The Black Keys é uma daquelas bandas que, após um hiato, voltam e provoca um ideal que muitos fãs acham que “perderam a magia” . Isso foi perceptível pela reação do público nos álbuns Let’s Rock (2019), o álbum de covers, Delta Kream (2021) e Dropout Boogie (2022). Mas agora, após rodarem o mundo em turnês, Dan Auerbach e Patrick Carney voltam dessa vez em um projeto que desafia qualquer previsão: Ohio Players. Inspirado pela banda homônima de R&B e funk dos anos 70 e pelo estado natal da dupla, Ohio, o álbum é uma mistura ousada de rock de garagem, blues, funk, psicodelia e um toque de experimentação.

Reprodução: Acervo/Rolling Stone

A faixa de abertura, “This Is Nowhere”, exala frustração. Com riffs explosivos e uma bateria incansável, a música carrega a sensação de urgência de quem procura um lugar no mundo.

Logo depois, em “Don’t Let Me Go”, uma balada suave e melancólica, Auerbach desdobra seu lado mais vulnerável, com uma voz intimista e uma guitarra acústica que sustenta o clima emotivo da faixa.

“Beautiful People (Stay High)” é o primeiro single do disco e mistura rock alternativo, funk e psicodelia, criando uma crítica ácida à superficialidade da sociedade atual. A faixa tem a autoria e participação do Beck, que é amigo do duo.

Em “On the Game”, a banda adota uma pegada experimental, com riffs hipnóticos e uma bateria que se destaca em uma espécie de transe sonoro.

“Only Love Matters” traz uma reflexão sobre o amor em um mundo desordenado. Embora a melodia seja simples e direta, a música traz uma mensagem poderosa que ressoa sem ser memorável.

“Candy and Her Friends” evoca o espírito de uma festa sem regras, com uma batida funkeada e a participação de Lil Noid, que adiciona uma pitada de irreverência à faixa.

“I Forgot to Be Your Lover” é um cover impecável de um clássico de William Bell, onde a suavidade vocal de Auerbach se alia a uma instrumentação cuidadosa, capturando a essência do soul.

“Please Me (Till I’m Satisfied)” oferece uma descarga de energia com riffs pesados e uma bateria explosiva, embora tenha uma leve sensação de exagero, como um filme de ação que tenta ir além do necessário.

Reprodução: Acervo/Jim Herrington

A faixa “You’ll Pay” é uma crítica incisiva à ganância e corrupção, com letras afiadas e um ritmo acelerado que reflete o tom de indignação, que mistura blues, rock e soul.

Em “Paper Crown”, o duo flerta com o rap e o funk. As participações de Beck e Juicy J e uma produção criativa fazem desta uma das experiências mais originais do álbum.

“Live Till I Die” celebra a liberdade de viver plenamente. A melodia é alegre e os vocais trazem uma energia vibrante.

“Read Em and Weep” é um tributo ao blues, com solos de guitarra intensos e uma base rítmica marcante, onde o The Black Keys exibe toda sua habilidade.

A penúltima faixa, “Fever Tree”, nos transporta para uma jornada psicodélica, com efeitos sonoros e sintetizadores que criam uma atmosfera relaxante.

Por fim, “Every Time You Leave” fecha o disco em tom melancólico, abordando temas de perda e saudade. A combinação de melodia simples e vocais emocionados transmite a dor de uma despedida.

Ohio Players é a prova que Black Keys não se limita a rótulos e é, de fato, um mergulho na criatividade musical do duo. Algumas faixas podem não agradar a todos, mas o álbum destaca a versatilidade do duo, que vai além do blues rock e mostra um verdadeiro culto à liberdade musical. Mesmo que algumas músicas deixem a desejar, é um álbum que vale a experiência.

Essa capa contém uma mensagem subliminar

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Autor

Escrito por

Giovanni

Me considero um fã de prog, metal, jazz e indie.

@innnnavoig (Instagram)