Como é construir clipes com histórias interligadas pelas músicas?

É interessante quando artistas se propõem a construir histórias unindo diversas possibilidades sensoriais, mesclando áudio, vídeo, cores, letras e todos os recursos disponíveis em suas mãos. É o caso dos novos clipes de Julico, que transformam suas composições, disponíveis no álbum Ikê maré em mais do que músicas pertencentes ao mesmo disco, mas experiências únicas vistas, ouvidas e sentidas.

Surfista de Trem e Caípe Velho são unificadas em apenas um vídeo. Surfista de Trem fala de um cara jovial, aventureiro, uma analogia da vida, que se joga em projetos, em sonhos. Caípe Velho, uma música de transição do álbum, local onde foram gravadas as baterias do disco, onde Julico finalizou algumas letras.

Surfista de Trem, música e clipe, remetem ao soul, funk, estilos pelos quais Julico, o Júlio Andrade da The Baggios, é um apaixonado.

A dança no clipe tem como referência o programa Soul Train, dos anos 70 nos Estados Unidos, em que banda tocava no meio e a galera, em volta, ficava dançando. Levou grandes nomes do soul, funk e dance music.

Para esta produção, Julico trouxe um ambiente mais inusitado, em comunicação direta com universo do ikê maré (que remete ao conceito do disco), no povoado Caípe Velho, povoado que Julico frequentou bastante durante a infância e adolescência. Remete às suas origens.

É um clipe também de lembranças afetivas. Aqui Julico se junta ao grupo de dança de Aracaju chamado Nu Templo, que abraçou a ideia do clipe e criaram a coreografia. Julico não segue a sequência dos dançarinos, mas presença altiva no clipe, com visual roqueiro e aparece em flashes na dinâmica do jogo de câmaras. É um clipe que foge do óbvio, diferente do clipe de Eu São, ikê maré, Nuvens Negras, por exemplo, muito por trazer o o universo ikê maré de forma imagética. É um cenário que mais se coloca presente quando escreve as músicas.

A parte dois do clipe, da música Caípe Velho: é onde se encerra o dia. “Vejo ali como um universo paralelo, como aqueles seres tivessem uma conexão muito forte com as águas. Mostra eles saindo da água, como se fossem crias do ikê maré. Aparecem brincando com a água, seu habitat natural”.

Sobre os clipes de Julico

Danças, swing e psicodelia são marcantes e as marcações de tempo também são contrastantes para que o público consiga sentir a mudança de clima promovida por cada uma das histórias.

As câmeras expostas e subexpostas e a canção com letra e a instrumental, dão a dimensão de que mesmo em apenas um vídeo e com cenários parecidos, a tonalidade muda e um é complemento do outro, trazendo uma experiência sensorial completa, de som, imagens, cores e movimentos.

Conheça Julico

Fundador do The Baggios, compositor, produtor musical, Julico é de São Cristóvão, cidade histórica de Sergipe. Com a renomada banda de blues rock, compôs e produziu os premiados “Brutown” (2016) e “Vulcão” (2018) – indicados ao Grammy Latino na categoria melhor álbum de rock ou música alternativa, com os quais fez turnês extensas por todo o Brasil, EUA, Canadá, México e Europa.

Julico tem composições indicadas a “melhores músicas/discos do ano” em 2011, 2013, 2016 e 2018 por jornalistas da Rolling Stone, Folha de São Paulo, Estadão, e em dezenas de sites e blogs especializados. Além disso, suas músicas já passaram pelas vozes de artistas importantes da cena contemporânea brasileira como Hélio Flanders, Baiana System, Céu, Fernando Catatau e Jorge Dupeixe (Nação Zumbi).

Ficha técnica

Direção e Montagem: Julio Andrade

Direção de fotografia: Edu Freire Grupo de dança Nu Tempo

Figurino: Iris Rocha Figurino (Julico) e Lojinha Remod (Nu Tempo)

Produção executiva: Eluar Melo

Julico – Surfista de Trem + Caípe Velho

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