Echo Palace, terceiro álbum da Iguana Death Cult, lançado no longínquo ano de 2023, mas só agora, no final de 2024, estamos falando deles aqui no blog do Mi, é um convite explosivo para um universo onde o pós-punk encontra o garage rock, mas sem se acomodar nos clichês do gênero. A banda holandesa, conhecida por sua energia crua e visceral, entrega aqui uma obra que mescla ironia, crítica social e uma musicalidade inegavelmente cativante.
O álbum abre com “Paper Straws”, uma faixa que captura de imediato a essência sarcástica da banda. Com um instrumental frenético e vocais ácidos, ela te joga diretamente no mundo caótico e politicamente carregado que a Iguana Death Cult quer pintar. Contudo, apesar da energia inicial, a música carece de um momento de real clímax, o que a faz parecer mais uma introdução que não se desenvolve completamente.
A faixa-título, “Echo Palace”, traz um senso de urgência com sua batida acelerada e guitarras que ecoam como sirenes de alarme. É uma peça central que define bem o tom do álbum: algo entre o apocalíptico e o sarcástico. A transição para “Pushermen” e “Sunny Side Up” mantém o ritmo intenso, com esta última apresentando letras que flertam com o absurdo de maneira brilhante, encapsulando um humor negro típico da banda.
Já “Sensory Overload”, como o título sugere, é um bombardeio auditivo. Curta e direta, ela desafia o ouvinte com sua natureza quase claustrofóbica. “Conference to Conference” desacelera as coisas, mas sem perder o sarcasmo – uma análise mordaz do tédio corporativo envolta em camadas de riffs envolventes.
No entanto, é com “I Just Want a House” que a banda realmente brilha. A faixa transforma a crise imobiliária em um hino irônico e dançante, mostrando a habilidade única da Iguana Death Cult de abordar temas sérios com leveza e criatividade. É um dos momentos mais memoráveis do disco.
Chegando ao final do álbum, o fôlego começa a faltar. “Rope a Dope” oferece uma energia revitalizante, mas as duas faixas finais, “Heaven in Disorder” e “Radio Brainwave”, deixam a desejar. A primeira tenta criar uma atmosfera grandiosa com uma duração maior, mas acaba parecendo inchada, com repetições que enfraquecem seu impacto. Por outro lado, “Radio Brainwave” fecha o álbum de forma anticlimática, com uma melodia que soa mais monótona do que provocativa, destoando do vigor que define os melhores momentos de Echo Palace.
No geral, Echo Palace é um disco com personalidade e muitas ideias – nem todas executadas com o mesmo brilho. Quando a Iguana Death Cult acerta, a banda prova ser uma força única na cena contemporânea. Mas os deslizes em algumas faixas, especialmente na reta final, mostram que o palácio sonoro construído aqui ainda tem algumas paredes que poderiam ser mais bem erguidas.