Quem é Crumb? O que comem? O que tocam? WTF IS CRUMB?

Banda do Brooklyn acaba de lançar segundo álbum, “Ice Melt”

Crumb – Ice Melt – Promo (2021)

Resumão básico para leigos: Indie psicodélico, banda de Brooklyn-NYC, e foda.

Pensando aqui enquanto estou escrevendo talvez você seja fã deles, ou já até tenha ouvido e nem sabia que eram eles. Pra vocês terem uma ideia em meados de 2017/2018 nosso querido algoritmo do YouTube começava a distribuir várias bandas desse nicho de indie psicodélico, bedroom pop e afins pra galera dentro da plataforma. Fizemos até um vídeo na época falando desse hype desses artistas e como eles conseguiram atingir todo esse público.

 

O Crumb apareceu nessa leva de artistas como Cuco, Clairo, Yellow Days, Boy Pablo, Current Joys e entre outros tantos que se beneficiaram com isso na época dentro da plataforma. Eles “viralizaram” na época com a música “Locket” do seu segundo EP com o mesmo nome. Talvez você tenha se deparado com o vídeo do EP inteiro ou até com o vídeo clipe que faz sucesso até hoje e conta com mais de 27 milhões de views e contando…

 

Tá, beleza entendi de onde veio, mas e a discografia? Vale a pena?

Ouvir Crumb não é apenas dar o play e beleza. Ouvir Crumb é uma experiência de fato. Eu pelo menos enxergo desse jeito. *(Um leve spoiler: escutei o segundo disco inteiro no escuro com fone de ouvido, tesão.) Crumb tem ótimos trabalhos desde o primeiro EP “Crumb”, até o primeiro disco “Jinx”. Mas já dando o papo: o som não muda drasticamente, mas você vê a banda explorando novos caminhos ao longo dos EPs e primeiro disco, tendo um autoconhecimento dentro desse mundo musical em que eles vivem. Digo autoconhecimento pois nesse trampo todo desde o primeiro EP, até o lançamento do segundo disco, a banda ainda continua independente e tenho certeza que eles conseguem ter mais dedo ali na hora, ter mais cuidado com as músicas, fazendo o que realmente gostam. É nítido isso nos trabalhos e você enxerga que não é um trampo comercial ou um produto. São artistas, são músicos dando o seu melhor dentro do projeto, se reinventando, viajando, explorando novas sonoridades, novas camadas e assim por diante.

Crumb – “Locket” (2017)

Tá, beleza entendi. Como experienciar Crumb?

Comece pelo primeiro disco, “Jinx”, viaje dentro dele e se apaixone pela vocalista Lila Ramani e sua voz. O primeiro disco realmente é muito bom e pra mim foi um dos melhores de 2019, depois que você realmente curtir o som, se identificar, ai sim vai para os EPs que são realmente muito bons. Mas dou a dica de começar pelo primeiro disco, pois ele tem uma produção MUITO melhor que os EPs. Falando sonoramente na questão mais técnica na qualidade de áudio, é bem notável. A produção não é ruim, são EPs de uma banda começando sabe? Os EPs são ótimos e fico triste de ver várias músicas ótimas não terem entrado no “Jinx” em 2019. Achei sensacional a banda ter essa postura de não ter essa músicas já consagradas dentro do disco sabe? São ótimas 10 músicas em seus 27 minutos de disco. Destaques para “Cracking”, “Nina”, “Ghostride”, “Part III” e a própria “Jinx” que fecha o disco. OU SEJA: FODA-SE, O DISCO INTEIRO É BOM!

Crumb – “Jinx” (2019)

Tá, mas teve dedo de quem ali?

O que me deixou intrigado nessa evolução da banda é que eles sempre entregam ótimos trabalhos e as produções dos discos só melhoram e esse segundo disco vem com uma produção que tirou a banda fora da caixinha. Esse segundo disco “Ice Melt” eles trabalharam com um novo produtor, nosso querido Jonathan Rado, vocalista do Foxygen, e acabaram gravando o disco em Los Angeles, no estúdio Dream Star. Pelo o que pesquisei e li numa entrevista recente, eles realmente ficaram muito felizes de trampar com o cara, ainda mais que são muito fãs de Foxygen e de sua carreira solo. Além de super elogiarem o cara de não ser um produtor pau no cu e egocêntrico. Literalmente resumiram o cara como se ele estivesse numa loja de doces, e que o cara realmente se divertia, colaborava e apoiava a parada. Assim, sendo de certa forma um fã de Crumb, esse disco vem diferente e tem dedo ai, mas é um dedo de qualidade e de um cara experiente, não apenas querendo ganhar grana com o projeto. Esse disco é bom do começo ao fim, talvez eu só mudaria a ordem das faixas, de resto só elogio.

Jonanthan Rado (Foxygen)

“Ice Melt” vs “Jinx”

Comparado ao primeiro disco, é realmente uma evolução. O “Ice Melt” é um disco que explora um Crumb diferente, uma banda mais madura, com menos receios, com menos inseguranças. É aquele disco que o produtor consegue realmente extrair o que a banda tem de melhor. O primeiro disco você enxega um som mais colorido, mas ao mesmo tempo minimalista, tímido, jovem, imaturo, inocente, até meio bobo sabe? Esse disco parece um Crumb adulto, pagando as contas, se virando pra fazer a parada rolar sabe? O primeiro disco me mostra tipo, “estamos fazendo sucesso e precisamos fazer soltar um disco”. Imagina isso na cabeça de uma banda independente, ver suas músicas viralizando e tipo, “e agora?” Mas eles acertaram muito no “Jinx”, pois é o que eles precisavam fazer, é disco seguro, certeiro com o hype e expectativa gerada em cima da banda.

Crumb – “Ice Melt” (2021)

Concluimos que…

O “Ice Melt” mostra um Crumb nem um pouco tímido, de certa forma tacando um foda-se pra o que esperam deles. Talvez seja pela pandemia? Talvez seja por ter muito menos pressão nesse momento? Pode ser…
É um disco similar ao “Jinx” pode até ser, mas é diferente sabe? Destaques para “BNR”, “Up & Down”, “Ballon”, “Tunnel (all that you had)”, “Gone” e “L.A.” Você se derrete mais ainda nesse disco com a banda explorando mais os sintetizadores, as batidas, e os efeitos não tão comuns dentro do som da banda. Em certas músicas, solos maravilhosos, viajados que todo fã de rock psicodélico se derrete. 10 ótimas músicas em seus 29 minutos que valem muito a pena.

Tô de cara, uma das minhas bandas prediletas cresceu.

Crumb, “Ice Melt” (2021)

Indie PopRock Psicodélico.

Crumb Records.

Pra quem curte: Yellow Days, Mild High Club e Post Animal

Nota: 9,6

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