Sem necessidade de provar nada pra ninguém, os Stones lançam Hackney Diamonds, um álbum que não é revolucionário, mas está longe de ser o mesmo disco de todo ano como outras bandas veteranas costumam fazer.
Depois de quase duas décadas do seu último lançamento de inéditas (18 anos para ser mais preciso desde A Bigger Bang, de 2005) os mais que veteranos dos Rolling Stones lançam Hackney Diamonds (2023). O disco com 12 canções chegou ao mundo no último dia 20 com duas músicas ainda com o baterista Charlie Watts, morto em 2021.
O primeiro vislumbre do que viria foi a canção Angry e que abre o disco e lançada um mês antes do disco. Junto com a música, veio o clipe estrelado pela atriz Sydney Sweeney que tem aparecido bastante na mídia principalmente por sua participação na série Euphoria como Cassie. No clipe, a atriz aparece performando em um conversível conduzido por uma rua cheia de outdoors estampados com momentos marcantes da carreira do grupo. O single foi uma ótima escolha para início da conversa. Ter uma atriz que tem uma relação tão forte com as novas gerações “passeando” pela carreira do grupo, parece ser um convite e tanto para que os mais jovens conheçam o mundo dos Stones e deem uma nova chance para o rock’n roll que vem ficando cada vez mais de lado pela juventude.
O disco segue então com toda essa energia rock’n roll até a última faixa. Solos de guitarra e a voz única de Jagger lembram um Rolling Stones à moda antiga. De uma época em que o rock tinha uma relação forte com os jovens e contabilizava-se o sucesso pela venda de discos e não plays em serviços de streaming.
Ainda sobre novas gerações, temos também a presença de um ícone pop recente que é Lady Gaga, participando em Sweet Sounds Of Heaven, que também tem a contribuição de Stevie Wonder. Guardada as devidas proporções, a voz feminina de Gaga junto com a de Jagger, me lembrou Gimme Shelter, na abertura do clássico disco Let It Bleed. (De novo, guardado as devidas proporções). Ainda tem a participação de Paul McCartney tocando baixo na agitada Bite My Head Off, e Elton John também aparece nos pianos de Live By The Sword.
O disco ainda tem duas faixas mais tranquilas que flertam com outros gêneros que sempre se relacionaram com o rock e a carreira dos Stones. Dreamy Skies tem uma pegada mais country e é aquele momento de descanso do disco e do show pra gente e para os integrantes que já não são tão jovens assim, beberem uma água. Fechando o disco temos Rolling Stones Blues que cujo o próprio título já diz, é um blues contando com gaita e até um som meio abafado simulando um cenário onde o mercado fonográfico era tudo mato e não existiam tantos recursos para gravar um disco. A música é uma versão de Rollin’ Stone de Muddy Waters e que foi responsável por batizar o nome da banda.
Sendo assim, Hackney Diamonds é um disco excelente de uma banda que já não precisa provar mais nada. Mesmo assim, eles fizeram um álbum empolgante e que não parecesse mais um para ser desculpa para engrenar em uma turnê. Inclusive, em entrevista, os membros do grupo disseram que com o passar dos anos, não precisavam de lançar material inédito para os shows lotarem. Por isso a demora para sair algo de novo. Estavam com preguiça de encarar essa empreitada pela 31ª vez. Mesmo assim, conseguiram fazer um disco que merece ser ouvido e, arrisco dizer, estará na lista dos melhores do ano.
