Reprodução: Música Instantânea/Acervo
Chico Bernardes, após cinco anos, volta agora (junho de 2024. Já estamos em setembro Giovanni! Já estou ficando senil). Este álbum é um bom avanço de um álbum para um outro agora com Outros Fios. O minimalismo do violão acústico, junto com o conteúdo principal, as letras confessionáriais, ludicas, experimentais, pessoais. É evidente que o álbum abrange o limite que ele havia estabelecido em seu trabalho anterior. Aqui, Bernardes incorpora sintetizadores vibrantes, chiclete, aconchegantes, percussões (bateria) eletrônicas e arranjos mais complexos, adicionando novas dimensões às suas composições que são pessoais, ludicas, experimentais e sentimentais (palavras do próprio). Ele produziu uma obra que é o resultado dessa maturidade, diante de cinco anos estudando produção e mixagem, além de compor as músicas, alinhado com o período da pandemia e da experimentação, mantendo a essência de sua música, com inspiração de seu irmão mais velho, Tim Bernardes, e explorando um espaço onde a música folk encontra uma estética mais contemporânea.
Outros Fios é um retrato mais abrangente de alguém que já atravessou alguns desses problemas e agora reflete sobre eles com mais profundidade, enquanto o primeiro álbum era uma carta íntima de um jovem artista em busca de autoconhecimento. As canções mostram essa mudança, misturando tristeza e esperança, convidando o ouvinte a acompanhar o artista nessa experiência emocionante. Isso é demonstrado por canções como “Motivo”, “Metades Minhas”, “Todacor”, “Inerte” e “Sonho Meu”, que combinam essa poesia delicada de Chico com melodias ricas e um trabalho instrumental que é essa mescla de MPB, Bossa Nova, Alternativo e Eletrônica.
Outro aspecto que chama a atenção é a produção do álbum. Cada faixa parece ser construída com cuidado, como se fosse tentar aproveitar cada nuance da composição. Embora os elementos eletrônicos sejam usados de forma discreta, eles funcionam bem e não se sobrepõem à essência das canções. Por outro lado, eles aumentam as emoções e adicionam camadas adicionais à experiência do ouvinte.
Chico e Tim, dois irmãos que são excelentes músicos e compositores. Enquanto Tim faz uma espécie de “revival” da MPB clássica, Chico faz uma MPB com folk, enquanto mantém sua habilidade de transmitir uma sensação de proximidade apesar dessas adições modernas. Embora você ainda esteja familiarizado com o formato acústico, esse é apenas um dos muitos elementos que ele usa para criar um universo sonoro mais abrangente. Chico se aito-desafiou em seus próprios limites e oferece um álbum que, ao mesmo tempo em que é novo, ecoa inspirações e homenagens e que há de mais verdadeiro em arte de qualquer artista que se preze, originalidade.
No final das contas, Outros Fios é um passo para quem sabe, uma ascensão nesse cenário atual da música brasileira. É um trabalho que propõe uma busca contínua por novas formas de música, mantendo ao mesmo tempo o que o fez se destacar no cenário musical brasileiro. Podemos esperar que Chico continue surpreendendo com sua sensibilidade artística, sua coragem de experimentar e sua capacidade de criar canções que ressoam tanto com o coração quanto com a alma se o futuro seguir a direção sugerida por esse álbum.