Humor cítrico de “Não Me Importo (É Carnaval!)” desperta a consciência para o coletivo
Faltando uma semana para começar a maior festa popular brasileira, a Pseudo Banda veste a sua melhor fantasia para entoar o hino de carnaval dos desavisados: “Se não sou eu, eu não me importo. Se não sou eu quem se fudeu, eu não me importo!”. Com ritmo inspirado nas marchinhas de carnaval dos anos 50, o clipe de Não Me Importo (É Carnaval!) lançado nessa quarta-feira (12) investe na sátira como modo de reflexão e crítica da situação sociopolítica brasileira. “Em uma realidade cheia de distrações, é muito fácil fechar os olhos para o que não nos afeta diretamente. A crítica da música é válida para todos nós, para não nos rendermos ao conformismo e individualismo. Acreditamos que a mudança começa por meio da consciência e da empatia”, diz Julia Rosa, integrante do trio ao lado de Bea Pereira e Vinícius Árabe.
São três personagens criados para o clipe: Capitão Aleluia (Vinícius Árabe), Arlequina Consumista (Julia Rosa) e Agro Miranda Tech (Bea Pereira). Representando os atuais opressores que defendem uma ideologia antiquada, o Capitão Aleluia ilustra o covarde em uma posição de poder que usa a religião para disfarçar suas atitudes violentas. A Arlequina Consumista foi inspirada na Commedia Dell Arte, simbolizando o consumismo inconsciente, vaidade exacerbada e a crença na meritocracia. Já a Agro Miranda Tech é a personificação da mídia sensacionalista, que endossa o agronegócio com todos os seus crimes e transforma tudo em espetáculo com muito glitter, dança e distração. Com elementos multicoloridos e não convencionais, a banda explora o lúdico para criar uma cenografia verdadeiramente brasileira e divertida no novo clipe.
O trio, que vive uma jornada de experimentação na música, encontra o cerne de sua arte nesse lançamento, brincando com estilos diferentes e maior liberdade rítmica. A canção conta com instrumentos clássicos do ritmo carnavalesco como cavaco, surdo, chocalho, caixa e repique. O clipe teve roteiro e direção de Karinna de Simone ao lado da Pseudo Banda, direção de arte da Gama Art Studio e figurino/maquiagem de Rafael Santos.
A composição foi inspirada no poema Intertexto, de Bertold Brecht, e propõe uma ligação atemporal com o Brasil atual. O clipe traz uma releitura mais apimentada da versão original da canção, que está presente no primeiro EP da Pseudo Banda, É Agora, lançado em agosto de 2019. Composto por seis faixas autorais criadas ao longo dos quatro anos de banda, as temáticas de cada música são diferentes, assim como as sonoridades. Nas letras, a banda retrata sua visão de mundo e experiências pessoais vividas na juventude urbana.
SOBRE A PSEUDO BANDA
A teatralidade está na raiz da Pseudo Banda. O trio formado por Bea Pereira, Julia Rosa e Vinícius Árabe se conheceu quando trabalharam juntos uma montagem teatral em 2015, um verdadeiro encontro de trajetórias únicas e, ao mesmo tempo, complementares. As similaridades dos integrantes se destacam pela forte presença numa soma vocal que se tornou uma das características mais marcantes da banda.
A Pseudo Banda flerta com a Nova MPB e canta sobre o cotidiano urbano de forma pessoal e provocativa, propondo reflexões sobre o senso de comunidade e empatia. A relutância em se autointitular banda vem da vontade de ir além. Em uma banda de mentira, tudo é possível e as possibilidades para experimentação são infinitas.
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