Os Titãs, banda clássica da década de 1980, vai fazer uma turnê pelo Brasil em 2023 e selecionamos alguns discos para quem não conhece nada ou pouco do grupo.

E eis que um dos grandes nomes da música nacional dos anos 1980 anuncia o retorno aos palcos com sete membros da sua formação clássica. Em 2023 os Titãs irão fazer uma turnê pelo Brasil entre abril e junho intitulada Todos ao Mesmo Tempo Agora. Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Nando Reis, Charles Gavin, Branco Mello, Tony Bellotto, Sérgio Britto e mais o produtor Liminha, que vai substituir o guitarrista Marcelo Fromer, que morreu em um acidente em 2001 (será que vem disco novo também?).

Titãs divulgam a turnê Todos ao Mesmo Tempo Agora.
Titãs reunidos para o lançamento da turnê Todos ao Mesmo Tempo Agora.

Eu cresci numa casa que desde cedo teve muita música, acho que é uma das razões de eu gostar tanto e, inclusive, escrever aqui para o site, e rock oitentista foi um dos sons que mais rolava na casa dos meus pais incluindo os Titãs. Então, resolvi listar aqui alguns discos que acho legal de serem ouvidos pelo pessoal que não tenha muita familiaridade com o grupo ou não sabia que Nando Reis já tenha participado de uma banda antes. Ah, e é bom ressaltar que é uma lista “para gostar de”, não significa que sejam os melhores da banda. Então bora lá.

Titãs (1984)

Capa do disco Titãs (1984)
Capa do primeiro disco da carreira dos Titãs.

No início da carreira o grupo tinha uma veia muito mais pop. Os membros tinham uma linguagem visual que conversava com a cultura de massa oitentista, utilizando roupas coloridas combinando, coreografias e letras mais “amistosas” que falavam de amor e radinhos de pilha. O que chama atenção nas apresentações nos programas de TV é justamente a quantidade de gente no palco e as “dancinhas maneiras” muitos anos antes do Tik tok existir.

O álbum em questão, o primeiro do grupo, auto intitulado Titãs, e já vem recheado dos hoje considerados clássicos do grupo como Sonífera Ilha, Marvin e Go Back. Os arranjos e batidas são puro suco dos anos 1980 e trazem uma vibe bem tranquila e divertida. Coisa bem domingo à tarde com a família. Abaixo coloco um vídeo do grupo, ainda com André Jung na bateria, apresentando o disco na televisão.

 

Cabeça Dinossauro (1986)

Capa do disco Cabeça Dinossauro (1986)
Capa do terceiro e mais polêmico disco dos Titãs.

Esse talvez seja o álbum mais famoso dos Titãs e que garantiu o primeiro disco de ouro da banda. A postura punk do grupo já vinha aparecendo a algum tempo, mas a revolta foi se intensificando com os anos de Ditadura Militar, que estava em seus últimos respiros e mais ainda após a prisão de Arnaldo Antunes e Branco Mello por porte de heroína. Isso fez com que os membros concentrassem toda a raiva em Cabeça Dinossauro que disparava protesto para todos os lados. Foi o primeiro da banda produzido por Liminha.

Músicas como Igreja e Polícia criticavam as respectivas instituições as citando nominalmente. Bichos Escrotos foi censurada e impedida de tocar nas rádios pelo seu teor que fugia dos “bons costumes” citando animais que viviam nos esgotos e renegando oncinhas pintadas e coelhinhos peludos. Outros clássicos também estão presentes como Família e Homem Primata.

Se eu tivesse que indicar apenas um disco do Titãs para alguém, seria esse. Contrasta bastante com a energia positiva do primeiro, mas tem uma revolta que atualmente está em falta no rock. Abaixo coloco um vídeo com os próprios integrantes, aqui um pouco mais sérios e mais acostumados a darem entrevistas, falando melhor sobre o então novo trabalho e o que pensam a respeito.

 

Jesus Não tem Dentes no País dos Banguelas (1987)

Capa do disco Jesus não tem dentes no país dos banguelas
Quarto disco dos Titãs considerado uma continuação de Cabeça Dinossauro.

Continuando a parceria de produção com Liminha, Jesus Não tem Dentes no País dos Banguelas é o trabalho seguinte ao Cabeça de Dinossauro e considerado sua continuação. Agora a banda é mais conhecida pelo público e as letras ainda continuam com grande apelo político com canções como Comida, que seria utilizado por manifestações estudantis da época, Lugar Nenhum e Diversão.

Para mim, esse disco traz algo do tipo “ainda somos punk, mas estamos mais tranquilos”. As músicas, mesmo que ainda sendo políticas, são menos ásperas do que em Cabeça. Acredito que a raiva tenha dado uma acalmada depois de terem sido ouvidos pela população, principalmente os mais jovens, e ter irritado os mais velhos por fazerem seus filhos gritar aquilo.

Uma das que mais gosto em Jesus Não tem Dentes no País dos  Banguelas é a faixa Corações e Mentes. Apesar de ser uma canção lançada na década de 1980, ela parece retratar o país dos últimos anos em que estamos divididos principalmente por questões políticas. Divisão essa que foi escancarada nas porcentagens finais das eleições de 2022.

Abaixo coloco um vídeo do lançamento do disco na televisão no programa Perdidos na Noite, apresentado pelo Faustão. Além da banda e do apresentador, preste atenção no cenário e na plateia quanta peculiaridade oitentista num só lugar. Uma energia caótica sem igual.

 

Acústico MTV: Titãs (1997)

Capa do disco Acústico MTV: Titãs (1997)
Capa do disco do trabalho dos Titãs com a MTV.

O Acústico MTV: Titãs talvez tenha sido o disco deles que eu mais ouvi na vida. Primeiro uma porção de vezes passivamente por meu pai ouvi-lo repetidas vezes em casa na época de seu lançamento. Isso me fez até ter uma certa repulsa com a banda por ser justamente na época que a gente odeia tudo que os pais gostem e só ouve rock em inglês, sabe? Com o passar dos anos fui entendendo mais a onda da banda e do disco. Aí ouvia direto por minha própria escolha.

Daquela febre que foram os Acústicos MTV, eu considero esse como um dos melhores nacionais. Diferente de outros, incluindo de outras bandas oitentistas (que vou preferir não citar nomes), que não conseguiram empregar personalidade nas versões acústicas e ficou o disco todo parecendo ser o mesmo arranjo, o do Titãs, conseguiu ser rock’n roll mesmo nas cordas. E isso misturando momentos de reggae e orquestra no meio. Participações de Jimmy Cliff e Marisa Monte temperaram ainda mais a salada.

A escolha das músicas também foi bem acertada trazendo os maiores sucessos do grupo com versões inovadoras. Vale muito a pena também assistir a apresentação e ver as peripécias do grupo nos palcos e o quanto a plateia fica animada com tudo. Um dos momentos mais legais é quando Arnaldo Antunes, que já havia saído do grupo, aparece no palco e a plateia vai a loucura. Vou deixar o link aqui caso queira ver o show completo. Vale muito a pena.

Bom, como dito, aqui são só discos por onde começar. A carreira do grupo é gigante, vale a pena explorar um pouco mais. Caso você resolva aparecer no show aqui em Belo Horizonte, pode ser que a gente se encontre por lá. Eu já garanti meu ingresso e não vejo a hora do dia chegar.

Mais notícias no Minuto Indie. Curta nossa página no Facebook. Siga nosso Instagram. Saiba mais em nosso Twitter. E fique ligado no nosso canal no YouTube.

Autor