Olivia Rodrigo entrega uma estreia corajosa e sentimental, apostando suas maiores fichas nos vocais

 

Olivia Rodrigo em “good 4 u”. Foto: Divulgação

          Poucos artistas começam tão bem como o caso da Olivia Rodrigo, a já popstar que está conquistando cada vez mais os charts e streams pelo mundo. “drivers license”, o primeiro single fofinho da cantora, foi um puta sucesso e fez história. Nem ela estava preparada pra tanto reconhecimento, como em vários stories postados no insta.

          É claro que não demoraria muito pro anúncio de um debut, e ele veio: “SOUR”, que agora já está entre nós há um tempinho, provou duas coisas: as diversas reflexões que um coração partido pode render e o talento de Olivia, que arrasa nos vocais percorridos na tracklist. É um ótimo começo para uma carreira precoce com tanta relevância.

          Realmente, a alma do disco se encontra na voz da artista. Ela manda bem demais – quem assistia “High School Musical: The Musical: The Series” já se ligava – e o diferencial (para mim) em seu jeito de cantar é a tamanha sensibilidade que ela passa através de seus vocais. Raiva, mágoa, tristeza, ciúme e superação são visitados aqui, além das letras, mas em um nível onde entenderíamos onde ela quer chegar mesmo sem entender o que está dizendo.

          Letras essas que podem ser meio cansativas, pelo menos pra mim, e um ponto negativo (em alguns momentos) em SOUR. Isso porque, em 90% das músicas, o mesmo término é citado e revisitado. Por um lado, é interessante ver como ela o aborda em diferentes sonoridades e tons. Por outro, é bem cansativo. Cheguei no meio do caminho e já não via a hora dela superar tudo (até porque sabemos o motivo de tudo isso, né Joshua?).

          A diversidade dos instrumentais também chamam atenção: faixas como “brutal” e “good 4 u” exploram um pop punk bem divertido, enquanto “1 step forward, 3 steps back”, “enough for you” e a própria “drivers license” apostam em sons mais acústicos (violão/piano), claro que acompanhados de uma produção bem limpa e cheia de pequenos detalhes, quase nos convidando a ouvir o disco de novo e de novo.

          Ouvi muita gente reclamando da aclamação que Olivia anda recebendo e fiquei meio de cara. É muito cobrar maturidade e sons elaborados de uma artista de 18 anos????? Sim, 18. Na verdade, eu acho é que ela foi muito madura e corajosa em expor seus sentimentos dessa forma, tão cedo. Quantos artistas vemos se expressar tão bem nos últimos anos? Tô falando aqui daqueles vocais carregados de sentimento, que percorrem todo o caminho dos quase 35 minutos de duração.

          Acredito que ela ainda vai trazer muitas coisas boas para nós (tanto na música quanto nas telas), mas prefiro apreciar o momento do que ficar já pensando em seu próximo passo. Mesmo assim, fico pensando no amadurecimento que ela deve estar passando nesse exato momento. Afinal, tanto sucesso, apresentações no BRIT Awards e Jimmy Fallon, contrato da Disney e aclamação da crítica, tudo isso no fim da adolescência e começo da vida adulta, deve ser bem difícil de administrar.

          Com tanta mágoa guardada, SOUR serve como um exorcismo de todos esses sentimentos ruins, onde tudo fica melhor no final, aqui exemplificado na canção que encerra tudo, “hope ur ok”. É um primeiro passo dentro de uma perspectiva mais tranquila e conformada, transformando a tracklist em uma história de superação. Olivia Rodrigo realmente entrega seu coração para nós, e isso tem seus pontos positivos e negativos. Mas o saldo final é muito bom, coerente e cheio de hits que grudam na cabeça (e que bom que fazem isso).

          Também fizemos um vídeo para o canal do Minuto Indie lá no Youtube, com roteiro meu. Essa resenha é um complemento para o material, então caso queira saber mais sobre o background das letras e o comecinho da carreira da artista, corre lá dar uma olhada!

Olivia Rodrigo, “SOUR” (2021)

Pop, Pop Punk, Bedroom Pop

Geffen Records

Pra quem curte: Conan Gray, Avril Lavigne, girl in red e Rex Orange County.

Nota: 8

 

 

 

 

 

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