brilha reconhecendo que realmente tem seu charme e é engraçadinha. Dos amores parassociais com jogadores de baseball ao seus relacionamentos reais, “I Know I’m Funny haha” apresenta composições que irão te fazer parar por alguns momentos, seja para sorrir ou para chorar. Sendo um disco em que nada e tudo acontece simultaneamente, os instrumentais que flertam com o folk e o indie rock deixam espaço para que suas letras e a voz doce roubem a cena. Impecável e inesquecível, como ela sempre faz. Sabe o “you make me wanna cry in a good way”? Esse disco é bem por aí. ML

SPELLLING, “The Turning Wheel”

Tia Cabral gabaritou com “The Turning Wheel”, seu terceiro trabalho. A mística, good vibes e sempre feliz cantora, sob o nome de SPELLLING, apresenta um disco atemporal e único, porém acessível. Sua voz tão característica pode não ser para todos, mas todo o conceito construído em cima das faixas monta um conto de fadas distorcido, com momentos bem Disney, e passagens mais sombrias. São canções super gostosinhas de ouvir, mas que levam uma tremenda complexidade dentro do instrumental (que dá uma puta vibe). Com certeza, um dos melhores e mais originais álbuns do ano. AG

Black Midi, “Cavalcade”

Imprevisível como sempre, a banda britânica traz um som mais inventivo do que nunca, estourando qualquer bolha de classificação sonora. Em seu segundo disco, a banda mantém a desorganização sônica, porém numa direção ainda mais megalomaníaca e virtuosa, com momentos de sensibilidade harmônica altamente jazzísticas. LG

Little Simz, “Sometimes I Might Be Introvert”

Mesmo que seja recente afirmar isso, não há dúvidas que ‘’Sometimes I Might Be Introvert’’ será considerado o disco que consolidou Little Simz como uma grande artista da geração atual ao lado de Tyler, The Creator e Kendrick Lamar. Com flow ágil, Simbi rima em 19 faixas, totalizando 1 hora e 5 minutos que passam tranquilamente sem a sensação que será um disco arrastado. Com sonoridade grandiosa como uma trilha sonora, o disco é construído a partir de orquestrações, beats, samples e sintetizadores. Sem desperdiçar uma palavra, Simbi não economiza na hora de desenvolver suas ideias e sentimentos, que ganham forma através de suas músicas. B

Japanese Breakfast, “Jubilee”

Os dois primeiros álbuns do projeto de Michelle Zauner, o “Psychobomb” e “Soft Sounds From Another Planet”, expressam as formas que ela encontrou para lidar com o luto de sua mãe, com uma sonoridade indie e bedroom pop. Já nesse disco ela vira a chave e canta “sobre alegria”, como ela define, e isso fica evidente nas composições e nas sonoridades. Em “Jubilee”, ela parece segura no que faz, não abre muito espaço para novas experimentações – como fez em seus antecessores -, além de fazer excelente uso de sintetizadores e saxofone. O disco, de fato, é alegre, com doses certas de melancolia. BS

Halsey, “If I Can’t Have Love, I Want Power”

Artista popular do pop, Halsey convidou o duo Trent Rezor e Atticus Ross do Nine Inch Nails, banda conhecida por sua sonoridade ligada ao industrial e eletrônico e pela trilha sonora de ‘’Soul’’. O convite já era uma ideia antiga da artista que além de ser fã, gostaria de produzir um álbum mais visceral para o padrão pop. O resultado foi uma boa surpresa: ambos os lados souberam conversar durante a produção e chegar em uma identidade que misturasse a linguagem de ambos sem ficar com cara de álbum do NIN, e sim, um disco que a Halsey almejava produzir, com liberdade de criação sem deixar sua personalidade de lado. A narrativa se centralizada nas questões que envolvem o corpo que coexiste entre sexualidade, maternidade, julgamentos e pressões sociais e comportamentais. B

Turnstile, “Glow On”

Um dos principais registros de rock do ano, a banda norte-americana traz um som potente e acessível. Em pouco mais de meia hora de disco, a tracklist é uma viagem nostálgica e divertida à uma fusão de estilos que vão desde o hardcore ao dream pop. A linguagem de resiliência muito presente no hardcore ganha um senso mais prático, mais puxado para questões de amadurecimento do que um lance mais auto-ajuda. De um jeito brilhante, a banda de Baltimore mostra que o rock pesado ainda é algo divertidamente jovem. LG

Spiritbox, “Eternal Blue”

Os canadenses do Spiritbox sacudiram a cena do metalcore em 2021 com o seu disco de estreia “Eternal Blue” (que tem “quase resenha” aqui no blog). O disco deu no que falar, sendo eleito AOTY pela Loudwire. Com influências do djent, instrumentais groovy e intrincados, a banda conseguiu trazer um trabalho moderno, com uma bela estética e vocais que passeiam do agressivo ao etéreo. “Eternal Blue” é a perfeita trilha sonora para uma viagem de fim de tarde, com destaques à faixa título, “Yellowjacket (feat. Sam Carter)”, “Sun Killer”, “Silk In The Strings”, “Circle With Me” e “The Summit”. JG

CHAI, “WINK”

A banda que ficou famosas por seu som barulhento de repente resolve desacelerar e… funcionou! Entre momentos leves, divertidos, dançantes, sensuais e etéreos, o disco “WINK” apresenta a versatilidade da banda japonesa que conquistou todo mundo há alguns anos. O CHAI ainda sabe muito bem como abordar questões ordinárias de maneiras extraordinárias, como a deliciosa “Maybe Chocolate Chips” e seu ponto de vista até romântico ao falar sobre pintas. Um disco que cabe bem em todos os momentos e que você carrega com um certo conforto e calor no coração. ML

Madlib, “Sound Antecestors”

Mágico e contemplativo, o disco traz o lendário DJ californiano experimentando com o que tem de mais primitivo na fusão da música eletrônica com o rap e o r&b. Entre camadas atmosféricas e um groove dorsal que amarra as pontas soltas das melodias, a produção cresce em variações entre o épico e o sensorial. LG

Divide and Dissolve, “Gas Lit”

Duo composto por Takiya Reed da Turtle Island/Estados Unidos (nome para as terras da América do Norte, segundo povos nativos do Canadá e Estados Unidos) e de origem cherokee, e Sylvie Nehnill da Austrália de origem Māori. O som delas está ligado ao doom e drone metal, e tanto a banda quando ‘’Gas Lit’’ são obras políticas sobre a luta e soberania dos povos indígenas e pretos, pela libertação de espírito e direito a terra e água. A melhor definição do som vem da própria biografia da banda: ‘’[…] utilizam guitarra, saxofone e efeitos para criar músicas projetadas para decolonizar, descentralizar e destruir a supremacia branca.’’. Divide and Dissolve é ativo em seu discurso e traz esse protagonismo dentro dos gêneros musicais ditos como ‘’pesados’’. B

St. Vincent, “Daddy’s Home”

A principal camaleoa da música atual ataca mais uma vez. 4 anos depois de se entregar ao lado mais pop e eletrônico da força, St. Vincent voltou e surpreendeu todos com “Daddy’s Home”. Isso, porque ela está completamente repaginada: suas letras, melodias, instrumentais e até seu visual bebem bastante da fonte dos anos 70, rock clássico e pegadas mais vintage .E olha, não dava pra imaginar que precisaríamos tanto ver ela se transformar nessa nova fase, mas hits como “Pay Your Wain In Pain” e “My Baby Wants A Baby” provam que ela tem tudo para ser a nova rock star da música. Se cuida, Miley Cyrus. AG

Xiu Xiu, “OH NO”

Em seu 16º álbum de estúdio, a Xiu Xiu, duo atualmente composto por Jamie Stewart e Angela Seo, convidaram 15 artistas para cada um produzir uma faixa do disco e o resultado é uma obra consistente, profunda, bonita e acessível para os padrões da Xiu Xiu, a qual está ligada ao experimental e art rock. As composições tem teor sentimental profundo e são acompanhados por camadas e texturas sonoras, com destaque para sintetizadores, ruídos, vocalizações, violão e piano. Para saber mais, temos um Quase Resenha sobre o ‘’OH NO’’. B

Adele, “30”

Impressionante o quão Adele consegue surpreender mesmo seguindo a mesma ‘fórmula’ de sempre. Em seu álbum mais próximo do soul de lendas como Nina Simone, a compositora britânica continua se rasgando em letras confessionais e relacionáveis, junto às questões de passagem de tempo que acompanharam seu 30º aniversário. Impossível não destacar sempre a perfomance vocal, mais épica do que nunca, e com backing vocals brilhantes e coloquiais. Capaz de agradar desde a crítica especializada até fãs de trilha de novela, Adele mostra que está longe de cair em repetição.

Billie Eilish, “Happier Than Ever”

Dois anos depois de estourar mundo a fora com seu disco de estreia “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?”, a cantora Billie Eilish, junto com seu irmão e produtor Finneas O’Connell, conseguiu superar a “Síndrome do Segundo Disco” e lançar um trabalho tão interessante quanto o primeiro. O álbum “Happier Than Ever” tem uma cara mais madura e encorpada que o antecessor. Com uma mistura de ritmos que vai do pop (Therefore I Am), até bossa nova (Billie Bossa Nova), a cantora fala sobre diversos assuntos sérios e inseguranças pessoais. Além de uma sonoridade interessante influenciada pelo irmão, ainda traz em suas letras inspirações para os jovens de que pessoas fortes não são necessariamente aquelas que não erram ou não “caem no golpe”, mas que conseguem reconhece-los e encarar o quanto for possível. CL

Textos por Augustto Guimarães, Binha, Bruno Santos, Cleiton Lopes, Juliana Guimarães, Luan Gomes e Maria Luísa Rodrigues.

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Autor

Escrito por

Maria Luísa Rodrigues

mestranda em comunicação, midióloga de formação e jornalista de profissão. no Minuto Indie desde 2015 e em outros lugares nesse meio tempo.