O primeiro disco de Giuliano Lagonegro, compositor paulistano, lançado nesta quinta-feira (26), trabalha o tema do naufrágio por diversos prismas, explorando recursos fotográficos, poéticos e, principalmente, musicais
O naufrágio é uma alegoria bastante explorada na produção cultural. Desde filmes a romances, o imagético relacionado ao tema explora tanto de forma prática quanto metafórica o que significa uma embarcação que afunda em pleno mar aberto. Mas, o que seria, na música, um naufrágio? O primeiro disco de Giuliano Lagonegro, compositor paulistano, lançado nesta quinta-feira (26), trabalha o tema por diversos prismas, explorando recursos fotográficos, poéticos e, principalmente, musicais. Intitulado Naufrágio das Ilusões, o disco completamente independente, traz dez faixas que buscam destrinchar o naufrágio metafórico que se dá entre o final da adolescência e o início da vida adulta.
Porém, o disco traz também referências terrenas. O termo “Naufrágio das Ilusões” é de autoria do escritor Machado de Assis, no romance “Iaiá Garcia”, publicado em 1878. O termo é usado na última frase do livro, com um teor vitalista, dessa forma: “Alguma coisa escapa ao naufrágio das ilusões”. Trata-se de uma das frases mais enigmáticas de um dos maiores escritores da história do Brasil.
Giuliano se aproveita desse enigma para forjar o seu disco e conceito próprio; Do cantar de sereia de Intro, faixa que abre o disco, passando pelo acalento de “Pela Primeira Vez” e desembocando no torpor da faixa final e homônima, Naufrágio das Ilusões, o compositor desempenha um interpretação própria que alterna entre extroversão e introversão com facilidade e cria uma atmosfera dinâmica para o disco.
As faixas “Narciso” e “Nostos” exploram a mitologia grega e a interface das epopeias com o conceito do disco. Nostos, que significa “regresso à casa pelo mar”, propõe uma personagem épica que sente raiva da jornada. Já Narciso explora o mito de Narciso e a ninfa Eco por meio da construção imagética única.
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