Entrevista com The Used no I Wanna Be Tour Rio de Janeiro

Conversamos com a banda The Used nos bastidores do I Wanna Be Tour no Rio de Janeiro

É raro um momento em que o artista consegue olhar no seu olho e falar “somos a melhor banda do mundo” sem você achar patético. Ou ainda uma situação na qual não soa ridículo uma banda pedir aos fãs para, no lugar dos aplausos, vaiarem ao fim das músicas no show. E que invés de corações, balões ou outras surpresas de fã, o artista é recepcionado por um mar de dedos do meio. Mas essa é a magia do The Used.

A banda estadunidense vive há 24 anos fora da curva. Estamos falando de um dos poucos grupos emos dos anos 2000 que segue sem parar até hoje – sobrevivendo ao tempo, aos altos e baixos do gênero, à saída dos integrantes e tantas franjas cortadas.

Atualmente formada por Bert McCracken, Dan Whitesides, Jeph Howard e Joey Bradford, a banda desembarcou pela terceira vez no Brasil para a primeira edição do I Wanna Be Tour, festival de ode ao emo produzido pela 30e.

Entrevista com The Used no I Wanna Be Tour Rio de Janeiro
Fotos: João Pedro Cabral / Minuto Indie

Embaixo do sol de 40ºC do Rio de Janeiro, os fãs recepcionaram o The Used como uma disposição invejável – mesmo entre vaias e xingamentos solicitados. De brinde, ganharam uma setlist repleta dos hits que formaram a nossa geração.

Tudo bem que rolou um breve cover de “Smell Like Teen Spirit” no final do show, mas a sequência com um clássico da disco music na saída da banda do palco não deixou o show cair no caricato.

Já na sombra, nos bastidores, encontramos quatro integrantes dispostos a rir e que não pararam de se esforçar em pronunciar certo o nome do Minuto Indie. Simpatia em forma de banda emo.

Uma banda que não se leva muito a sério talvez não agrade a todo mundo. Mas a The Used se garantem com os fãs que escolheram seguir aqui ou chegar em algum momento durante esses 24 anos.

Fã durante show do The Used no I Wanna Be Tour Rio de Janeiro
Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie

Assista ao vídeo da nossa conversa e confira a seguir a versão na íntegra, que vai do tempo infernal carioca ao fato de que o The Used é a maior e melhor banda do mundo, em suas próprias palavras.

Minuto Indie: Vocês estiveram no Cristo Redentor ontem juntos de várias outras bandas. Como foi receber aquela bênção pros emos?

Bert: Estava com neblina. Não conseguimos ver merda nenhuma.

Joey: Não conseguimos ver nada mesmo.

Bert: Sim, mas foi bem legal estar lá em cima. Estátua incrível. Bem assustador, meio aterrorizante. Aquele Jesus sinistro me assusta pra caramba.

Minuto Indie: O Lucas do Fresno falou pra gente que o Cristo deveria estar com uma franja.

Bert: Po, uma franja emo. Seria ótimo.

Minuto Indie: A última vez que vocês vieram ao Brasil foi há uns 12 anos…

Bert: Sim, algo assim. Faz muito tempo.

Minuto Indie: E agora vocês estão de volta e em turnê com um monte de outras bandas, amanhã será sua última noite nesta turnê… Como tem sido?

Bert: Tem sido insano. As plateias são incríveis, o convívio com a galera [nos bastidores] tem sido incrível. Tem sido tudo incrível porque não somos apenas a melhor banda do mundo, somos também a maior banda do mundo.

Minuto Indie: Justo. [risos] Nos últimos anos, vocês lançaram um monte de álbuns e os fãs daqui devem querer ouvir muitas músicas novas. Como foi montar um setlist que funcione no festival, mas também fale com seus fãs antigos e novos?

Bert: É difícil. Temos tantas músicas que é difícil escolher, mas adoramos tocar as músicas antigas que todo mundo adora. Nunca fugimos de tocar as músicas antigas, então…

Entrevista com The Used no I Wanna Be Tour Rio de Janeiro
Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie

Minuto Indie: Vocês também estão em turnê com artistas brasileiros, como Pitty, NX Zero e Fresno. Como tem sido ver a cena brasileira mais de perto desta vez?

Bert: Sim, incrível. Todos são muito legais. Os caras do NX Zero são legais. Os caras do Fresno são incríveis. Amamos o Lucas, ele é um cara fantástico. Tem sido muito maneiro conhecer as bandas brasileiras.

Minuto Indie: Todo mundo diz que a I Wanna Be Tour tá sendo como o Warped Tour do Brasil…

Bert: O sovaco do Brasil? (Brazil’s armpit?)

Minuto Indie: Warped Tour.

Bert: Sim, é como o Warped Tour brasileiro. Está quente demais. A comida é uma merda. [risos] Os fãs são incríveis. E estamos muito sedentos. Sedentos por rock…

Joey: E água.

Minuto Indie: Aliás, vocês estão ok com esse calor?

Bert: Está tudo bem, já passamos por pior…

Minuto Indie: Como vocês definiriam emo?

Bert: Emo para nós significa apenas música emocional e a música que fazemos colocamos todo o nosso coração, então… É fácil: emocional.

Minuto Indie: Este ano marca 20 anos desde que vocês lançaram In Love and Death. Como vocês olham para esse disco e para sua carreira até aqui?

Bert: Sim, estamos tão felizes que ainda somos uma banda. Tão animados por estarmos aqui há 24 anos e ainda termos todos esses fãs vindo nos ver. É uma honra. É realmente uma honra estar na melhor banda do mundo.

Minuto Indie: A maior banda do mundo.

Jeph: Os dois [risos]

Joey: A maior banda e a melhor banda do mundo [risos]

Entrevista com The Used no I Wanna Be Tour Rio de Janeiro
Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie

Minuto Indie: Se vocês tivessem que escolher um álbum para converter um indie pro emo, qual seria?

Bert: Obviamente, o álbum autointitulado do The Used é um dos melhores exemplos de emo que existe. Mudou a cena toda.

Minuto Indie: Da maior banda de todos os tempos.

Bert: E um dos maiores álbuns. Um dos 10 maiores álbuns de todos os tempos. Os outros 9 são In Love and Death, Lies for the Liars, Artwork, Vulnerable, Imaginary Enemy, The Canyon… Só tentando citar todos os nossos álbuns e não consigo lembrar… Heartwork e Toxic Positivity… Talvez só numa ordem diferente. É isso.

Que a benção do Cristo Redentor garanta muitos anos adiante pra The Used.

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Autor

Escrito por

Maria Luísa Rodrigues

mestranda em comunicação, midióloga de formação e jornalista de profissão. no Minuto Indie desde 2015 e em outros lugares nesse meio tempo.