Reprodução: Instagram/Nicolas Salazar

Em ritmo de celebração após a edição do 5 Bandas para comemorar os 10 anos de existência do Minuto Indie, aqui temos uma resenha sobre o álbum Três, do hoovaranas, que junto com a Paira, foram vencedores do edital de seleção com a Groover. Para começar a falar do álbum, gosto muito desse padrão: é o terceiro álbum de um trio. Quem tem TOC é um provável deleite. Essa mescla inusitada de shoegaze, math rock, jazz fusion e claro, sob uma estética que é obvia de alternativo e/ou indie, afinal, o que domina a indústria musical e cultural, não só no Brasil, mas no mundo, é o tal do dinheiro. hoovaranas vem em uma crescente, se aprimorando a cada álbum, que é uma evolução constante desde Poluição Sonora (2019) e Alvorada (2022). Três é uma catarse, se for comparar com Top 50 do Spotify, claramente. É um trabalho autoral, com características únicas, se for começar tanto por trabalhos anteriores, e aqui não é diferente. Pra começar, essa capa do álbum, que pessoalmente achei bonita, mostrando a a natureza inquietante, mas que não se move, e o trio, se divertindo, trajado de roupas brancas e se sujando nessa água suja.

Um ponto que Três se difere dos trabalhos anteriores do hoovaranas é a presença maior de brasilidade, principalmente na bateria arrebatadora de Eric Santana. Posso apontar isso na excelente faixa “Solitude”, que pega essa brasilidade e mistura com jazz e rock alternativo. Nessa faixa também tem essa guitarra do Rehael Martins, que é limpa (remetendo ao jazz) e ao mesmo tempo, cheia de camadas de efeitos, que é no mínimo intrigante. Um ponto baixo nessa faixa é o baixo, que não ganha tanto corpo como em faixas como “Frenesi” e “Odisseia”, que literalmente domina as faixas.  Fica aqui o meu problema com o álbum, a mixagem. Provavelmente, as pessoas com um ouvido melhor, vão perceber algum problema na mixagem. Parece que o baixo está melhor para se ouvir em algumas faixas, e em outras, ele está mais baixo [momento humor e piadas]. Por falar em “Odisseia”, é uma faixa que é jazz, mas aponta pro shoegaze, rock alternativo e até mesmo, rock psicodélico. É uma viagem de LSD sem usar o tal do adesivo da loucura. Mas diria que a melhor faixa do álbum seja “Êxtase”, que é mais jazz fusion e tem um momento que é um provável jazz psicodélico (com a entrada de sintetizadores) de todo álbum. Aqui a sinergia entre Eric, Rehael e Jorge é algo simplesmente primoroso de se ouvir. Em todo álbum, a sinergia entre eles é boa, mas tem algo nessa faixa que me atrai.

Três é um claro candidato para listas de melhores álbuns instrumentais do ano. Shoegaze, math rock, jazz fusion, até um pouco de rock psicodélico, de longe, parece ser uma loucura mesclar isso, mas hoovaranas fez isso em Poluição Sonora, e de lá até Três, aperfeiçoaram e evoluíram. Mostraram que pode acontecer, se for feito de maneira meticulosa, que não atrapalhe, e que esses subgêneros, que até mesmo, possam não conversar, que pelo menos troquem uma ideia, que nem seja por 32 minutos (no caso de Três), mas que passam esses minutos voando, e você fica na sensação de “quero mais”. Não é atoa que foram selecionados para tocar no 5 Bandas.

 

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