Marina Sena, logo ‘’de primeira’’, conquistou os brasileiros com seu jeito de fazer música um tanto quanto diferente. A culpa claramente é da sua voz super eclética, que dança através de uma rouquidão doce, sensual, embalando num timbre convidativo demais. De onde vem esse fenômeno?

Esse temporal é mineiro. Nascida em Taiobeiras, cidadezinha do norte de Minas Gerais, Marina Sena sempre esteve ao redor do mundo da música, porém, sem saber. Desde pequena cantava para tudo e todos, atraindo e prendendo todos os olhares para si quando cantava nas mais variadas apresentações típicas de dia das mães em escolas. Aos 17 anos passou pela primeira etapa seletiva do The Voice Brasil, indo diretamente à São Paulo para a segunda prova. Apesar de não ter sido aprovada, se sentia satisfeita por ter tido, pela primeira vez, esse contato real com um lado artístico, percebendo que, sim, ela poderia vir a se tornar uma cantora.

De pouco em pouco, a libriana passou a se enxergar como uma pessoa rica em talentos, desprendendo-se do achismo vicioso de que era uma jovem adolescente esquisita demais. Pra ir atrás do que sonhava, com 18 anos decidiu se mudar para Montes Claros, lugar esse que lhe proporcionou um pontapé crucial para sua carreira. Despretensiosamente, pegava seu violão e tocava nas praças da cidade, e para aqueles que a ouviam pela primeira vez, com certeza se questionaram de onde saíra aquela força da natureza indescritível.

Claro que não iria demorar tanto para as oportunidades germinarem. Ao receber um convite para participar da banda Baru Sonoro, grupo da cidade natal de Montes Claros, permaneceu como vocalista durante seis meses. Logo depois surgiu A Outra Banda da Lua, conjunto criado por Marina e os ex-integrantes de Baru, Mateus e Edson, entrando em seguida mais dois participantes. Com muito tropicalismo, lançaram o álbum homônimo em 2020 e o EP ‘’Catapoeira’’ esse ano. Rosa Neon também pavimentou o caminho do sucesso da mineira, nascendo no finalzinho do ano de 2018 e explodindo com os sucessos ‘’Ombrim’’ e ‘’Fala Lá Pra Ela’’. O grupo encerrou as atividades e anunciou o fim da banda lançando o single ‘’A Gente É Demais’’, em 2021.

Logo depois de finalizar seu trabalho na A Outra Banda da Lua em janeiro deste ano, Marina adentrou firme e forte em sua carreira solo, nos presenteando no mesmo mês com seu primeiro single ‘’Me Toca’’, nascendo meses depois ‘’Voltei Pra Mim’’, um dos hinos líricos mais chicletes do álbum — competindo ardentemente com ”Por Supuesto”. Produzido em 2020, no início da pandemia, contou com a produção musical de Iuri Rio Branco, que veio a se encontrar com a cantora apenas em junho do mesmo ano para gravar as músicas e fechar com chave de ouro os últimos ajustes. A maior parte das canções do disco foram escritas anos atrás, mas ainda assim, serviram como uma luva nas melodias contagiantes de Iuri.

 

O trabalho funcionava de maneira que Marina enviava ao produtor cada música com a melodia tirada de seu próprio violão, onde assustava até mesmo a compositora nos resultados finais entregues por Iuri. Ela realmente não imaginava o quão bom ficaria e o caminho que ela estava traçando naquele exato momento, talvez. ‘’De Primeira’’ viu a luz do dia oficialmente em 19 de agosto deste ano, contendo dez faixas riquíssimas de melodias tão saborosas quanto um jambo.

É ‘’Cabelo’’ oferecendo sua brisa tropical, que dá aquela vontade de meter um biquíni no corpo e tirar um bronze; é também ‘’Tamborim’’ com seu samba pirracento e sedutor; ou ‘’Santo’’ e ‘’Temporal’’ duelando seus contrastes febris de desejos de um amor platônico tangente à fé e espiritualidade.

Com uma brasilidade altamente exagerada de lamber os beiços, Marina traz muitas referências de artistas femininas como Doja Cat, Rosalía, Kali Uchis, Raveena, etc. Dá pra perceber no clipe de ‘’Voltei Pra Mim’’, né? A energia do amor próprio que une essas mulheres e reverbera mundo afora. E é exatamente isso que ela esbraveja nessa canção; o abandono daquilo que não sintoniza mais e a coragem de deixar para trás para ir em busca do seu próprio lar: a si mesma.

Acredito que dúvidas sobre seu próximo trabalho sejam dispensáveis. Marina Sena tem ainda muito o que oferecer para a indústria musical brasileira com toda essa sua brasa de autenticidade que queima quente. E anote! Ainda ouviremos muito o seu nome.

Ouça o álbum de estreia de Marina Sena, “De Primeira”:

 

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Autor

Escrito por

Ana Luiza Portella

Apenas uma estudante de jornalismo completamente viciada em descobrir os mais variados artistas musicais que existem por aí nesse mundo.