Banda curitibana apresenta novas músicas em suas recentes apresentações

Terraplana é uma banda que vem conquistando muito bem o seu espaço no cenário musical brasileiro, já conhecida aqui no nosso blog por estar na lista de melhores álbuns nacionais do ano passado com o “olhar pra trás”, a banda vem entregando diversas apresentações pelo país. Estivemos presente na apresentação que rolou na modesta casa de show Áudio Rebel, em Botafogo. Por grande demanda do público, o show foi realizado em duas sessões lotadas no domingo, dia 19 de abril. A banda que conta com a baixista e vocalista Stephani Heuczuk, guitarrista e vocalista Vinicius Lourenço, guitarrista e vocalista Cassiano Kruchelski e baterista Wendeu Silvério se mostrou bastante à vontade e atenciosa com o público entre as sessões, autografando Discos, tirando fotos e vendendo seus merchans. 

Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie
Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie

A apresentação foi algo especial, o espaço reservado para o show pareceu pequeno para a quantidade de pedais espalhados pelo palco, a banda se mostrou em perfeita sintonia, trazendo os arranjos arrastados e distorcidos, além de um efeito de luz que trouxe um certo mistério para o palco. A banda abriu o show com o hit olhar pra trás” e a partir desse ponto trouxe vários trabalhos do seu primeiro disco com novas músicas que ainda serão lançadas, além do cover presente em quase todos os shows da música “Na sua Estante” da cantora Pitty. Um fato divertido que aconteceu durante o show é que era aniversário do Cassi, o que rendeu um grande parabéns por parte do público:

“Primeira vez na minha vida que eu fiz aniversário fazendo show e, puta, foi muito foda, na verdade, assim, é um presente do caralho estar num show sold out, vezes dois, né, passando com os amigos e fazendo música que a gente gosta, então foi muito foda, me senti muito amado.”

 

Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie
Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie

Após a apresentação, conseguimos uma entrevista com toda a banda que pode ser vista clicando aqui ou ser lida na integra a seguir:

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Minuto Indie: Como é a sensação de ter esse destaque que vocês estão tendo logo no início de carreira com seu disco de estreia? 

Ste: Ah, eu acho que é muito doido, assim, até tava falando com um menino aqui no show, ele falando tipo, “ah, porque vocês são famosos, quero tirar uma foto”, a gente não assimila isso direito ainda, tipo, segunda-feira tem que ir trabalhar, assim, a gente tem uma vida meio dupla, por enquanto, né, é um sentimento meio engraçado, assim, de, sei lá, segunda-feira você pegar busão e no fim de semana você faz show e, tipo, dá autógrafo, é divertido, sabe? Mas a gente fica muito feliz com essa projeção que teve, que é uma coisa que a gente não esperava. Foi um tipo de som também, né? Sim, uma coisa bem específica, mas acho que a gente pegou um momento legal que isso tem ganhado destaque no Brasil e na gringa também. Tá voltando bastante a coisa do Shoegaze.

Minuto Indie: Como está sendo ter diversos shows com casa lotada e sold out, como fica a cabeça para receber o público? 

Cassi: Foi um choque quando a gente anunciou os shows, tudo meio junto, a gente foi em Curitiba, com a Sophia Chablau, anunciou o show aqui no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e tal. E a gente sempre tinha o costume de vender X ingressos no primeiro dia que anuncia. Quando a gente anunciou essas datas, foi assim, sei lá, cinco vezes mais ingressos no dia. A gente ficou meio chocado. “Caraca, tá vendendo muito mais do que o normal”. Aí a gente deu o sold out no primeiro dia. “Pô, o que tá rolando, sabe?” E a gente foi meio que em choque, na verdade. Foi meio espantoso ver tudo isso acontecendo, mas de uma forma muito boa, um espantamento feliz.

Ste: E também isso de sair nas listas e abrir o show do Slowdive e tal, tudo isso ajuda.

Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie
Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie

Minuto Indie: Falando sobre o show do Slowdive, como foi para vocês o convite de ser o show de abertura da banda, como foi o Processo até o show, ficar no backstage e tudo mais?

Cassi: As partes foram legais, assim, na real. Então, a gente, da Balaclava, o Dotta, que é uma das pessoas da Balaclava, um dia chamou gente e falou, “precisamos fazer uma reunião aí, pra falar de próximos alinhamentos”, a gente ficou, “que porra de reunião é essa? nunca teve isso”.  Aí, tá bom, vamos lá, nessa reunião, isso foi em julho daí ele falou assim, “ah, putz, conseguimos, vocês vão tocar com o Slowdive.” E a gente ficou, tipo, cara, não acreditou, assim, né? Aí foi uns meses, assim, de estresse, porque a gente não podia contar nada para ninguém… A gente chegava para os nossos amigos, tipo, porra, quero contar uma coisa, não sei, mas não pode, segredo. E aí, enfim, a gente ficou com essa ansiedade imensa por todo esse tempo, assim, até chegar o dia que anunciaram

Vini: A gente estava tocando e a gente não sabia, mas depois mostraram um vídeo para gente do lado do palco, a gente desceu lá, o guitarrista falou com a gente, falou que curtiu o set, daí o Neil falou também, a gente trocou uma ideia.

Ste: No show eles foram super bacanas com a gente, ele falou que não achou o som tão Slow Dive, achou mais para o Sonic Youth.

Vini: A gente deu uma camiseta para o Neil e ele usou no show do Primavera, foi muito foda ver isso, muito louco, um cara que é tipo o ídolo, uma referência, usando uma parada que é nossa.

Cassi: eles que chegaram falar com a gente, no backstage, a gente tava lá meio tímido, pegando um cafezinho, só tipo, “nossa, olha eles vindo”, de repente, eles só chegaram colando a gente para conversar. A Rachel, que estava mal da garganta, veio conversar com a gente com o restinho de voz que ela tinha na hora, e foi super amável, então foi uma experiência…

Wendeu: eles deram inclusive os vinhos do camarim deles!

Minuto Indie: Vocês nessa apresentação mostraram novas músicas que estão sendo produzidas ainda, como está sendo o processo criativo? Tem alguma pressão na cabeça após esse sucesso todo que vocês estão tendo?

Wendeu: Pressão interna mesmo, pessoal tem produzido muita música aqui e estamos pretendendo entrar no meio do ano em estúdio.

Cassi: acho que a gente tem um processo muito sadio e tranquilo de fazer música, sabe tipo o importante a gente tá se divertindo fazendo música, acho que essa parte mais importante desse novo álbum.

Ste: O lado bom de ser uma banda que tem visibilidade, mas não é famoso assim porque acho que famoso tem uma pressão, tipo, “pô, preciso lançar…” A gente não, né? A gente tem um nível saudável, assim, de poder curtir o processo, a gente tem um olhar muito diferente também nessas novas músicas. A gente tem uma experiência diferente do que foi o primeiro álbum, já faz as coisas, sei lá, mais estrategicamente, eu diria.

Vini: acho que de um jeito as músicas estão um pouco mais diretas, assim. E, sei lá, acho que é normal a gente começar a ir para outros lados, experimentar coisas novas. Não que não vá ser shoegaze ou que vá ser Shoegaze também, mas tipo, a gente não se sente preso a nada.

Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie
Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie

Minuto Indie: Para finalizar a entrevista, indiquem um álbum ou artista que ajudaram a definirem vocês como artistas hoje.

Wendeu: O álbum que me redefiniu como baterista, principalmente, foi o último do Slowdive, que saiu ano passado (everything is alive). Analisando a bateria, assim, é um álbum que mistura muito elementos acústicos com elementos eletrônicos e vendo isso ao vivo, vendo o cara variando os timbres durante as músicas pra mim foi uma explosão de ver possibilidades e eu acho que vou copiar muita coisa disso Pra mim.

Cassi: Pra mim eu acho que foi o álbum Warpaint, o self-titled Warpaint mesmo, porque assim, é muita coisa diferent acontecendo naquele álbum, muitos riffs bonitos, muitas melodias boas, harmonias e o timbre de tudo soa muito, muito bem, muito bem trabalhado, dá pra ver que tem todo um esmero ali pra fazer aquele álbum acontecer e aqui pra mim mudou muito assim esse álbum, talvez não seja o meu top álbum que eu mais escuto, mas assim, acho que houve um divisor quando eu ouvi.

Vini: foi o Led Zeppelin 4 do Led Zeppelin é… acho que foi o primeiro álbum de vinil, assim, uma amiga minha, tava na escola ainda, tinha ido pra São Paulo e trouxe pra mim. E… Ah, nessa época de eu tá aprendendo a tocar guitarra, aprendendo a fazer música, eu tava querendo muito Led Zeppelin e acho que foi essa… esse álbum que me fez, tipo, querer fazer isso.

Ste: eu vou falar um que eu já falei muitas vezes, que é o do Interpol, o Turn On The Bright Lights, porque eu gosto muito do baixista que gravou esse álbum, que era o Carlos Dengler, né. Na música, o baixo não foi a primeira coisa que eu achei que eu ia tocar, sim, mas eu comecei a tocar por causa da banda e… sei lá, acho que minha resposta ficou horrível, na verdade, quero gravar de novo (Risos) 

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Autor

Escrito por

João Pedro Cabral

Fotógrafo e estudante de Produção Cultural que só queria ser um dos strokes e coleciona uns discos que encontra por ai.