Conheça Madre, guitarrista por acaso e uma das atrações da Noite Minuto Indie

 

Luiza Pereira, mais conhecida pelo nome MADRE já estava dentro da cena musical, sendo ex-vocalista e tecladista da banda Inky! Madre começou sua carreira solo de uma maneira que ela não esperava, lançando o disco manifesto Vazio Obsceno” no final do ano passado. Um fato curioso é que Madre teve uma decisão ousada e extremamente crítica sobre o disco, ela lançou em Novembro de 2024 e prometeu que só vai ficar disponível nos streamings por seis meses. Depois deste período, o álbum só vai existir fisicamente, cópias do disco em CD e vinil estão sendo produzidas para um novo lançamento do álbum num futuro próximo.

 

 

Eu resolvi fazer o lançamento assim porque eu tenho muitas questões com o streaming e acho que muitos artistas têm, né? Mas nós também ficamos condicionados a achar que essa é a única forma de você divulgar sua música e de fazer as coisas hoje em dia, então eu comecei a pensar na falta de remuneração que o streaming trouxe, você ganha centavos com o streaming e são centavos divididos entre vários players ali. Também tem a questão que o streaming deixou a música muito descartável, eu acho… Então, juntando todas essas coisas junto com a vontade de retomar a relação com a comunidade, eu acho que a música sempre foi sobre isso, não quero muito saber de números, eu quero saber da minha comunidade, dos fãs reais que eu tenho ali, que sejam 50 pessoas de verdade. Eu prefiro isso.”

 

Madre vai trazer na íntegra o seu disco no evento Noite Minuto Indie em parceria com a SIM São Paulo. O evento acontece no dia 20 de fevereiro na casa A Porta Maldita, você pode garantir seus ingressos clicando aqui.

 

Capa do disco "Vazio Obceno"
Capa do disco “Vazio Obceno”

 

abaixo está a conversa que tivemos com a artista na íntegra:

 

Minuto Indie: Primeiro eu queria perguntar sobre o seu disco, pode compartilhar como foi a produção do seu álbum solo? Como foi as suas ideias para fazer esse disco, suas inspirações e tudo mais.

MADRE: Bom, esse disco aconteceu meio sem querer, porque eu não tinha a pretensão nem de voltar para a música, nem de fazer um disco. Mas aí, na pandemia, me dei uma guitarra de presente de aniversário. Eu não tocava guitarra.  E aí, como eu não tocava, eu tinha que inventar para eu poder tocar, então eu comecei a compor. num dia, eu encontrei o Lucas Villela, que produziu esse disco comigo, tocou bateria baixo. Ele perguntou o que eu estava fazendo e eu falei, “ah, eu compus umas coisas” , Ele falou, “não, vamos gravar isso antes de eu mudar para Berlim”, e então foi meio assim, no susto, sabe? Foi um processo muito orgânico também, eu não tinha a pretensão de fazer um disco, eu não compus pensando num caminho específico ou numa temática, eu só fui escrevendo um pouco do que eu estava sentindo e vivendo naquela época e observando no mundo e foi assim que ele nasceu.

MI:  E a idéia ousada de excluir o disco do streaming ainda está de pé ou você tem pensado em mudar isso desde o lançamento? 

MADRE: Não era blefe e também não mudei de idéia. Vou manter e cumprir! Tipo, hoje é basicamente só número e só isso importa, e mesmo assim, você sabe que eu tenho falado muito isso com as pessoas, porque todo mundo tem essa reação, né?Nossa, que ousado, não sei o quê”. Daí eu falo, vamos parar e fazer  as contas aqui. Se você vender CD, camiseta, merch, vinil, você vai ganhar o que você ganharia em anos de streaming. Então, na verdade, também é parar pra pensar um pouco no que de fato é real, sabe? E o que a gente foi condicionado a achar que é o jeito certo de fazer as coisas. Então, por isso que eu quis tentar um caminho novo e antigo, que é fora das plataformas digitais, porque eu de verdade não acho que isso é tão benéfico assim pros artistas independentes. Artista grande que tem milhões de streamings, aí a gente pode até falar que é um pouco diferente, mas pra artista pequeno, é muito complexo…. É também pensar se esse é o lugar que a gente devia estar ocupando e se preocupando tanto, sabe? (5:44) E pautando todo o lançamento em cima disso. Enfim, mas isso são coisas que eu penso, também não acho que esse é o caminho pra todo mundo. É só uma forma também de levantar uma discussão e de experimentar outras coisas.

MI: Você participou do Circuito, queria que você compartilhasse como é que foi esse estilo de turnê On The Road.  Tipo, foram vários shows em um curto espaço de tempo e conhecendo várias cidades do interior de São Paulo.  Como é que foi compartilhar esses espaços com as bandas?

MADRE: foi incrível participar. Eu acho que a gente não tem mais um modelo de circuito viável para as bandas independentes, né, e é muito legal que tenha alguém que está abrindo esse caminho para que essas bandas possam divulgar os lançamentos, conhecer um público novo, inclusive conhecer outros artistas. muitos desses lugares eu já toquei várias vezes antes, com a Inky, que é a banda que eu tinha antes. Então, foi muito legal revisitar também, né? O Asteroid, por exemplo, o nosso Mário é resistência ali. O Asteroid está vivíssimo há, sei lá, uns 15 anos, pelo menos. Espero que isso perdure e que seja um molde para outros lugares do Brasil também. Tô até agora pensando em fazer um feat com o Supervão, a gente ficou gravando umas coisas. Então, é muito legal ter essa troca entre os artistas. O rolê vai de encontro com o que eu já estou procurando com esse meu disco e com o meu lançamento, que é isso: fazer show e conhecer as pessoas, é resgatar a experiência mesmo da música, que não é só um play. É muito legal você ir num show, você conhecer pessoas, você viajar, legal para o público e para as bandas. Então, veio em boa hora.

MI: E a última pergunta é sobre o rolê da Noite Minuto Indie, quais são as suas expectativas? O que você espera? Vai ter coisa nova para quem vai para as apresentações?

MADRE: estou muito animada Até porque o Odradek é uma das bandas que eu mais gosto no Brasil, com certeza. Já toquei com ele várias vezes e agora em várias fases, porque até como madre, eu já fiz um show com o Odradek. eu estou muito feliz, nunca vi um show do Life Aquatic, então também estou animada para isso. Para quem não viu o meu show, eu toco o meu disco na íntegra, não na ordem das faixas, como está no disco, mas toco ele inteiro. Faz pouco tempo que a Desi reentrou na minha banda e ela foi a aquisição mais incrível possível, então, minha banda está muito legal! quem puder, vai ver esse show, vai lá, vai ter camiseta, vai ter merch, então, eu estou super animada para essa noite. Acho que vai ser muito legal e adorei, adorei que é uma noite do Minuto Indie, Fiquei muito feliz mesmo. 

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Autor

Escrito por

João Pedro Cabral

Fotógrafo e estudante de Produção Cultural que só queria ser um dos strokes e coleciona uns discos que encontra por ai.