Não parece, mas meio século nos separam do histórico ano de 1967, marco para a música mundial pelo surgimento de diversos álbuns essenciais da música pop. Foi por isso que minha amiga Joyce Guillarducci, do Cansei do Mainstream, criou uma coluna para seu blog chamada 1967 em 50 discos e me convidou para participar escolhendo um disco. É claro que eu aceitei e sexta tem texto meu lá, mas nem adianta chorar que não vou dar spoiler. O que importa aqui é que aproveitei a deixa para pedir para a Joy listar 5 bandas contemporâneas que assimilaram tanto a cultura dessa década maravilhosa que bem que poderiam ter surgido nos anos 60. Então chega de papo furado, com vocês Joyce Guillarducci!
5 BANDAS CONTEMPORÂNEAS QUE PODERIAM TER SURGIDO NOS ANOS 60
por Joyce Guillarducci
O ano de 1967 foi um dos mais significativos para a música mundial. A ascensão hippie, the summer of love e a consagração da psicodelia foram pontos cruciais no curso da história da música pop, country, folk, soul, acid rock e do rock’n roll. E como eu amo os sixties, não poderia deixar de prestigiar seu meio século. Para isso, criei a coluna 1967 EM 50 DISCOS, onde semanalmente comentaremos álbuns desse ano tão icônico lá no Cansei do Mainstream. Mas e aí, com o fim dos anos 60 toda aquela atmosfera groovy foi-se também? Falou, valeu e é isso? Mas é claaaro que não! As ondas sessentistas continuam reverberando na música até hoje, com algumas bandas alcançando tais amplitudes que não seria nada surpreendente vê-las figurarem em line-ups dos Woodstocks, Montereys e Newports da vida. Compilei aqui algumas dicas de sons que estão acontecendo agora, mas que poderiam perfeitamente ter surgido nos anos 60.
Blve Hills
Conheci os canadenses da Blve Hills no comecinho da carreira deles, lá em 2014, e desde então agarrei e não larguei mais. De lá pra cá foram dois álbuns, com um terceiro já a caminho, que promete mais do surfadelic rock recheado de riffs e reverbs que poderiam muito bem ter saído das guitarras dos Beach Boys.
wwoman
É um projeto solo do americano Gregory Smee, e (quase) tudo que ele já criou me faz pensar em Beatles. O engraçado é que existe um gap gigante de estilo entre seus dois álbuns – até o nome da banda mudou. Sabe aquelas duas coletâneas dos Beatles conhecidas como álbum “vermelho” (1962-66) e “azul” (1967-70)? Pois é, sinto como se cada uma delas tivesse influenciado um de seus discos: o primeiro seguindo uma linha rock-pop, o segundo mais lisérgico e experimental. Na dúvida sobre qual a melhor fase, deixo um som de cada.
Murilo Sá e Grande Elenco
Conheci o som do cantor, compositor e multi-instrumentista baiano e de seu grande elenco de músicos logo após o lançamento do álbum de estréia da banda, no final de 2014, e de cara me rendi à evidente influência de rock sessentista presente ali. Assim como no caso da wwoman (acima), o segundo álbum de Murilo, lançado no ano passado, traz uma maior experimentação de estilos, mas ainda dá pra sentir pitadas de timbres que cairiam bem para Os Mutantes ou Bob Dylan, por exemplo.
Sundowners
O psych-folk desse quinteto de Liverpool é a minha mais recente descoberta e atual paixonite. O que eu mais curti da Sundowners é que não é aquela psicodelia fritação alucinada (não que eu não goste também, rs), mas o som da banda preza bastante as harmonias vocais e elementos da música folk, remetendo à uma mistura de Fletwood Mac, Fairport Convention e The Incredible String Band.
Vou deixar também um videoclipe porque eles são muito cool:
Hidden Charms
Foi tudo muito surreal na ocasião em que conheci os londrinos da Hidden Charms em 2015, numa noite regada à uísque com suco de laranja nos bastidores (sim, descobri que esse é o drink dos rockstars ingleses desde os 60’s, bebês) e gravação de vídeo com a banda no banheiro. Vê-los no palco com todo aquele estilo flamboyant de ser, executando um rock’n roll que bebe em fontes do blues foi como testemunhar o nascimento de uns novos Rolling Stones. E quem sabe, eles serão.