Conseguindo uma identidade própria, o New Order anima baladas indies
Lançado na metade da década de 1980, Low-Life (1985) do conjunto britânico New Order, é um dos discos que trazem características típicas do conjunto britânico de rock e música eletrônica. Com uma pegada mais pop e dançante, é um álbum ótimo para animar baladas indies.
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O primeiro disco do New Order, Movement (1981), apesar de interessante, carecia de identidade própria. Isso porque o conjunto é formado pelos membros remanescentes do Joy Division, que teve fim com a morte do vocalista Ian Curtis. No decorrer dos discos, o novo conjunto foi ganhando seus próprios motivos e características. Os sintetizadores e os vocais de Bernard Sumner, que no primeiro disco soava quase idêntico aos de Ian, são elementos marcantes do grupo. Aliás, a presença do ex-vocalista era presente não só na voz, mas nos instrumentos do conjunto. Em Low-Life, já é outra história.
Outra coisa a se reparar, é uma pegada mais pop e palatável que foi surgindo gradualmente com o passar dos discos. Coisa parecida aconteceu entre o fim do Nirvana, que acabou devido às mesmas causas do Joy Division, e o surgimento da nova banda de seu baterista, Dave Grohl. Dizendo em palavras claras o Foo Fighters exala muito mais felicidade do que a primeira banda de Grohl que trazia muito da carga emocional de seu vocalista, Kurt Cobain. Claro que nenhum sentimento expresso por qualquer uma das bandas seja melhor ou pior do que outro, eles apenas são diferentes.
“Para nós, no Joy Division e no New Order, o lance sempre foi tocar sem trair a nossa música. Fazer isso era o único sucesso.” Peter Hook, baixista do Joy Division e New Order no seu livro Joy Division: Unknown Pleasures: a biografia definitiva da cult band mais influente de todos os tempos.
A faixa The Perfect Kiss, um dos grandes hits do grupo, foi lançada inicialmente como single em vinil de 12 polegadas. Também foi lançado um clipe (que é maravilhoso) com a direção de Jonathan Demme, diretor de filmes como O Silêncio dos Inocentes (1991) e Filadélfia (1993). A música também aparece em outros compilados do conjunto como Substance (1987), Internacional (2002) e Singles (2005).
No meio do disco tem uma faixa que soa estranha se comparada com o restante do registro. A canção Elegia se afasta do rock dançante e se aproxima muito mais de uma trilha sonora de um filme futurista estilo Blade Runner – O Caçador de Androides (1982), do que das demais faixas do disco. Além de não ter a presença de vocais, ela é mais soturna, como se a investigação do protagonista do filme de androides descobrisse um laboratório secreto de um cientista maluco e as coisas começassem a fazer sentido.
Na verdade, Elegia foi composta pelo grupo em homenagem ao falecido Ian Curtis. Em Low-Life ela aparece de forma resumida. A faixa completa tem mais de 17 minutos de duração e aparece no cinema no filme A Garota de Rosa Shocking (1986), do diretor John Hughes.
Low-Life também está incluso em diversas listas de melhores discos como da Revista estadunidense Spin que o colocou em décimo nos 25 melhores álbuns de todos os tempos. A britânica Revista Q na posição 97 nos 100 melhores álbuns britânicos de todos os tempos. Ele também está presente no conhecido livro 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer.
Deixando de lado a melancolia que cercava o Joy Division, ao longo da sua carreira New Order ganha uma identidade única que atraiu fãs do mundo todo. O disco Low-Life é então uma das expressões desse seu espírito renascido, mesmo ainda contando com membros e elementos da formação anterior da banda. Para quem não conhece nada a respeito é um excelente álbum “para gosta de New Order”.
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