Cada Dia Mais Sujo e Agressivo

Confira como foi o terceiro final de semana de shows dos 40 anos da banda paulistana

No final dos anos 80, nos bueiros de São Paulo, os Ratos de Porão deram a letra de como sobreviver após um período difícil. Em 1987, pós ditadura militar, proliferação da Aids, estagnação econômica e demais mazelas, os jovens punks gravaram o intitulo disco “Cada Dia Mais Sujo e Agressivo”. Afinal, depois de tudo vivido naquela época, era importante deixar a “casca” mais grossa.

Pulando no tempo, para os dias atuais, chegamos a dois anos de pandemia sem nenhuma assistência governamental durante todo esse tempo. Sobreviver foi uma vitória, mas com sentimento de revolta entalado. Talvez, por isso, seja tão emblemático o principal representante do punk brasileiro comemorar os seus 40 anos de carreira em meio a esse caos. Quem imaginaria que precisaríamos deixar essa casca ainda mais grossa?

Na última sexta-feira (3), no La Iglesia, bairro de Pinheiros, em São Paulo, os Ratos tocaram na íntegra o disco “Cada Dia Mais Sujo e Agressivo”, como parte da cerimônia de quatro décadas de barulho e atitude. Por volta das 22:30, Jão (Guitarra) foi o primeiro a dar as caras no palco, com visual bem metaleiro – camisa regata, bermuda, cabeleira e barba estilo Lemmy.

E foi logo dando recado para alguém que gritou “João Carlos” da plateia (quem teria essa audácia…). “Seguinte: esse nome era só minha mãe que me chamava quando eu fazia algo de errado. Então, como eu não faço mais nada errado, aqui é Jão mesmo, tá ligado”, respondeu antes de começar a puxar os primeiros riffs.

De errado, realmente, não tinha nada. Juninho (Baixo), Boka (Bateria), João Gordo (Vocal) e Jão são impecáveis no palco. Incorporaram o “mais sujo e agressivo” do disco após mais de 30 anos do seu lançamento. O ótimo som e acústica da casa também contribuiu para uma apresentação que nenhum punk ou metaleiro pudesse pôr defeito.

O metal, aliás, foi a principal influência da banda ao produzir esse álbum em 87. Internados na casa dos amigos do Sepultura, em Belo Horizonte, “Cada Dia Mais Sujo e Agressivo”, de fato, marca uma fase mais pesada da discografia. “Acho que esse disco é nosso auge metaleiro, né não Jão? Aí viramos traidores do movimento mesmo”, ironizou o front man, dando a deixa para o guitarra tocar com uma “Flying V”.

E a essa altura do campeonato, essa história de “traidores do movimento” só serve a quem ainda não entendeu a importância dos Ratos na música underground brasileira. Não à toa, o público presente queria só uma coisa: assistir aos Ratos fazendo o que eles sabem de melhor: tocar cada dia mais sujo e agressivo, mas com uma qualidade ímpar. Agitação do público do começo ao fim, especialmente em “Tatto Manix” e “V.C.D.M.S.A.”.

Depois dois anos ruins, 2022 se aproxima. Das festinhas de 40 anos que andam acontecendo todo fim de semana no La Iglesia, saem pistas de como devemos agir nesse mundo pós pandemia. De poucas ideias com pensamentos conservadores e reacionários: cada dia mais sujo e agressivos.

Texto: Antônio Cavalcante
Foto por: Flávio Santiago

Ratos de Porão – Cada Dia Mais Sujo e Agressivo

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Autor

  • Eduardo da Costa

    Redator do site Minuto Indie. Graduado em jornalismo e pós-graduado em marketing digital e comunicação para redes sociais, amante de música, esportes, cinema e fotógrafo por hobby. Siga-me nas redes sociais: Facebook: duffnfedanfe; Instagram: nfedanfe; Twitter: _duffe; Last.Fm: duffhc3m; Pinterest: duffe_;

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