Reprodução – Acervo/Grammy

Retrowave, é isso que define o que Ginger Root é e sempre foi! Desde a estética oitentista, no city pop, as referências e tudo que gira entorno do Ginger Root. Em Shinbangumi não é diferente, aqui temos mais um álbum que respira os anos 80 do Japão, uma época era pleno desenvolvimento para o Japão, mas que anos 1990, iria acabar com a crise imobiliária de 1991 e que estagnaria a economia do Japão até os dias atuais. Ou seja, Ginger Root é um revival de uma época que no imaginário popular/idealismo que “antigamente era melhor”, mesmo que a nostalgia te engana e até mesmo, seja um combustível para distorção de fatos.

 Cameron Lew,ulíder do Ginger Root soube muito bem, dar uma pitada gigantesca de estética japonesa e vibe lo-fi, Soul e música de elevador (realmente existe um gênero com esse nome, não é uma crítica à música). Se você for uma pessoa eclética ou já conhece o Ginger Root, esse álbum vai te pegar fácil. É basicamente um convite para entrar num universo que parece uma série de TV dos anos 80, mas com um toque bem moderno. O nome já entrega um pouco dessa vibe – Shinbangumi significa “novo programa” em japonês, e o disco realmente soa como uma nova fase criativa.

“No Problems” é uma das faixas que são um dos momentos mais brilhantes do álbum. Começa suave, com uma batida que te carrega sem esforço. O refrão é simples, mas gruda na cabeça de um jeito bom. “No Problems” tem uma vibe de “não se estresse”, com uma melodia solar e sintetizadores macios que te fazem querer colocar os fones e esquecer do mundo.

Sabe aquelas segundas-feiras arrastadas? “Better Than Monday” traz uma ironia leve no título, porque a música em si tem um ar revigorante, como se fosse um escape do tédio. É curta, direta, e embalada com aquela vibe de funk indie, que é a cara do Ginger Root. A linha de baixo é o que guia a música, e é quase impossível não bater o pé junto com ela.

Aqui, Ginger Root mostra seu lado mais sentimental. Com um groove que parece ter saído de uma trilha sonora antiga, “There Was A Time” tem uma pegada mais nostálgica, tanto na letra quanto no instrumental. A melodia é suave, quase melancólica, e se destaca por sua simplicidade, sem exageros, mas cheia de alma.

Encerrando o álbum, “Take Me Back (Owakare No Jikan)” parece uma despedida cinematográfica. A faixa tem um ar mais etéreo, com arranjos que soam como um adeus melancólico, mas que deixa aquele gosto bom de querer mais. A letra, cantada com suavidade, te envolve e completa a jornada musical de forma impecável e assim, acabando alguns destaques deste álbum.

SHINBANGUMI é um álbum que sabe brincar com o passado, mas sem soar ultrapassado. Ginger Root cria uma paisagem sonora própria, onde cada faixa traz uma memória ou sensação, seja de um dia preguiçoso ou de uma noite nostálgica. Aqui temos um álbum que sabe mistura funk, indie e retrô com classe, se você gosta desse tipo de álbum, que se parece com uma trilha sonora de um Persona ou algum RPG, pode dar o play sem pestanejar.

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