Reprodução: Acervo

Pindorama é um termo de origem tupi que além de significar “terra das palmeiras”, ainda mais, um dos vários nomes do território que hoje corresponde ao Brasil e o simbolo da relação profunda e harmoniosa que os povos originários com a natureza. Ápos Água, Fogo, Terra e Ar, de 2021, Picanha de Chernobill retorna com Pindorama. A começar pela capa, que é a mais colorida de toda a carreira do Piacanha, principalmente pelo vermelho que predomina e que remete ao expressionismo alemão. O álbum foi feito com o financiamento coletivo via Catarse em junho de 2023 e sim, o álbum supriu a oferta inicial de quase R$ 20 mil reais e posso afirmar, cada centavo desse financiamento valeu a pena.

Capa de Pindorama (Piacanha de Chernobill) - Reprodução - Instagram

Capa de Pindorama – Reprodução: Instagram

O som de  Pindorama é o mais amplo do PdC, sendo o blues-rock como o principal de todo álbum, e tendo momentos de um blues comum, parecendo uma música do B.B. King, ou de um artista de blues clássico, mas com aquele toque do Picanha de Chernobill e sua brasilidade. Esse meu ponto de vista pode ser provado na primeira faixa do álbum, Os Loucos Tomaram Conta do Mundo, que é um blues alegre, principalmente pelo órgão que hipnotiza e a lindíssima Onde Está Você?, que me remete a um blues que grandessíssimo B.B. King faria. Temos aqui também, um blues-rock bem charmoso, que foi lançado como single Malas e Chapéus. A contagiante Fá, Fá, Fá é contemplada pela presença de trompetes e outros instrumentos de sopro em geral, sendo uma faixa sofisticada. Ainda tem a acústica João de Barro, que é apenas voz e violão , com o vocal indo diga-se de passagem. Era Um Cara Legal soa como um delta blues com mais peso, enquanto Pindorama (a faixa titulo) é mais agressiva e poderosa, e Algo a Mais, é um blues com um presença maior de teclados e órgão.

Nilos começa com um violão, mas o clima com o decorrer do templo, vira para um hard-rock agressivo com blues. Por fim, Valse Au Stanislas T’es Três Joli, T’es Mon Amour são duas faixas cantadas em francês, e com o efeito de ser gravadas ao vivo, efeito que me surpreendeu, sendo a primeira contendo apenas órgão, vocal e efeitos sonoros (SFX), que remetem á um clima circense a segunda, encerrando Pindorama, um blues-rock energético com pucos versos, repetindo o nome da faixa. Honestamente, essa faixa merece ter o destaque para a guitarra, que abusa de efeitos de pedal e vai numa linha que não é exibionista barata para compensar a falta de criatividade, mas vai para um improvosso seguro, lindo de se ouvir. Enfim, Pindorama é um álbum que posso falar, é o melhor do Picanha de Chernobill desde O Conto, A Selva e o Fim, de 2016. Nesse inédito dos gaúchos, temos uma ampliação maior do som, mas ainda sim, o arroz com feijão deles continua sendo sublime,  mas sendo aperfeiçoado, se for comparar com seu antecessor.  A cozinha desse álbum está melhor trabalhada, se for comparar com o álbum de 2021, com o destaque para o baixo, que está mais perceptível e a junção de instrumentos de sopro, sendo um ponto a mais. A produção também é um bom ponto, sendo um trabalho muito bem executado, fora o SFX. Se o objetivo era criar uma discografia sólida, fazendo álbuns bons para se dizer no mínimo, o Picanha de Chernobill conseguiu, consegue e poderá conseguir fazer isso com êxito.

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