Músico Victor Meira (Bratislava/Godasadog) comenta sua percepção do movimento indie.

Você deve ter visto lá no Facebook do Minuto Indie que o Alê foi até a Play TV para conversar com Rodrigo Lariu (PlayTv/Midssumer Madness), Milo de Meo (Milo Garage), Marcelo Costa (Scream & Yell) e Rodolfo Rodrigues (PlayTV) sobre “Afinal, o que é Indie?!”.

O debate rolou de maneira muito produtiva e rendeu muito assunto sobre esse tal “indie”. Que nós tanto gostamos, mas nem se quer entendemos muito bem. Pra assistir na íntegra clique aqui.

Essa conversa toda ficou na minha cabeça. Com isso resolvi convidar algumas figuras que fazem um trabalho admirável no cenário alternativo/independente aqui no Brasil. De alguma maneira essas pessoas fazem a manutenção do que conhecemos por indie e ressignificam essa palavra em músicas novinhas pra gente decorar e sair cantando por ai.

O Victor Meira é um desses caras, ele é integrante da banda Bratislava. Juntos acabaram de lançar o terceiro disco da carreira. Intitulado como “Fogo” o trabalho é uma produção independente que mantém o rock como estrada. Mas tem saídas para o indie rock moderno.

Meira atua também no duo Godasadog, ao lado de Matschulat ele experimenta e cria momentos Trip Hop, Experimental e Dream Pop.

Confira nosso minutinho de conversa indie com o Victor Meira ao som de “Escorpião”:

Fala, Victor! Seja bem vindo ao Um Minuto de Conversa Indie. Hoje é a estreia desse quadro aqui dentro do site Minuto Indie. É muito massa fazer esse debut na sua companhia. Vamos começar falando justamente sobre o “Indie”. Você percebe essa palavra mais como um estilo/gênero musical ou um movimento que não tem unidade estética/sonora?

Victor Meira: Obrigado pelo convite, Cainan! Bom, vamos lá. Quando eu falo sobre “indie” ou escuto alguém falar, me vem uma estética sonora específica sim, mas também é um conjunto de valores. Pra mim, Indie tá relacionado com juventude, com um jeito meio blaseé, despojado de ser. Às vezes tem a ver com lo-fi, com um resgate de elementos retrô, com uma preocupação em soar moderninho, com discursos indiretos, com letras sobre relacionamentos juvenis, traições, aspirações libertinas, discurso de empoderamento. Acho que é um conjunto de valores próximo ao pop moderno. Se essa impressão tá certa ou distorcida, não sei. Mas acho que mais gente tem essa mesma impressão sobre o que é o indie.

De uma maneira sonora, eu vejo que o indie tem um bom espaço na lista de influencia dos seus trabalhos, talvez mais no Godasadog do que na Bratislava. Vocês se preocupam em dar a cara de algum estilo sonoro no trabalho de vocês durante a gravação ou rola tudo de uma maneira livre?

Victor Meira: Na época da concepção do Godasadog, eu e o Matschulat estávamos apaixonados pelo An Awesome Wave, debut do Alt-J. Foi uma influência grande sim. Acho que nesse sentido, de influências que a gente absorve, o trabalho ganha atributos e moldes diversos. Mas não consigo fazer música preocupado em ter uma cara específica, sabe? A cara do Godasadog é a da mistura minha com o Matschulat. Da Bratislava é a mistura dos quatro integrantes. O processo de composição é muito pé no chão, a gente tenta um bocado de coisa até que uma delas soa certo e a gente fala: “opa, isso soa foda”. Se no fim das contas a mistura leva a um resultado que soa indie, massa! É o que é. Não por que a gente queria que fosse indie, mas porque os nossos tesões foram trilhando esse caminho ao longo do processo criativo.

Victor foi muito massa poder falar um pouco sobre o indie e como esse gênero musical/conceito/movimento influencia muita gente. Agora, pra gente finalizar a entrevista com sugestões musicais, conta pra gente: O que você tem escutado no fone de ouvido quando tem um minutinho sobrando na correria?

Victor Meira: De música indie? Acho que o “How to be a Human Being” do Glass Animals foi um dos últimos que me pegaram, ouvi bastante. O “Secrets” do Deep Sea Diver também é delicioso, mas não sei se classifico como indie, haha. O mesmo se dá com “Aforger” do Douglas Dare, que é um músico que eu adoro.

Ouça também Bratislava – “Fogo”:

https://www.youtube.com/watch?v=waWi8kH_ttM

Comenta com a gente o que achou desse Um Minuto de Converda Indie com o Victor Meira e se quiser deixar alguma sugestão de convidado para o quadro manda o nome aqui nos comentários!