Cantor e compositor compartilhou curiosidades descontraídas como seu festival dos sonhos, piadas e até sua bio do tinder

Se estivéssemos vivendo conforme planejado, esta matéria provavelmente viria acompanhada de uma resenha do show do cantor, produtor musical e compositor estadunidense Lauv, que deveria ter acontecido em abril no Lollapalooza Brasil 2020. Porém, nos últimos meses, o mundo virou de ponta-cabeça. Se já não tínhamos normalidade pré-pandemia, é difícil tentar buscá-la neste momento. Todos nós fomos claramente afetados de alguma maneira e isso inclui o cantor, que nos concedeu esta entrevista via e-mail.

Ari Staprans Leff, que atende pelo nome artístico Lauv, foi obrigado a suspender sua turnê mundial (incluindo os planos de vir ao Brasil) e está em quarentena com amigos. Não podendo encontrar os fãs pessoalmente, ele tem passado seu tempo criando novas músicas e compartilhando tudo no Instagram, Twitter, Soundcloud e até no TikTok. Todo aquele papo de que os artistas devem aprender a se adaptar ao mundo digital não se aplica ao Lauv e à maior parte dessa galera da mesma leva de artistas dos últimos anos que criaram sua carreira por aqui. 

Aos 25 anos de idade, Lauv é inegavelmente um dos grandes nomes do pop mundial. Ele tem formação em tecnologia da música pela Universidade de Nova Iorque, mas sua paixão pela área precede a faculdade. Ele conta que já escrevia canções de amor antes mesmo de ter um relacionamento, porém suas composições atuais vão além do amor romântico. A saúde mental é um assunto recorrente de suas músicas e até as ultrapassam através de projetos pontuais e de sua fundação em que busca criar mais diálogo sobre a causa e fornecer ajuda para aqueles que precisam. De colaborações com Troye Sivan ao BTS e com hits como “I Like Me Better” e “fuck, i’m lonely”, Lauv é e sempre aparece ao lado de artistas pop que frequentemente são apontados como o futuro do gênero.

Apesar de possuir uma carreira de sucesso há anos, seu álbum de estreia, “~how i’m feeling~”, foi lançado em março deste ano. Trata-se de um projeto bem pessoal para o Lauv, uma vez que todas as músicas têm o seu nome nos créditos de composição e produção. Mas se você está vivendo seus vinte anos agora, com certeza tem uma música dentre as vinte e uma para conseguir se conectar e afogar suas mágoas. 

Nós conversamos sobre estar em quarentena, saúde mental, a nova fase da sua carreira, colaborações, boybands, tinder e mais. Confira abaixo a tradução do nosso papo com o cantor:

Minuto Indie: Seu novo vídeo vertical para “Modern Loneliness” saiu recentemente. No vídeo podemos ver você em casa, usando o Tinder e se divertindo com seus amigos — parece que você está passando a quarentena como boa parte das pessoas. Era para você estar em turnê (e vir ao Brasil) mas, infelizmente, isso não é possível no momento. Então, primeiramente, como você está? E como foi o processo de criação deste novo clipe?

Lauv: Obviamente eu estou muito triste em não poder fazer shows, mas estou tentando focar nas coisas que são positivas e manter este mindset; não adianta focar em negatividade. Estou me sentindo bem, me sentindo muito criativo.

Sou grato por isso, e também pela minha saúde e segurança daqueles que estão em quarentena comigo.

Estou muito feliz com o resultado do clipe — é cru e real para mim. Originalmente seria um conceito diferente que traria vários dos meus fãs para estarmos juntos pessoalmente, mas obviamente nós não conseguiríamos fazer isso enquanto as coisas foram ficando malucas. Mas eu acho que, de um jeito esquisito, eu gosto mais desse vídeo do que gostaria daquele.

MI: Nós sabemos que você tem trabalhado em novas músicas durante a quarentena. Você lançou “Miss Me” no Soundcloud há pouco tempo e tem soltado prévias de outras música online. É um projeto? Você já está planejando o próximo álbum ou são singles individuais? Honestamente, só queremos saber: quando poderemos ouvir mais de você? 

L: Eu estou em um modo onde estou criando o máximo de músicas possíveis e vou lançar mais. Eu não quero falar muito sobre como, porque não necessariamente eu sei ainda — mas estou escrevendo músicas todos os dias e elas são incríveis, então estou empolgado.

MI: Saúde mental é um assunto importante para você e isso aparece no seu trabalho. Você doou todo o faturamento da música “Sad Forever” para organizações que trabalham para mudar o estigma que cerca este assunto e também criou sua própria fundação, a Blue Boy. Você poderia falar um pouco sobre a importância de falarmos sobre saúde mental, especialmente agora, quando o mundo está passando por esta pandemia?

L: Eu acho que é muito importante que as pessoas foquem em saúde mental. Não de forma exagerada, ao ponto da pessoa estar induzindo sua própria tristeza, mas é importante sermos abertos sobre isso.

Quando você se sente confortável, pode ser realmente empoderador falar sobre as coisas com que está lidando e achar outras pessoas que também sofrem com elas. Você pode se conectar com elas e [encontrar] consolo.

Eu acho que as pessoas estão sofrendo muito, e é por isso que eu fiz a livestream “Breaking Modern Loneliness” há alguns dias. Eu estava emocionado — foi muito especial e estou agradecido a todos os artistas que participaram comigo. Eu acho que [saúde mental] é mais importante do que nunca neste momento.

MI: Você já teve alguns hits na sua carreira, mesmo antes de lançar seu álbum de estreia. Por que decidir lançar um álbum de estúdio com 21 músicas depois do sucesso com seu primeiro EP e com a coletânea que nomeou como playlist? O que há no formato de um álbum completo que parecia apropriado para você em 2020?

L: Eu senti que pela primeira vez eu estava pronto para fazer [e lançar] várias músicas juntas, e eu tive a ideia deste conceito [para o álbum]… Eu senti que havia uma jornada em minha vida que eu gostaria de registrar e compartilhar.  Só parecia o momento certo para fazer um álbum. Seriam 15 músicas, mas eu não consegui parar, então foram 21! [risos]

MI: Um crítico descreveu sua música como “posts de Tumblr [que] foram adaptados como hits”. Como você se sente em relação a esta fala?

L: Isso é muito engraçado para mim. Eu não sei se as novas músicas que estou fazendo são assim, mas acho que vou aceitar! 

MI: Há um vídeo para cada música do seu álbum retratando suas sete versões coloridas apresentadas na capa do álbum. Você também fez a série de vídeos “One Man Boyband” (boyband de um homem só). Como os conceitos visuais deste álbum complementam a música? E por que você chamou este projeto e sua turnê de “One Man Boyband”?

L: O conceito de “One Man Boyband” [envolvia] representar diferentes aspectos da minha personalidade como pessoas diferentes, versões diferentes de mim mesmo. Elas são meio exageradas, mas todas funcionam juntas para se tornarem a versão completa de mim, e [o conceito passa] a mensagem de aceitar diferentes partes de si mesmo e acolhê-las. 

MI: Se você tivesse que escolher uma boyband, do passado ou presente, para fazer parte, qual seria?

L: O-Town.

MI: Seu álbum de estreia conta com quatro colaborações. Você também já apareceu como participação em músicas de outros artistas. O que você mais ama em colaborar? Você tem alguma memória boa do processo de criar essas músicas juntos?

L: Sim! Colaborações me dão uma perspectiva diferente. Eu consigo trabalhar com as pessoas, ver o jeito que elas trabalham e fazer amigos. Todas as minhas colaborações aconteceram de um jeito super natural, e é diferente, sair um pouco da minha cabeça.

MI: Você também escreveu várias músicas cantadas por outros artistas. Quem é aquele artista que você surtaria se escrevesse uma música para ele?

L: Eu surtaria se escrevesse algo com — eu não acho que conseguiria escrever algo para, afinal por que eles iriam precisar de uma música minha? — Coldplay ou Drake. Seria incrível.

MI: Qual sua letra favorita que já compôs? Por que?

L: “Eu amo meus amigos até a morte/ Mas eu nunca ligo e nunca mando mensagens”. Eu não quero nem explicar — é tão verdade.

MI: Qual a primeira coisa que vai fazer quando for seguro sair de casa novamente?

L: Hmm. Provavelmente tomar uma margarita.

MI: Bate e volta. Nos conte uma piada.

L: How many pickles does it take to make a pickle? Cheeseburger. Legal. Haha. 

MI: Qual é o seu álbum conforto, aquele que poderia ouvir para sempre?

L: Eu não sei se tenho isso — eu passo por fases onde ouço loucamente algo, e aí eu sigo em frente. Eu não gosto de revisitar porque me trás muitas coisas de volta. Mas agora é o álbum do Jeremy Zucker.

MI: Qual sua palavra favorita?

L: Palavra. 

MI: Nos diga algo que ninguém sabe.

L: Fantasmas são de verdade.

MI: Qual seu jogo favorito?

L: [pausa] Grasshoppers.

MI: Qual seu app favorito?

L: Hopper.

MI: Já aconteceu algo engraçado com você no palco?

L: Cair e me cortar no palco, no meu queixo. Eu bati meu queixo no palco. Aquilo foi engraçado. 

MI: Uma banda ou um artista que ninguém sabe que você ouve. 

L: Não posso te dizer — é um segredo! 

MI: Crie seu próprio line-up de festival – escolha 7 artistas. 

L: Ooh. O Kool-Aid Man, Princesa Peach, Drake, Travis Scott, o lutador mais famoso do mundo (não sei quem é), eu e um cachorro chamado Cachorro. 

MI: E, por último, qual sua bio no tinder? 

L: Shhhhh… 

Lauv

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Autor

Escrito por

Maria Luísa Rodrigues

mestranda em comunicação, midióloga de formação e jornalista de profissão. no Minuto Indie desde 2015 e em outros lugares nesse meio tempo.