A misteriosa banda britânica Sleep Token lançou na última sexta seu aguardado novo álbum e podemos adiantar: é uma experiência única
Os britânicos do Sleep Token lançaram no dia 19 seu mais novo (e ambicioso) trabalho de estúdio. “Take Me Back To Eden” é um projeto rico em influências, nuances e auto-referências. Diversos estilos musicais são encontrados aqui, desde o metal pelo qual o Sleep Token é conhecido, até R&B, hip hop, pop, eletrônico, funk, progressivo, soul, blues, e muito mais.
Grandes destaques de “Take Me Back To Eden” incluem, além da sua excelente produção, os vocais impecáveis de Vessel, a bateria, e o piano, que carregam emoção do início ao fim. Com letras fortes e impactantes, o álbum aborda relacionamentos e términos sob a ótica da lore do Sleep Token, a qual já explicamos aqui no site.
A primeira sequência de 5 músicas conta com quase todos os singles desta nova era, sendo um bloco do projeto muito consistente. “Chokehold” tem uma lenta progressão até o seu refrão, mas que dita o tom da faixa logo de cara, tornando o refrão ainda mais potente, com riff e melodia cativantes. “The Summoning” foi o single responsável pelo grande boom do Sleep Token esse ano, seu twist no final da música pegou todos de surpresa, com uma virada de metal à funk de tirar o chapéu.
“Ascensionism” é o maior destaque do disco na minha opinião, que tem influências de hip hop, eletrônico e R&B, e traz um groove absurdo. A faixa é bem experimental e conta com uma sessão de rap de Vessel, com um flow impecável. São 7 minutos de uma experiência imersiva, com diferentes nuances, sendo uma verdadeira montanha-russa de emoções.
“Who encrypted your dark gospel in body language?
(Quem criptografou seu gospel sombrio na linguagem corporal?)
Synapses snap back in blissful anguish
(Sinapses retrocedem em exaustiva angústia)
Tell me you met me in past lives, past life
(Diga-me que você me conheceu em vidas passadas, vida passada)
Past what might be eating me from the inside, darling
(Passado o que pode estar me comendo por dentro, querida)”
A composição de “Ascensionism” é complexa e muito bem intrincada, como vocês podem ver no trecho que eu coloquei acima, mas podem contar que vão aparecer muitas legendas nas redes sociais com esse trecho aqui:
“Diamonds in the trees, pentagrams in the night sky
” (Diamantes nas árvores, pentagramas no céu noturno)”
“Are You Really Okay?” é melancólica, triste e cheia de sentimentos, acalma um pouco as coisas e traz muita emoção na voz de Vessel acompanhada de uma linda melodia de piano.
“You woke me up one night
(Você me acordou uma noite)
Dripping crimson on the carpet
(Pingando carmesim no tapete)
I saw it in your eyes
(Eu vi nos seus olhos)
Cutting deeper than the scars could run
(Cortando mais fundo que onde as cicatrizes poderiam chegar)”
“The Apparition” e “Rain” retomam um pouco o que foi apresentado nos singles, com uma elementos de metalcore, mas incorporando referências que foram introduzidas nas faixas anteriores. A batida de “The Apparition” é contagiante, porém obscura e cheia de tristeza, assim como a letra, mas que cresce quando toda a banda se junta a voz potente de Vessel. “Rain” é sensual desde a composição provocante até a batida obscura e o flow dos versos. O verso é chiclete e com certeza vai ficar na cabeça.
“I believe
(Eu acredito)
Somewhere in the past
(Em algum lugar no passado)
Something was between
(Algo estava entre)
You and I my dear
(Eu e você, minha querida)
And it remains
(E isso permanece)
With me to this day
(Comigo até hoje)
No matter what I do
(Não importa o que eu faça)
This wound will never heal
(Esta ferida nunca vai cicatrizar)”
“And just like the rain
(E assim como a chuva)
You cast the dust into nothing
(Você transforma a poeira em nada)
And wash out the salt from my hands
(E lava o sal das minhas mãos)
So touch me again
(Então me toque novamente)
I feel my shadow dissolving
(Sinto minha sombra se dissolvendo)
Will you cleanse me with pleasure?
(Você me limpará com prazer?)”
“Take Me Back To Eden” é um exemplo de como se fazer uma title track. A faixa passeia por metal, blues, R&B e traz auto-referências, como no trecho “It was no accident“, retomando o verso de “Chokehold“. São 8 minutos de pura crescente, até explodir em um clímax cataclísmico com influências de deathcore.
“Euclid” fecha o disco com um “final feliz?”, soando quase esperançosa com uma melodia de piano lindíssima. Além disso, a música faz referência ao “Sundowning” (2019), primeiro álbum da banda, mais especificamente à sua primeira faixa, “The Night Does Not Belong To God“, fechando o ciclo. É difícil colocar em palavras o que eu senti ouvindo essa musica, mas acho que o que posso dizer é: plenitude. “Euclid” me emocionou como poucas canções (estou até arrepiada escrevendo essa resenha) e traz essa sensação de encerramento. Com certeza, uma escolha perfeita para finalizar esse belo trabalho.
“The whites of your eyes
(O branco dos seus olhos)
Turn black in the lowlight
(Ficam pretos em luz baixa)
In turning divine
(Ao tornar-se divino)
We tangle endlessly
(Nos emaranhamos infinitamente)
Like lovers entwined
(Como amantes entrelaçados)
I know for the last time
(Eu sei pela última vez)
You will not be mine
(Você não será minha)
So give me the night, the night, the night
(Então me dê a noite, a noite, a noite)”
Na minha opinião, “Take Me Back To Eden” conseguiu levar o metal a outro patamar e aumentou o nível de exigência para os próximos lançamentos de bandas da cena. Com certeza vai influenciar muitos trabalhos nos próximos anos e já considero um clássico moderno.
10/10 – AOTY até agora e vai ser difícil superar.
Worship.
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Descreveu exatamente as mesmas sensações que vivenciei ao ouvir Euclid. Um absurdo de lindo! Worship!