AVISO DE GATILHO: Este post contém informações detalhadas de violência doméstica, incluindo descrições de abusos físicos, mentais e sexuais. Prossiga com cautela.
Tweet viraliza e traz atenção ao caso de Evan Rachel Wood, ex de Marilyn Manson, que depôs sobre violência doméstica em 2019
Uma thread feita pela conta @fleshfondue viralizou em junho deste ano trazendo de volta à tona o depoimento de 2019 da atriz Evan Rachel Wood [Westworld], ex-namorada do cantor Marilyn Manson, no Comitê de Segurança Pública do Senado da Califórnia em apoio ao Ato Phoenix. O estatuto aumentaria a pena na Califórnia por crimes de violência doméstica de 3 para 10 anos em condições específicas. Além do caso de Wood, o fio traz também o vídeo do depoimento de Esmé Bianco [Game Of Thrones], também ex-namorada de Manson, que depôs no mesmo dia que Evan. Vários usuários da rede social começaram a ligar os depoimentos ao cantor.
Evan Rachel Wood describing the abuse she suffered when she was in a relationship with Marilyn Manson pic.twitter.com/wHSiGlH7TQ
— Kiera ⚡ (@fleshfondue) June 10, 2020
We like to imagine men like Marilyn Manson are just curating an image; that they're essentially decent human beings creating art that reaches into the dark places. We tell ourselves it's escapist entertainment.
Sometimes we find out these men are worse than the songs they sing. https://t.co/gIbFyTTdnC— John Pavlovitz (@johnpavlovitz) September 12, 2020
O depoimento de Evan Rachel Wood
No vídeo, Evan Rachel Wood relata acontecimentos de um relacionamento que começou quando a atriz tinha 18 anos, o qual era publicamente conhecido por ser com Marilyn Manson, ele tendo na época 36 anos. Com isso, usuários do Twitter começaram a ligar o depoimento ao relacionamento dos dois.
No vídeo, Wood descreve o relacionamento tóxico e abusivo, que inclui distanciamento da família e amigos, ameaças e ciúmes extremos. Estes sintomas rapidamente evoluíram para ameaças de morte e monitoramento de celular. A atriz ainda revela que o seu abusador a impediu de comer e dormir sob ameaça de armas mortais, além de gravar os atos. De acordo com a vítima, nas fitas é possível ouvi-lo ameaçar sua família e amigos e a vazar partes das fitas e fotos como forma de chantagem. Além disso, Wood descreve situação em que foi amarrada e torturada com aparelhos de choque vendidos como sex toys. Wood afirma que após o ocorrido a mesma sofreu abusos diariamente, incluindo estupro. Ela foi diagnosticada com Síndrome de Estocolmo e Estresse Pós-Traumático (PTSD) e continua a se consultar regularmente com o seu terapeuta. A atriz ainda revela que anos depois veio ao seu conhecimento a existência de outras vítimas. Evan Rachel Wood afirma que entregou as evidências do seu caso à Justiça, sendo eles fotos e vídeos, porém estas não foram analisadas devido ao esgotamento de recursos do caso.
Este depoimento não foi o primeiro de Wood. Em 2018, a atriz depôs no Congresso americano, relatando os terríveis estupros e agressões, muitas vezes quando estava inconsciente, que ela sofria há 10 anos naquele relacionamento. Evan descreve rituais doentios de tortura amarrada pelos pés e pelas mãos para “provar o seu amor”.
O depoimento de Esmé Bianco
No mesmo dia, a atriz Esmé Bianco deu o seu depoimento em apoio ao Ato Phoenix, em que descreve seu relacionamento abusivo. Ela afirma que o seu parceiro controlava suas amizades, sua alimentação e para se comunicar com a sua família ela tinha que se esconder no armário. Bianco revela que não podia dormir sem a permissão do abusador e que as violências físicas eram disfarçadas de fetiches durante relações íntimas, as quais não eram consensuais. Ela descreve uma situação em que foi mordida até estar coberta de hematomas e cortada com uma faca durante o sexo. Tal ato violento foi filmado e fotografado e divulgado online no instagram da atriz (imagens fortes, prossiga com cautela). Além disso, Esmé afirma que, em uma das ocasiões de abuso, o agressor se enfureceu e abriu buracos nas paredes com um machado e a perseguiu com uma arma.
Na thread, um dos comentários mostra um print de um comentário de Evan Rachel Wood na postagem de Esmé Bianco, o que corroborou para as teorias de que ambas foram agredidas pelo mesmo homem, no caso Manson, já que Wood o namorava aos 18 anos.
As declarações de Manson
O cantor Marylin Manson já declarou em diversas entrevistas que possuía fantasias violentas com Evan Rachel Wood. Em 2009, Manson disse em entrevista:
“Eu tenho fantasias todos os dias sobre quebrar o crânio dela com uma marreta”.
Ele até descreve um padrão horrível de abuso emocional, durante o Natal de 2008, em que ele descreve como um ponto baixo de seu relacionamento:
“Cada vez que liguei para ela naquele dia – liguei 158 vezes – peguei uma lâmina de barbear e cortei no meu rosto ou nas minhas mãos. ” Ele continuou: “Eu queria mostrar a ela a dor que ela me fez passar. Foi como, ‘Eu quero que você veja fisicamente o que você fez.’ ”
Apoio de artistas
Alguns artistas vieram a público em apoio de Evan Rachel Wood. Por exemplo, a cantora brasileira Violet Orlandi, famosa no YouTube pelos seus covers, retirou o seu apoio ao cantor Marilyn Manson. A artista afirmou que retiraria a monetização dos vídeos de seus covers das músicas de Manson e retiraria as faixas das plataformas de streaming. Além disso, Violet revela que conhece pessoas que trabalharam/conheceram Manson e disseram coisas muito ruins dele.
It’s time pic.twitter.com/RSfKJplwqb
— 𝖛𝖎𝖔𝖑𝖊𝖙 𝖔𝖗𝖑𝖆𝖓𝖉𝖎 (@VioletOrlandi) September 20, 2020
Acusações passadas
O cantor Brian Warner, conhecido pelo nome artístico Marilyn Manson, já havia sido acusado de assédio sexual em outros momentos de sua carreira. Em 2018, a atriz Charlyne Yi declarou que Manson havia feito comentários sexuais e racistas nos sets do seriado House, ao qual visitou por ser um grande fã da série, e assediou diversas mulheres no local. Na época, os fãs do cantor criticaram a atriz afirmando que a mesma só queria atenção e que este era um “comportamento normal” de Manson.
No mesmo ano, com o crescimento do movimento #MeeToo, Manson foi acusado de assédio sexual. De acordo com o The Hollywood Reporter, Manson respondeu à queixa prestada na polícia por “crimes sexuais não especificados” que teriam acontecido em 2011. Porém, a promotoria de Los Angeles decidiu não indiciar o músico por “falta de provas”. Além disso, Manson enfrentou acusações de agressão e assalto a mão armada, mas não foi indiciado porque o estatuto de limitações do estado expirou, de acordo com o TMZ.
Na época, Marilyn Manson criticou alguns aspectos do movimento #MeToo, no qual sua ex-noiva Rose McGowan estava ativamente inserida, alegando que “se você tem algo a dizer, fale para a polícia e não para a imprensa”. Além disso, o músico fez outras afirmações como:
“Não quero ver isso transformar Hollywood em algo que afaste os filmes que estão sendo feitos – isso não é desrespeitar as pessoas que fazem as acusações ”, acrescentou. “Eu só acho que não quero desviar a atenção do mundo inteiro do elemento artístico de Hollywood e filmes serem arruinados por isso.”
Anteriormente, em 2001, foi dada queixa na delegacia de Oakland County e Manson foi indiciado por atentado ao pudor (em inglês sexual misconduct), por conta de atitudes no palco durante um show no DTE Energy Theatre em Clarkston, subúrbio de Detroit. Durante a performance, Manson abordou um segurança de 25 anos por trás enquanto se masturbava no palco.
O roqueiro cuspiu no guarda, envolveu a cabeça e o pescoço do homem com as pernas e girou contra ele, disse o promotor David Gorcyca.
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