Sutil Modelo Novo, banda carioca, lançou primeiro álbum de estúdio “a teoria de q td vai dar certo no final” na última sexta-feira, 13 de dezembro
Nas atividades da cena independente do Rio de Janeiro, a banda Sutil Modelo Novo uniu influências do post-punk, emo e shoegaze para falar sobre sonhos, medos e mudanças no seu disco de estreia “a teoria de q td vai dar certo no final”.
Formado em 2022, o quarteto é composto por Guilherme Vieira (baixo, guitarra e voz), João Terra (bateria e voz), Pedro Nigro (guitarra, voz e baixo) e Theo Necyk (trompete, teclas, baixo, guitarra e voz), que agora colocam no mundo um trabalho ao mesmo tempo lúcido e irreverente.
Até então, o grupo tinha 4 singles e uma sessão ao vivo, no entanto, a surpresa do álbum se encontra na incoerência bastante coesa que é se propor a retratar a juventude por meio da música, e na plantação da semente do toque sutil presente em cada faixa. Acompanhada de produção, mixagem e masterização refinadas de Leandro Bessa, a banda conseguiu dar forma ao sonho de gravar e lançar um disco sendo 100% independente.
O ato atrevido de iniciar o álbum com uma faixa de 6 minutos bastante irregular esclarece, de certa forma, que o pilar principal ao qual a banda serve é o de tocar por puro prazer e diversão. Das vivências e anseios juvenis, nasce 23, uma faixa que parece várias em uma, indo de vocais doces e riffs dinâmicos a inventividades e brincadeiras sem muita configuração, mas que ainda assim são agradáveis aos ouvidos e servem como ótima porta de entrada para o universo sonoro construído no disco.
Sutil Modelo Novo, faixa que carrega o nome da banda e que marca o começo de tudo, quase ficou de fora, segundo revelações via Instagram. Para resolver o dilema, refizeram a gravação com alguns ajustes, agora se assemelhando muito mais ao que a banda parece querer construir como identidade sonora. É evidentemente uma faixa incipiente, mas tem um amadurecimento que reside nas mexidas de arranjos e no impacto dos vocais, aparecendo desta vez de forma mais crua, sem tirar o pé dos elementos tradicionais do mais típico rock.
sozinho(s), destaque dentre os singles e até no próprio álbum, bebe das fontes mais convencionais do emo. Faixa crescente, iniciada com vocais crus, uma guitarra graciosa, e toques especialíssimos do trompete na construção de uma atmosfera sentimental. A entrada da bateria, acompanhada de um coro, marca a transição para o momento mais intenso da música: um grito sincero, desesperado, finalizado com um screamo vindo do fundo da alma. Para encerrar, a canção decresce de volta ao clima inicial, num tom sonhador, ou então no fim de um sonho, depois de um grande expurgo. Irretocável.
quinta cinza é de fato a trilha sonora perfeita para dias que, mesmo nublados, ainda provocam inquietudes. A letra é de Yuri Costa, grande parceiro-amigo da banda, e essa conexão fica clara no casamento impecável da letra com instrumentos e melodia. Os riffs repetitivos e versos cantarolados são pegajosos na mesma medida em que são aconchegantes, e encaminham a faixa por um caminho sinuoso de barulhos e gritos, então decrescentes para dedilhado e voz suaves. É uma canção avassaladora nos detalhes.
A faixa-título a teoria de q td vai dar certo no final propaga um lampejo de calmaria entre a agitação da faixa anterior e da seguinte. É uma pausa relaxante, curta e onírica, com elementos que remetem às ondas do mar. Dessa transição, vem <animal crossing/>, que traz uma letra serena e nostálgica, guiada pela guitarra aguda e pelos vocais ecoados, até ser elevada a um ambiente impenetrável, em que as vozes e os instrumentos se mesclam numa massa densa e voraz.
flores tem uma ambientação oitentista, onde as grandes referências que compõem o universo da banda, como The Cure, The Smiths e Slowdive, despontam de forma mais explícita. Aqui, tudo fica um pouco vaporizado, distorcido e soturno, sem desperdiçar o uso dos pedais, com os elementos se repetindo até desaguar num fade-out para um interlúdio. fim do mundo é a faixa mais curta do disco, com um começo doce mas que desemboca num som estourado. Essa combinação pode ser lida como um prenúncio do fim que se aproxima, especialmente como antecessora de uma canção que mergulha em temas mais sensíveis.
memento é velha conhecida de quem já teve a oportunidade de ver a Sutil Modelo Novo ao vivo, sendo inclusive um de seus grandes destaques. Na gravação, uma abertura com piano delicadíssimo e entrada de um vocal sensível e etéreo mas que, conforme o crescimento, tem seu caminho desvirtuado. Com uma forte carga emocional e uma letra arrebatadora no retrato do luto, a faixa atinge um pico com um trompete enérgico, uma bateria pulsante e vocais viscerais.
No geral, em “a teoria de q td vai dar certo no final”, a Sutil Modelo Novo não só opera a evocação das referências com maestria, mas caminha na direção de um som de cara própria. Ao contar com a sorte de fisgar os ouvidos atentos por aí, a conquista do seu lugar na cena seria um cenário não só possível, mas bastante merecido.
OUÇA “a teoria de q td vai dar certo no final” AQUI:
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