Foto: Divulgação/Rio2C

As possibilidades de futuro para o mercado musical é pauta dos especialistas na conferência carioca

Uma das maiores conferências de audiovisual da América Latina, a Rio2C, resolveu incorporar música e inovação e passou a ser, no ano passado, a Rio Creative Conference.

O evento tem sua programação durante a semana voltada para os profissionais do mercado, contando com palestras, pitchings, rodadas de negócio e muito networking pelos corredores e durante o fim de semana se abre ao público geral com a Festivália.

Assim como no ano passado, os ingressos que dão acesso à conferência custam a partir de mais de um salário mínimo. O recorte no valor do ingresso naturalmente reflete no público que atende ao evento: adultos de classe média ou alta.

Mas, em uma surpresa positiva, em raros momentos isso pareceu mudar e esses foram um dos mais marcantes do evento. Algumas palestras trouxeram debates sobre as narrativas de gêneros musicais como o rap, o samba e o funk.

Sobre os participantes

Dentre todos esses momentos, ver o funk finalmente ocupando esse espaço com Ludmilla, DJ Pedro Sampaio e FP do Trem Bala como representantes foi emocionante e ganhou dimensões ainda maiores no contexto que estamos.

Tem algo de especial em presenciar uma das poucas plateias realmente diversas de todo o evento ecoar gritos de liberdade ao DJ Rennan da Penha, um dos principais nomes da cena do 150BPM carioca que foi preso injustamente na semana passada no Rio de Janeiro.

Assistir o FP dar início ao painel nervoso e chorando emocionado por estar ali e terminar dançando um pouco mais confortável nos faz refletir sobre como o caminho de luta contra a perseguição do funk segue complexo, mas que precisamos persistir.

Música também é audiovisual e ninguém melhor que o atual maior canal de música do YouTube no mundo para falar sobre isso. Kondzilla lotou o teatro para contar sobre sua trajetória, seu modelo de negócio e seus projetos futuros. Apresentando o funk como mais do que apenas a música, como representante de uma parcela que pouco se vê representada.

O Kondzilla então passa a ser também um portal de comportamento, além de um outro canal no YouTube para lançar novos talentos no gênero.

Música por AIs

Não só por gente é feita a música. O pesquisador francês François Pachet nos apresentou a música feita por Inteligência Artificial.

Combinando texturas e estruturas e levando em consideração as métricas de consumo musical obtidas nos serviços de streaming, foi desenvolvido o Hello World: o primeiro álbum composto por inteligência artificial.

O resultado é uma mistura de gêneros em músicas chicletes que já somam mais de 10 milhões de streams.

Uma delas é apresentada no vídeo abaixo.

Soa estranho mas não o suficiente para não acabarmos nos acostumando com mais músicas assim no futuro.

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=QgD9y9aBhSc[/embedyt]

Elza Soares

Antigos conhecidos também causaram comoção no evento. Muitas lágrimas foram derramadas ao ouvir Elza Soares contar sua história e saber que ainda há muito a ser dito por ela.

As composições das trilhas sonoras de Heitor TP foram apresentadas no encerramento do evento, pela Orquestra Petrobras Sinfônica e receberam incansáveis aplausos por parte do público que estava tão emocionado quanto o compositor.

Além de reflexões e lembranças, também há espaço para descobertas.

Novos nomes da música brasileira se apresentaram no pitching para profissionais da indústria durante a semana e para o público geral no fim de semana.

Dois destaques musicais que valem a pena conhecer são:

  • Jonathan Ferr com seu jazz hipnotizante.

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  • Mariana Volker com seu pop cativante.

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=b2coaN1-a8o[/embedyt]

 

Houve um momento em que o mediador do painel “Narrativas do Hip Hop” questionou aos quatro homens que compunham a mesa sobre a situação da mulher no gênero.

O rapper e cantor Baco Exu do Blues respondeu “acho que deveria ter uma mulher aqui, né?” e foi ovacionado.

Situações como essa nos mostram que o evento é reflexo do mercado sobre o qual e com que fala e que há muito o que caminhar. O futuro da música não foi definido, se é que é possível tal previsão, mas é traçado com ares de esperança pela constante renovação e maior inclusão.

Rio2C

https://www.youtube.com/watch?v=onEYxTy-Qq8

Autor

Escrito por

Maria Luísa Rodrigues

midióloga de formação e jornalista de profissão. no Minuto Indie desde 2015 e em outros lugares nesse meio tempo.