O folk psicodélico da banda O Estrangeiro te fará lembrar ao mesmo tempo de Boogarins e Bob Dylan. Não à toa, temos Fefel, baixista do Boogarins, como parceria no single mais recente “Trópico de Câncer“. Porém, esse não é o único som do ano, pois o álbum “O Cão do Salamano: A Caminho das Turfeiras” também é de 2022.
O grupo do interior de São Paulo, mais precisamente de Lins, tem grande influência da literatura, que já faz parte da essência do grupo e veio antes de virar música propriamente dita. Inclusive, o nome da banda vem do livro de mesmo nome do autor francês Albert Camus, publicado em 1942.
Os dilemas existenciais são o ponto forte que permeia os integrantes que, além de ultrapassar esses sentimentos na música, também escrevem textos em um blog. Dessa forma conseguimos entender melhor Nathã Henrique (voz e violão), Hugo Manuel (voz e guitarra), Rodrigo Tadei (voz e guitarra), Luan Carmola (baixo) e Pedro Vanci (bateria), que se conhecem desde a época do Ensino Médio.
O álbum começa com alguns minutos mais experimentais, dando uma sensação de imersão na obra que está por vir. Parece que a banda está dentro da sua sala ao começar a terceira faixa “Ao Sul do Meu Olhar” e essa sensação mais intimista segue nas treze músicas. Destaque para “Dos Olhos às Índias“, “Diante do Espírito uma Pilha de Madeira” e “A Caminho das Turfeiras“, encerrando o álbum.
Mas esse clima do “O Cão…” parece ter mudado, já que o single “Trópico de Câncer” veio com uma pegada mais synth. De certa forma remete mais ao primeiro disco de 2021, o “O Voo do Besouro: Sobre Exorcismos e Tempestades Íntimas“, como a faixa “Tiktaalik“.
Recomendo ouvir a obra da banda como um todo e encontrar o “tom” que mais te agrada na trajetória (recente mas cheia de significado) de O Estrangeiro.