Prestes a lançar seu quinto disco, a persona artística Dope Lemon encontra-se mais livre e leve do que nunca. Dope Lemon é o nome do projeto solo indie-psicodélico de Angus Stone, conhecido pelo seu duo australiano com Julia Stone. Até o momento, foram lançados 3 singles que antecipam a energia que está por vir, e o álbum Golden Wolf enfim chega ao mundo na sexta-feira. O Minuto Indie teve a oportunidade de conversar com Angus sobre a fase reflexiva atual em que se encontra, processos do disco e da turnê e, claro, possibilidades de passagem pelo Brasil! Leia a entrevista na íntegra:

 

Minuto Indie: Tenho lido muitas notícias em que a imprensa fala sobre o álbum Golden Wolf, e que ele, de certa forma, aponta para o futuro. Mas o que esse futuro significa para você?

Angus Stone: Acho que é uma boa pergunta. Sabe, a música em si fala sobre nossa mortalidade e quando chegamos ao fim, o que levaremos para o outro lado e se acreditamos que existe outro lado, o que deixaremos para trás, quem nos levará até lá, o que levaremos conosco… Acho que é fazer todas essas perguntas. E, para mim, o Golden Wolf é o tipo de espírito que me leva para a próxima vida. A música em si é muito divertida de criar e, em um sentido visual, ela me levou a esse outro lugar, o que é muito legal.

Minuto Indie: Uau, isso é muito profundo. Adorei. Ainda sobre o álbum, tenho uma certa curiosidade sobre faixas-título. Por que esse single, Golden Wolf, leva o nome do álbum? Ou por que o álbum leva o nome do single?

Angus: Acho que, pessoalmente, tudo se resume à música que você escreveu e que tem mais potência. E, para mim, foi como se você soubesse quando sabe, certo? Parecia que ela tinha peso. E acho que, quando você escolhe a música, está fazendo uma espécie de referência a tudo o que o álbum engloba em uma única música. É como dar um espectro e um escopo mais amplos ao ouvinte ao permitir que essa música seja a faixa-título do álbum.

Minuto Indie: E nesses três anos entre o último álbum, Rose of Pink Cadillac, e agora Golden Wolf, é claro que há coisas que mudam aos olhos e ouvidos do público. Mas o que você diria que mudou mais do seu ponto de vista como artista? Talvez a composição ou até mesmo a maneira como você se vê como artista?

Angus: Sim, acho que é um acúmulo de todos os anos e isso se torna uma espécie de trabalho de amor. E você está sempre refinando suas habilidades e evoluindo como ser humano. É legal, eu gosto de ver que todos esses registros diferentes que você faz se tornam esse tipo de livro maior da vida. E todos eles são os capítulos que você compartilha com o mundo sobre seus comentários sociais e sobre o que você está passando, sua poesia. Tudo isso é meio que refinado nesses capítulos, que acredito serem registros.

Minuto Indie: Certo. Então, você acha que esse é o pico de maturidade que você atingiu até agora como artista?

Angus: No momento, parece que é isso mesmo. Depois, no próximo ano, vou olhar para trás e pensar: “Ah, definitivamente ainda não chegou lá”. Mas acho que a beleza de se dedicar a algo a longo prazo é esse relacionamento que você está construindo. E ele se transforma em algo que se torna mais do que apenas uma música ou um álbum. É uma parte de você, sabe?

Minuto Indie: Sim, sim, claro. E você acha que há algum outro artista que vem do mesmo lugar que você, talvez da mesma cidade, que esteja alinhado às mesmas ideias futuristas? 

Angus: Há diferentes tipos de artistas, sabe, acho que a beleza de encontrar alguém que você ama, artisticamente, é o quanto essa pessoa se entrega, o quanto ela se presta ao que está compartilhando. E há algo a ser dito sobre isso. Mas, sabe, todo mundo é diferente. E o que é tão legal em toda essa forma de arte é que as pessoas podem escolher o que gostam em cada artista. Estamos vivendo em uma época incrível por podermos ter tanta diversidade e versatilidade no acesso a todas essas informações incríveis.

Minuto Indie: Sim. E você tem alguma referência específica que tenha te inspirado muito?

Angus: Para mim, a inspiração se tornou mais visual. Agora me inspiro mais em filmes. Eu costumava me inspirar mais sonoramente em artistas, mas agora, eu simplesmente adoro, sinto que a música para mim agora é cada canção, ela tem seu próprio enredo. Gosto de pensar que estou criando meus próprios pequenos filmes em cada música.

Minuto Indie: Como é trazer esses aspectos visuais para o palco quando vocês estão em turnê?

Angus: Nós realmente tentamos trazer o elemento visual para o palco. Temos um artista incrível com quem trabalhamos que anima e cria esses visuais lindos enquanto tocamos, o que é muito psicodélico e divertido. É uma grande alegria poder trabalhar com diferentes artistas da comunidade que também são fãs da música.

Minuto Indie: Deve ser muito prazeroso ver exatamente o que você imaginou através da mente de outra pessoa.

Angus: É muito legal. Acho que o legal desse projeto é que ele reúne todo mundo e cria uma comunidade de artistas onde todos podem se sentir envolvidos. E isso é realmente especial.

Minuto Indie: Muito legal. Então, há planos concretos de trazer essa futura turnê para o Brasil, talvez? A comunidade não é tão grande, mas esperamos que sim.

Angus: Sim, por favor, nos convide para ir até lá. Nós adoraríamos! Na próxima turnê, se você tiver alguma recomendação, por favor, mande-a para nós. Estamos morrendo de vontade de ir ao Brasil. Recebemos tantos comentários dizendo: venha para o Brasil, venha para o Brasil. Sim, envie-nos um convite e nós estaremos lá.

Minuto Indie: Você já tem o início da turnê planejado e quando ela vai começar, aproximadamente?

Angus: Faremos uma espécie de turnê durante o próximo ano e meio. Então, o que fazemos é sair por um mês. Fazemos uma turnê e depois voltamos, temos um mês de folga e faremos isso por um ano e meio. Então, espero que possamos ir ao Brasil e compartilhar um pouco de amor.

Minuto Indie: Nós vamos adorar isso. Estaremos esperando por vocês aqui. Obrigada pela conversa!

Autor

Escrito por

Rafaella Murad

pesquisadora de canção e aspirante à jornalista musical, mas sendo e fazendo mil coisas no caminho.