Melhores álbuns brasileiros de 2020

Confira a lista de melhores álbuns brasileiros de 2020, segundo a equipe MI (YT)

A equipe Minuto Indie do YouTube foi chamada para responder a seguinte questão: e aí, quais são os melhores álbuns brasileiros de 2020? Confira nossa lista completa!

“Pessoas Estranhas”, Pessoas Estranhas

O duo Pessoas Estranhas lançou o seu primeiro álbum em 2020, autointitulado e com oito faixas carregadas de diversas referências e sonoridades que na verdade se reúnem no estilo bem próprio de Guilherme Silva e Stephan Feitsma. Lançado pela Cavaca Records em outubro, o disco é, acima de tudo, uma experiência, no sentido mais transcendental da palavra. Variando entre assuntos bem pacatos como uma ode a um cachorro até temas mais complexos que são trabalhos de forma divertida, o álbum “Pessoas Estranhas” une o comum ao exótico, eleva a música ao seu teor mais puro de irreverência e se consolida como um dos melhores discos de 2020.

“Briga de família” / “Lixas Vários Tipos”, Vovô bebê 

O disco do projeto Vovô Bebê, do cantor, compositor e produtor Pedro Dias Carneiro, foi lançado em fevereiro e traz Ana Frango Elétrico e uma gama de artistas nos instrumentais num mix não muito específico de psicodelia, jazz e ritmos brasileiros, fazendo de “Briga de Família” um álbum totalmente diverso e versátil. Com uma vibe sempre experimental, ele chega aos ouvidos de forma curiosa. A gente vai descobrindo novas melodias e temas que soam como uma surpresa a cada faixa e logo vamos nos adaptando ao caminho divertido e tumultuado que o disco segue. Seguindo na mesma linha com alguns toques mais pessoais, Vovô Bebê ainda lançou mais um álbum em dezembro, o “Lixas Vários Tipos”, que é outra amostra inédita do universo alternativo de Pedro, trazendo à tona essa bagunça organizada em forma de música que te leva a todo tipo de cenário com uma linda trilha sonora. A qualidade desses dois discos os destacam na lista de melhores do ano com muita categoria, criatividade e qualidade.

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Melhores álbuns brasileiros de 2020: “Mundo Novo”, Mahmundi

Lançado em maio, o disco “Mundo Novo” de Mahmundi traz uma narrativa fresca na sonoridade e nos temas. Ela produziu o disco e trouxe outros músicos para os instrumentais, fazendo com que o álbum soe mais coletivo e aberto mesmo com o tom mais pessoal em que Mahmundi apresenta a visão do que seria o seu mundo novo repleto de perspectivas e leves críticas a vícios e problemas da sociedade na contemporaneidade. Ela fala de felicidade, mas também de uma certa melancolia que encontramos em alguns dias mais inquietantes. “Mundo Novo” trouxe mais suavidade para um ano como 2020 em que o mundo realmente se tornou algo bem além do que estávamos acostumados, e assim se consagra como um dos melhores trabalhos nacionais.

“Assim tocam os meus tambores” , Marcelo D2 

A solidão do mundo dentro de mim, ou o peso do mundo dentro dele. É assim que o disco “Assim tocam os meus tambores”, de Marcelo D2, soa para os ouvintes.  O músico de longa trajetória sentiu demais todos os acontecimentos que vem norteando a sociedade brasileira aparentemente para um caos sem fim, sem escapatória.  A saúde mental e física fica abalada, e é nesse momento que a música se torna peça chave para encontrar um atalho nesses momentos tão críticos. Nesse álbum, Marcelo D2 convida vários artistas nacionais, tornando-o um dos mais diversos em termos de construção sonora, arranjos, versos e diferentes estilos de rimar e cantar. Artistas como BK, Djonga, Baco Exu do Blues, Rodrigo Ogi, Juçara Marçal, Russo Passapusso, Criolo e muitos outros trazem a energia coletiva ao disco de forma preponderante. “Assim tocam os meus tambores” é uma ode à cultura brasileira, escancara feridas em forma de denúncia e aquece com posicionamentos de confronto contra o ódio e toda a discórdia que foi instalada politicamente. É como quem diz, por meio de diversas vozes, que nunca vai sair dali e vai continuar lutando contra isso até o fim, o que traduzido em música se torna um dos melhores discos do ano.

“Inteiro Metade”, Tagua Tagua

O disco de estreia do projeto Tagua Tagua do músico Felipe Puperi foi lançado em outubro e traz um mix de sentimentos em uma trajetória musical e pessoal que cresce ao longo das músicas. “Inteiro Metade” é conciso do início ao fim, passa por diversos processos internos de busca por identidade e um ponto de equilíbrio entre transformação e mudanças. As letras descrevem sensações típicas de uma jornada como essa: euforia, saudade, alegria, tristeza, todos esses sentimentos acompanham e são acompanhados pelo instrumental marcado por guitarra, sintetizadores e batidas ora mais eletrônicas ora mais orgânicas, sendo mais calmas ou mais fortes de acordo com cada música e seu significado. “Inteiro Metade” é delicioso de ouvir e é um daqueles discos que compensa ouvir por completo, sendo um dos melhores álbuns nacionais de 2020.

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Melhores álbuns brasileiros de 2020: “O Líder em Movimento” , BK

O terceiro álbum de BK foi lançado em setembro e já chegou aclamado tanto pela crítica como pelo público. Mostrando a constante evolução em seu trabalho, BK tem um dos melhores discos, senão o melhor disco do ano. A sua principal característica é a forma como ele escreve, sempre potente e além do que se vê normalmente no rap, e nesse disco ele acertou mais uma vez marcando o que o público de rap chama de “canetada”, uma expressão para a capacidade e criatividade de criar letras sempre autênticas e incríveis. Além disso, as beats assinadas pelo produtor e compositor JXNV$, seu parceiro musical de longa data, acompanharam cada linha de BK com sonoridades que caminham por diversas vertentes do rap, ora mais clássico, ora mais contemporâneo, o que junto a samples maravilhosos fizeram com que “O Líder em Movimento” se tornasse um álbum liricamente e sonoramente marcante. Dinâmico, complexo, bem estruturado e produzido, trabalhando bastante a dualidade de diversos assuntos e os conflitos existentes neles, “O Líder em Movimento” com certeza é um dos melhores discos nacionais de 2020.

“BRIME!” – Febem, Fleezus & CESRV

Para um EP entrar na lista de melhores discos nacionais do ano, você já sabe que é porque não tem como deixar de citar de tão bom que é. Lançado em março pela parceria entre Febem, Fleezus e CESRV, o EP “BRIME!” elevou o rap nacional a uma nova ótica. Para começar, o EP já traz no nome a sua inspiração no grime, gênero londrino que une dancehall e hip hop com batidas mais rápidas com ritmo livre, sem seguir melodias óbvias. Mas se engana quem acha que o grime é apenas inspiração. No “Brime!”, que pode ser dito como um grime brasileiro,  artistas se valem do grime para criar sua própria sonoridade e estética, o que acaba se tornando um dancehall modelado em cima no pancadão brasileiro, tanto o do rap quanto o do funk e de outros ritmos nacionais. Para o rap e a música como um todo, esse EP é um portal para o futuro do que o hip hop pode proporcionar no Brasil. Muito diferente do que ouvimos na cena, “Brime!” marca uma nova tendência com muita originalidade e referências que levam São Paulo para Londres e não o contrário. São apenas seis músicas em vinte minutos, e nesse tempo tudo acontece, mostrando que o estilo mais rápido pode ser muito conciso e complexo, e isso aparece de forma muito viva nos temas trabalhados, que vão desde a cultura urbana ligada a costumes do dia a dia e assuntos como futebol e moda, até questões mais complexas que envolvem sociedade, política e resistência. Inovador, fascinante e criador de tendências, “Brime!”
é um dos trabalhos mais surpreendentes de 2020.

“Bom Mesmo é Estar Debaixo D’água”, Luedji Luna

É sempre um pouco difícil falar de uma obra de Luedji Luna. Ela é uma dessas artistas que te faz sentir do início ao fim, sendo possível quase entrar em uma sinergia que permite sentir o movimento ou a voz dela bem próximas, tocando perto e de dentro pra fora. No álbum “Bom Mesmo é Estar Debaixo D’água”, lançado em outubro, Luedji traz essa sensação novamente, com uma leveza e uma forma de falar sobre amor simplesmente incomparável. O disco traz sonoridades que traduzem o encontro entre a música africana, mais especificamente do Quênia, país onde ele foi gravado, com o jazz contemporâneo, entre outros ritmos que junto à potente voz de Luedji Luna resulta em um trabalho extremamente profundo com um tom clássico. É incrível a forma como esse álbum é forte e ao mesmo tempo leve ao ouvido, e vai sempre além disso quando escutamos, nos fazendo relaxar e também pensar cada vez mais, sendo sem dúvida um dos melhores discos de 2020.

Melhores álbuns brasileiros de 2020: “Corpo sem Juízo”, Jup do Bairro

Outro EP que não podia deixar de entrar para essa lista é o “Corpo sem Juízo”, lançado em junho pela cantora, apresentadora, atriz e performer Jup do Bairro. Produzido por Badsista, artista bastante conhecida na cena nacional e internacional eletrônica, o EP traz um mergulho ao corpo, à vida e mente criativa de Jup do Bairro. Ela canta sobre si mesma, suas ideias e seus pedidos sobre mais liberdade, seja a de amar, seja a de criar, tendo um discurso forte e muito importante sobre liberdade sexual e os sentimentos que estão atrelados a isso. Em “Corpo sem Juízo”, Jup do bairro passa por estágios de nascimento, vida e morte, ressignificando momentos e trazendo a vivência de rua, corpo e performance para um trabalho extremamente consistente que atrai o ouvinte, sendo uma expressão artística das mais impactantes em todos os seus sentidos. Enquanto parece que ela nos convida para conhecer seus pensamentos mais profundos e seu olhar sobre o mundo, parece que é ela que mergulha nos ouvintes, nos fazendo pensar com mais vitalidade sobre os assuntos tratados e os significados que ela traz ao disco, sendo um dos melhores lançamentos brasileiros de 2020.

Melhores álbuns brasileiros de 2020: “111 (Deluxe)”, Pabllo Vittar

Pabllo Vittar já se consolidou há muito tempo como um dos maiores artistas do Brasil, mas ainda é impressionante a sua capacidade de renovação e criatividade para se manter nessa posição, e o álbum “111”, lançado em março, prova isso mais uma vez. Com parcerias incríveis como Ivete Sangalo, Psirico e até Charli XCX, o álbum conta com músicas em português, espanhol e inglês e diversos ritmos dançantes e ao mesmo tempo bem brasileiros. Ao mesmo tempo em que se inspira em referências internacionais e busca se projetar ainda mais para além do Brasil, Pabllo não abandona a base brasileira em todas suas músicas, fazendo disso um dos seus trunfos para continuar em destaque na música nacional. Por si só, “111”, já é um disco muito diverso e completo, mas a sua versão Deluxe merece menção honrosa. Lançada em novembro, traz mais duas músicas novas e remix das nove faixas originais do disco, impressionando bastante principalmente porque todas as novas versões ficaram ótimas, e a cultura remix não costuma agradar tanto todo tipo de público. Um dos destaques é a faixa “Clima Quente”, que na versão Deluxe ganhou remix com Weber e Biu do Piseiro, unindo pop, funk e pisadinha, que vem se tornando o maior fenômeno popular dos últimos tempos. Por toda a inovação e ousadia em se arriscar e expandir cada vez mais, “111 (Deluxe)” é um dos melhores álbuns do ano.

“Universo do Canto Falado”, Rapadura

O rapper cearense Rapadura lançou seu disco de estreia, “Universo do Canto Falado”, em maio de 2020. O disco traz a mistura de diferentes gêneros, unindo rap, reggae, um pouco de psicodelia sempre guiados por sonoridades nordestinas, como o baião. E é desse ponto que ele se guia por todo o disco, trabalhando a perspectiva nordestina tanto sonoramente quanto nas letras e temas trabalhados. É um trabalho um pouco nostálgico, porque lembra outros artistas ou bandas que já trouxeram o rap mais como um elemento do que como foco, mas a autenticidade e a inovação trazidas por Rapadura fazem desse disco um dos melhores da cena nacional em 2020.

Melhores álbuns brasileiros de 2020: “Desejo de Lacrar”, Negro Leo

Quinto disco do músico Negro Leo, “Desejo de Lacrar” foi lançado em julho e trouxe muita lacração! Mas além dessa brincadeira óbvia, o álbum vai bem além disso. Além de trazer a reflexão sobre essas novas posturas argumentativas que os usuários de redes sociais assumem em discussões ou debates muitas vezes políticos e sociais, ele traz um instrumental afiado e sonoridades refinadas com um toque contemporâneo que ora soa mais rápido ora desacelera, brincando com as melodias ao mesmo tempo em que finge apenas estar brincando de lacrar, mas na realidade traz à tona importante reflexões em forma de música, sendo um dos melhores discos do ano.

“Nada a Fazer”, Cardamomo

Discos instrumentais parecem sempre ter um desafio a mais para transmitir sensações, afinal de contas muitas pessoas estão acostumadas a se conectarem mais com as letras. Mas quem gosta de música sempre curte aquele instrumental potente que te faz sentir diversas emoções e é isso que o álbum “Nada a Fazer”, estreia do trio Cardamomo oferece com muita qualidade. O disco nos faz mergulhar em uma trajetória quase melancólica, entre resignação, cansaço, um toque de triste euforia e algumas passagens narradas que nos fazem refletir, sendo um dos melhores discos de 2020.

Melhores álbuns brasileiros de 2020: “Nó Sem Ponto II”, Taco de Golfe

E nessa mesma linha do instrumental, outro trio que arrasa no gênero é o “Taco de Golfe”, que lançou seu segundo disco, “Nó Sem Ponto II”, em abril.  O álbum caminha do progressivo ao jazz em um circuito de sinergia e euforia, uma trajetória de encontro com o outro por  meio da música e da abstração que só dá para entender ouvindo. Recheado de novas sonoridades e com uma produção refinada, é um dos discos que destacam na cena nacional neste ano.

Melhores álbuns brasileiros de 2020: “Ideologia Chinesa”, Pessoas Que Eu Conheço

Para completar a vibe de lançamentos instrumentais que se destacaram em 2020, o projeto Pessoas Que Eu Conheço, do músico Lucas Paiva, lançou o disco “Ideologia Chinesa” em maio e chegou com um turbilhão de construções sonoras guiadas pela música eletrônica. Um dos trabalhos mais consistentes na cena do dance/deep house nacional, o álbum é martelada ao longo de todas as faixas, soando ora mais contemporâneo, ora mais nostálgico, e traz os entrelaces entre essas sensações que fazem muito sentido mesmo fora das pistas, em um contexto de pandemia e isolamento social no qual essas músicas não estão sendo tocadas nas casas de show. Inovador e triunfante na proposta musical, é um dos melhores discos de 2020.

“Rastilho”, Kiko Dinucci

O segundo disco solo de Kiko Dinucci, “Rastilho”, foi lançado em janeiro deste ano e traz novas faces do artista que ainda não tínhamos contemplado. Acompanhado apenas de um violão, o que já é uma característica marcante pois Dinucci sempre trabalhou bastante com a guitarra, ele traz um mix de referências e bastante personalidade com esse trabalho. As músicas caminham entre uma vibe mais sertaneja, no sentido local da palavra, a um indie-folk bem brasileiro inspirado em sonoridades e temas da matriz afro-brasileira. É um álbum que traz a urgência de um Brasil tomado pelo esquecimento de suas principais referências e dialoga com o ouvinte de forma contínua entre letras intensas e sonoridades mais pesadas, graves, que atingem o público com muito impacto, sendo um dos melhores lançamentos nacionais de 2020.

“Teto”, Os Amanticidas

Com um clima suave e desacelerado, o segundo disco do grupo Os Amanticidas, foi lançado em janeiro deste ano. “Teto” faz muito jus ao seu título, trabalhando temas de uma perspectiva bem mais pessoal, a solidão do lar e as reflexões de dentro pra fora. Guiado pela pós-vanguarda paulistana, o grupo traz mais calma tanto para os vocais quanto para os instrumentais, sendo um ótimo disco para relaxar e contemplar o cotidiano com mais leveza, um disco indispensável a um ano como 2020.

Melhores álbuns brasileiros de 2020: “Mente”, Thiago Nassif

O cantor e multi-instrumentista Thiago Nassif lançou o poderoso disco “Mente” em julho de 2020, com produção do grande Arto Lindsay, colaborações incríveis e uma ousadia sem fim. Entre o rock, a eletrônica e a MPB com o uso moderado de sintetizadores e até de elementos de outros ritmos como funk e samba, o artista mergulha em uma trajetória da pós-verdade, faz um malabarismo na nossa mente e brinca com a dualidade e os desafios cotidianos de uma sociedade em constante tensão. É como se fosse uma bagunça organizada de ideias e movimentos que vão sendo moldados por diversos timbres e instrumentais que mudam ao longo de uma mesma faixa, sendo um despertar eufórico e um dos melhores discos nacionais de 2020.

“Night Dreamer Direct-to-Disc”, Seu Jorge e Rogê

Amigos de longa data, Seu Jorge e Rogê se juntaram no disco ao vivo “Night Dreamer Direct-to-Disc” celebrando o Brasil e a bossa nova. As músicas foram gravadas em um
só take e teve a produção dos dois artistas, bem mais simples e com um clima intimista que aproxima bastante o ouvinte do trabalho. Com violão, percussão e a voz inconfundível dos dois, o disco tem uma atmosfera convidativa e se consolida como um dos melhores do ano.

Melhores álbuns brasileiros de 2020: “Gratitrevas”, ÀIYÉ

O projeto de Larissa Conforto, ÀIYÉ, sempre irreverente, lançou o EP “Gratitrevas” em março trazendo muita sinergia e imersão em temas e sonoridades únicas. A versatilidade e a forma única como a artista une um pop melancólico a percussões interessantes e eletrônica levam a sensação de recomeço e renovação ao auge. Isso nos faz sentir que estamos caminhando nessa jornada com ela, respirando novos ares, bebendo de novas experiências e trazendo um novo olhar para a música em 2020, sendo um dos melhores lançamentos do ano.

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