Fresno na I Wanna Be Tour Rio de Janeiro 2024

Antecedendo o lançamento de “Eu Nunca Fui Embora – Parte 1”, conversamos com a Fresno nos bastidores da I Wanna Be Tour no Rio de Janeiro

Às 11 horas da manhã, embaixo de um sol de 40ºC e sensação térmica de terror absoluto no Rio de Janeiro, a Fresno era recebida com uma paixão (e balões) que resistiu até mesmo a condições climáticas absurdas durante a I Wanna Be Tour.

Além de ser uma das maiores bandas emo do país, quiçá a maior, a Fresno é uma das poucas que resistiu aos altos e baixos do gênero e permaneceu rodando, tocando, produzindo e acolhendo muita gente Brasil afora. 

É um fato: não há outra Fresno no Brasil. E às vésperas do lançamento de seu novo disco, Eu Nunca Fui Embora – Parte 1, isso fica ainda mais claro. 

Nos bastidores da I Wanna Be Tour no Rio de Janeiro, poucas horas após o show da banda, estivemos com Lucas Silveira, “Vavo” Mantovani e Thiago Guerra para conversar sobre a turnê e o passado e futuro do emo e da Fresno.

“[Quero que] quando essas pessoas olhem [para a Fresno] elas vejam algo novo, bonito, moderno, que ainda está produzindo. E não uma coisa envelhecida e caricata e só tipo, ‘como era bom antigamente’… Porque a gente está bem afim também do momento atual. Não tem antigamente no papo.”

E, bom, quantas outras bandas nacionais formadas no final dos anos 1990 ainda mantêm a relevância e seguem fidelizando novos fãs com essa constância? 

Fã na grade do Fresno na I Wanna Be Tour Rio de Janeiro
Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie

Se a Fresno nunca foi embora, é justamente pela liberdade de mudança, por não só acompanhar seu tempo, mas muitas vezes guiar ele. Uma banda emo que não vê no emo um limite, mas uma lente. “Até a gente mesmo extrapola muito, sai muito do emo e volta, entendeu? Claro que pra nós é muito uma casa, se for fazer uma música na hora, ela acaba saindo pra esse lado, é uma maneira de se enxergar ao mundo, né?”.

Foi difícil não se emocionar durante o show da Fresno na I Wanna Be Tour. A banda lotou o festival mesmo sendo escalada pro horário de abertura – e com inúmeras reclamações dos fãs sobre isso, claro. 

Era uma sensação de headliner invertido. Assistir ao show nos deu a certeza absoluta de que nenhuma das bandas gringas que tocaram durante o dia conseguiria atrair essa galera às 11 horas da manhã para o Riocentro (quase o fim do mundo, em tradução para o português). A Fresno parecia anfitriã da festa, passeando também pelos palcos de outros artistas e recebendo a galera no seu show.

Enquanto a I Wanna Be Tour foi vendida como nossa Warped Tour que nunca aconteceu, um momento de celebração do que foram as nossas adolescências nos anos 2000, a Fresno pareceu a banda que mais andou com o tempo. “Claro que tudo que é legado a gente bota no show. Mas assim, é muito louco, porque a gente conseguiu criar aqui [na I Wanna Be Tour] momentos muito foda com músicas que foram lançadas coisa de três meses atrás”, nos contou Lucas. 

Fãs na grade do Fresno na I Wanna Be Tour Rio de Janeiro
Foto: João Pedro Cabral / Minuto Indie

Mas, como falamos, a Fresno resistiu aos altos e baixos. Os altos são fáceis de apontar: o momento do emo e pop punk nos anos 2000, a fase semi-pop digno de Acesso MTV do Redenção e do Revanche, o viral daquela apresentação de Diga Pt. 2, as lives da pandemia ou essa fase de redescoberta do emo. Já os baixos podem ter passado despercebidos pelos olhares que já não estavam voltados para a banda durante um tempo.

Esse não é mais um problema. É quase impossível não olhar para a Fresno. 

Nas últimas semanas, antecipando o lançamento do disco “Eu Nunca Fui Embora – Parte 1”, a Fresno começou uma campanha de marketing como poucas por aqui. De ônibus personalizado à caminho do Lollapalooza até listening parties em mais de 30 cidades pelo mundo

O que não faltaram foram tweets dizendo que estávamos vendo a história sendo escrita. 

Mas a real é que acompanhar a banda sempre pareceu estar presente em momentos que serão lembrados. Num tom pessoal, lembro do meu primeiro encontro com a Fresno tão bem quanto lembro do último. Revisitar os discos da banda também é revisitar shows, dias, pessoas e situações específicas.

Fresno pode ter sido a trilha sonora de uma geração, mas é emocionante acompanhar a banda se tornando trilha também para outras – ou pros atrasados que estão embarcando agora nessa. A sorte é que ainda temos muito tempo. 

Como Lucas nos disse, passear pela discografia da Fresno é uma viagem. “Se tu pegar desde o começo, vai ser uma viagem, porque é uma história sendo contada”. “É uma viagem na vida, né, cara? A vida aí, ó, a vida vai passando e a gente vai caminhando nesse processo. E fazendo as musiquinhas.”, completou Guerra. 

Sorte a nossa poder seguir descobrindo e redescobrindo a Fresno. 

Confira mais da nossa entrevista com a banda no vídeo abaixo.

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Autor

Escrito por

Maria Luísa Rodrigues

mestranda em comunicação, midióloga de formação e jornalista de profissão. no Minuto Indie desde 2015 e em outros lugares nesse meio tempo.