Era uma manhã atípica de 11 de março. A data marcou o turbilhão de notícias que se espalharam nos jornais e consequentemente nas redes sociais sobre a pandemia do “novo” Coronavírus. Tudo muito novo e sem sabermos exatamente como prosseguir a partir dali, as medidas foram tomadas e os trabalhos e as formas de entretenimentos presenciais foram ferozmente afetados e paralisados. Nós, fãs de shows ao vivo, tivemos de nos contentar com as diversas e variadas lives para matar a sede em meio a seca.

Me lembro de abrir o instagram e ver inúmeros shows lives sendo realizados. Parece que aquele “novo normal” que tanto dizíamos, nunca foi normal de fato, pois não nos habituamos a esquecer o calor humano que o ao vivo traz. Assisti uma penca de lives, como Céu, Brvnks, Hotelo, Tim Bernardes, Anavitória, Papisa, Duda Beat, o Festival Sarará… e a lista vai longe. Temos muitas histórias para contar para a próxima geração, mas deixa isso para o futuro porque os shows presenciais estão voltando, aos poucos. Então vamos aproveitar o momento para contar histórias sobre shows presenciais e avivar nosso sentimento.

 

Festival com sensação de réveillon

Quem nunca passou por perrengues ou fez loucuras para ir em um show, principalmente sendo de outro estado? A quem diga que isso é essencial e até sente falta disso – entro nessa lista -, e Laís que o diga. “Aqui onde moro não tem grandes shows dos artistas que curto, geralmente internacionais. Mas acho que a experiência do Lollapalooza resume muita coisa.”, conta. Os dois Lollas, 2015 e 2018, em que esteve presente, contam muito de suas experiências. 

 

“Não é só ir até o show, é tudo que vem antes. Você tem a expectativa de conhecer um artista naquela experiência, se programa dez meses antes, compra passagem, reserva hospedagem, compra o ingresso, pensa em toda a logística, eu e meus amigos, para irmos a esse determinado show que vai durar 50 minutos ou 1 hora”, comenta.

 

Sobre o show que mais a marcou, diz: “Acho que o melhor show foi da Lana del Rey em 2018, era o último dia e a atração que queríamos assistir, pois somos fãs… Todas as pessoas ao redor estavam na mesma vibração cantando as mesmas músicas. De um lado tem uma menina chorando, do outro uma gritando, e foi quando achei que não era a única que sentia e que estava vivendo aquilo”.

 

Laís no Lollapalooza, 2018.

 

Quem já teve a oportunidade de viver esse tipo de experiência sabe bem como é esse frio na barriga de planejar tudo, ao mesmo tempo em que os pensamentos se atordoam ao pensar que tudo pode acabar dando errado, e às vezes até querer desistir, mas o frio na barriga vale a pena. “Estar ali com meus amigos e ter enfrentado uma jornada, marcou muito. Acabou o show, estávamos chorando e se abraçando como se fosse um réveillon, por que vivemos aquilo e estávamos ali”, finaliza contando sobre o último dia do festival.

 

Revistinhas do Sesc

“Cara, eu travei nas memórias de shows, porque parece algo tão distante que eu nem lembro das minhas próprias memórias”, essas são as primeiras palavras de Binha, seguido de: “Brincadeira, lembro sim”. Quase um ano e meio com os shows presenciais paralisados, ela me fez lembrar de uma das melhores lembranças que tenho, o Sesc. “Tinha a revistinha [de programação] do Sesc, eu sempre pegava e ficava folheando para ver se teria algum show massa para ir, e anotava na minha agenda as datas. Mas isso não significava que eu iria, era apenas para saber que naquele dia tinha show, ou teria que ir ao local comprar ingresso para não pagar a taxa e juntar dinheiro para comprar os merch”, comenta.

 

“Sou uma pessoa que chega atrasada infelizmente, mas em shows eu sempre chego bem antes para pegar um bom lugar. Aquela expectativa, a ansiedade de ficar esperando começar, e a empolgação quando você sabe que vai ter show”, relembra.

 

Toda nossa afobação para o ao vivo nos fizeram esquecer ou, quem sabe, apreciar certos estresses, como a cerveja por 12 reais nos festivais, as longas filas, o aperto no meio da multidão, o som estourando, os horários e a distância até o local. “Quando começou a anunciar os shows eu fiquei muito feliz, só que daí voltou o problema que eu tinha antes da pandemia. […] Tem muitos shows que estão acontecendo que é dahora, mas muito longe e uns horários muito ruim para ir. É uma das coisas que eu gostaria que mudassem”, diz ao mesmo tempo que deixa a sugestão de dois shows no mesmo dia, um mais cedo e outro para quem pode ficar até mais tarde.

 

Show d’O Terno no Sesc, por Binha

 

Ainda sobre lembranças, Binha se recorda de quando foi no show do Radiohead em São Paulo há três anos. “Quando começou a tocar “Weird Fishes” teve uma comoção absurda onde eu estava. As pessoas começaram a chorar, gritar, cantar e se abraçar, mesmo não se conhecendo. Foi muito comovente esse momento das pessoas confraternizando aquele momento em prol de algo muito incomum”, conclui.

 

O avivamento dos shows presenciais

Não conseguimos reviver o que já vivemos, mas felizmente podemos criar novas memórias. Afinal, nem só de lembranças vivemos, certo? Questionada sobre as expectativas para o retorno dos shows e festivais, Binha diz ter vontade estranha. “Tenho uma vontade muito estranha de um dia chorar em um show e eu nunca consegui fazer isso. Já estive perto de ficar muito emocionado e chorar, mas nunca fiz isso. Acho que essa é minha expectativa dos próximos shows, assistir e chorar de tanta emoção com os amigos”.

Laís diz estar ansiosa para o Lollapalooza, pois será a volta de tudo. “Tudo indica que terá o Lolla, estamos torcendo para isso, mas só vou acreditar quando chegar lá. […] Essa volta depois de tantos anos de frustrações, vai ser ainda mais especial”. Além do festival, conta que percebeu não dar valor para os shows locais. “A volta dos shows vai mudar muito minha perspectiva de me abrir para assistir coisas novas”, termina.

Ainda sobre os shows que mais esperam ver nesse retorno, cada uma parte para um lado. Enquanto Laís esperava por Lil Nas X, Travis Scott e Twenty One Pilots no Lollapalooza e Billie Eilish fora do festival, Binha aguarda King Gizzard & Lizard Wizard, a banda DIIV, Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo e Juçara Marçal.

Diferente da freada brusca no começo da pandemia, o retorno vem sendo aos poucos – é sempre bom lembrar que ainda estamos em uma pandemia e todos os cuidados devem ser mantidos. Como é bom sentir que fazemos parte de algo tão incrível, não é? Os shows parecem ter essa capacidade e, sinceramente, estou contando os dias para sentir tudo isso novamente. Tenho certeza que vocês também!

 

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Autor

  • Bruno Santos

    Em horário comercial é escritor, criador de conteúdo, publicitário, estudante de Publicidade e Propaganda e colaborador do canal Minuto Indie. Fora dele é ex-fã da antiga banda One Direction e viciado em escutar os mais diferentes estilos musicais.

Escrito por

Bruno Santos

Em horário comercial é escritor, criador de conteúdo, publicitário, estudante de Publicidade e Propaganda e colaborador do canal Minuto Indie. Fora dele é ex-fã da antiga banda One Direction e viciado em escutar os mais diferentes estilos musicais.