Radiohead Amnesiac

Disco não é tão lembrado, mas é dono de uma personalidade única

A banda britânica Radiohead já passou por diferentes fases em sua carreira. Ok Computer (1997) é tido como um ponto de virada do grupo, passando de uma banda de rock típica dos anos 1990 para uma nova versão com sintetizadores e vozes computadorizadas. Em 2001 o conjunto lança o álbum Amnesiac, que traz uma versão mais íntima e experimental.

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Esse talvez seja o disco mais estranho do Radiohead. Tanto que a primeira vez que se ouve, não parece ser exatamente um disco de estúdio, no sentido mais estrito do termo. Ele se aproxima mais de compilados feitos por fãs ou edições de luxo lançadas em comemoração ao aniversário de lançamentos de alguns albuns. Coisa que o próprio grupo fez na comemoração de 20 anos do lançamento do OK Computer com OK Not Ok que trazia novas canções que ficaram de fora do lançamento original.

Capa do disco Amnesiac de 2001.
Capa de Amnesiac (2001)

Mas, Amnesiac é justamente isso. Ele é composto por canções que “sobraram” do disco antecessor, Kid A (2000). Para não lançar um disco duplo, o conjunto guardou as canções para um próximo trabalho. Isso explica um pouco das canções que tem uma cara de “inacabadas”. Elas vão em uma direção oposta a de outros hits do conjunto como Paranoid Android que é um complexo emaranhado de sons. Aqui, Thom Yorke e sua banda preferem o minimalismo. Chegando a canções como You And Whose Army? composta majoritariamente por voz e alguns poucos instrumentos.

Inclusive essa música, You and Whose Army?, protagonizou um dos momentos mais interessantes da última passagem do grupo pelo Brasil no Soundheart Festival em 2018. No momento que cantava essa canção, Thom Yorke tocava um piano e próximo ao seu microfone, havia uma câmera apontada diretamente para seu olho. Seu olhar, então, era projetado sobre um enorme telão no fundo do palco. A projeção e a voz de Thom parecendo sair de um megafone ou de auto-falantes de alguma instituição, dava a impressão de estarmos dentro do livro 1984, de George Orwell, recebendo um aviso do Grande Irmão. Durante a quarentena, o conjunto disponibilizou shows da sua carreira pelo Youtube, entre eles está essa apresentação em São Paulo que você pode ver completa aqui. A canção You and Whose Army? está por volta 19:48 minutos de show. 

Olho gigante observa o público durante a performance da canção You and Whose Army?, no Soundheart Festival em 2018. Uma das canções do disco Amnesiac.

Outra “arte visual” relacionada ao disco é o clipe da canção Knives Out. O vídeo, bem moderninho e plástico, tem direção de Michel Gondry. O cineasta que fez carreira principalmente nos anos 1990, dirigindo clipes de artistas como Bjork e filmes como Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (2004)

Por menor que possa parecer, comparado a outros trabalhos gigantes do Radiohead como o já citado Ok Computer ou o In Rainbows (2007), considerado por muitos o melhor disco deles, Amnesiac parece ter o que é mais essencial ao conjunto. Letras recheadas de conflitos internos, algumas guitarras que lembram as características dos dois primeiros discos e experimentalismos com vozes e sons como no caso da faixa Pulk/Pull Revolving Doors. Talvez não seja o melhor a ser indicado “para gostar de Radiohead”, mas para quem já conhece um pouco mais da carreira, certamente vai entendê-lo muito bem.

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