Ambivalente lança nesta sexta-feira (6) o álbum Adam Sampler Vol.1. Escute aqui, antes de todo mundo.

Diretamente do Rio de Janeiro, Rodolfo Ribeiro, conhecido artisticamente como Ambivalente, lança nesta sexta-feira (6) seu segundo álbum de estúdio, o Adam Sampler Vol.1. Com produção que soa como uma experimentação caseira de altíssimo nível, o álbum é uma colisão desse experimento de samples, produção e a figura meio trágica do Adam Sandler. Pode parecer meio conflitante, né? Essa é a proposta.

Há quatro anos nascia a ideia do projeto. Voltando esses anos, lembramos que o mundo passava por uma época maluca, a pandemia causada pela Covid-19. O projeto traz marcas daquela época, como pinceladas de intimismo e as rotinas cansativas longe de todo mundo. Todo esse tempo que passou desde então, foi de muita mudança e trabalho para o artista. “A intenção do disco mudou bastante. No começo, planejava algo mais direto e pop. […] O disco acabou virando mais uma performance de laptop, misturando vozes não totalmente afinadas, com beats bem no grid e vozes secas junto com um instrumental com mais reverb”, conta.

Rodolfo é multifunções, daqueles artistas que fazem tudo – compõe, produz, mixa, masteriza e mais – e talvez a semelhança com Adam Sandler vá além. O ator já participou de vários filmes, sem deixar de lado sua originalidade, como o artista. Além de seu projeto como Ambivalente, também desdobra seu trabalho e já deixou sua marca em projetos de outros artistas, como no último disco de Matheus Who.

A diferença entre trabalhar com outras pessoas e em seu próprio disco é que “o processo de autocrítica pode ser muito intenso”, ele diz. Não à toa foram quatro anos apostando em efeitos, distorções e manipulações através da música eletrônica enquanto se mostra como um compositor mais forte e sarcástico, em seu lançamento. Curioso para saber como ficou? 

Escute com exclusividade o álbum Adam Sampler Vol.1: 

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Quer saber mais do álbum?

Ambivalente contou para nós detalhes do disco e que música indicaria para Adam Sandler. Leia abaixo.

Minuto Indie: Como se sente lançando o segundo disco? O primeiro veio acarretado de uma pandemia, né? Imagino que barrou muitos planos que tinha. Esse chega com uma ansiedade extra?

Rodolfo: Acho que você tocou em um ponto crucial. A pandemia realmente mudou tudo, inclusive a minha relação com o projeto. No primeiro disco, a ideia sempre foi circular tocando com uma formação de banda, até porque fazia sentido para o som. Fizemos quatro shows antes de tudo fechar.

Como acredito que aconteceu com a maioria dos artistas, comecei a pensar no próximo disco, que sempre foi planejado para ser feito com a mesma formação dos shows. No entanto, o fato de não podermos estar no mesmo ambiente para construir as músicas fez com que eu seguisse um caminho mais individual na produção, fazendo outras músicas e resultando em uma sonoridade que é a antítese do que fazíamos antes.

Esse novo trampo vem com um frio na barriga extra, pois eu coordenei todos os processos do início ao fim. As ideias, tanto de tema quanto de sonoridade, são bem específicas. Tem um peso maior nessas decisões, já que foram tomadas única e exclusivamente por uma pessoa.

Minuto Indie: Você conta que passou 4 anos na produção do disco e que é uma experimentação caseira. Ouvindo a música ‘Celular’, percebo que ela reflete aqueles dias de isolamento na pandemia. Esse é um projeto que nasceu naquele período? O que você consumia que te serviu de influência?

Rodolfo: A maioria das canções nasceu em 2020, no meu quarto, e também foi gravada lá. Naquela época, eu ainda não trabalhava com produção e não tinha um espaço tratado acusticamente como tenho hoje para fazer meus projetos. 

Muitas das limitações que me frustravam começaram a se transformar em possibilidades à medida que fui estudando. Até o fato de não conseguir finalizar uma produção de forma tradicional acabou virando uma característica específica de algumas faixas, especialmente depois que comecei a me inspirar em artistas como Dean Blunt, que brincam com essas imperfeições.

Muitas coisas foram gravadas nos intervalos entre um compromisso e outro. Me sinto muito próximo dos artistas independentes com quem trabalho nesse aspecto, porque, às vezes, não temos o luxo de escolher o melhor momento para gravar o take. As coisas acabam se formando no instante e com os recursos que temos à disposição. Reforço isso porque muitos dos conteúdos de produção que consumimos são voltados para artistas gringos que têm toda uma equipe por trás, e nós, que estamos começando, acabamos nos perguntando por que não alcançamos aquela qualidade. Acho essa comparação bem desumanizadora.

Minuto Indie: O que mais mudou no disco, desde o início até seu lançamento?

Rodolfo: Acho que o que mais mudou foi a quantidade de músicas. Esses dias estava olhando no HD e vi que fiz 23 músicas para esse projeto. Sempre quis ter 12 faixas, mas mesmo com uma variedade de sons é importante para mim que o disco tenha coesão. Acabei reduzindo para 6 faixas porque sinto que elas contam uma história.

Além disso, a intenção do disco mudou bastante. No começo, planejava algo mais direto e pop. O último single, “AMADA”, dava um pouco dessa direção. Fiz várias músicas nesse estilo, mas muitas delas não me representavam; soavam perfeitas demais. O disco acabou virando mais uma performance de laptop, misturando vozes não totalmente afinadas com beats bem no grid e vozes secas junto com um instrumental com mais reverb. Adoro essas contradições, haha. Brinquei com a música orgânica e eletrônica, e acabou se tornando algo mais pessoal e interessante pra mim.

Minuto Indie: Você esteve trabalhando com Matheus Who nesse último disco. E agora lança o seu trabalho. Como é para você, esse lance de trabalhar para si versus trabalhar para outros artistas?

Rodolfo: Acho que, quando to trabalhando com o Matheus ou com outro artista, consigo ser mais objetivo e construtivo. Trabalhar sozinho tem seu valor, especialmente quando você tem uma visão muito específica, mas o processo de autocrítica pode ser muito intenso. Acho que é por isso que o disco demorou tanto para mim. 

Em cada etapa — produção, mixagem, masterização — eu precisei me distanciar do meu apego às coisas, viver outras experiências, começar e terminar outros trabalhos, para então voltar como uma pessoa diferente, com uma escuta mais ativa para a função que eu queria executar.

Minuto Indie: Qual música do disco você indicaria pro Adam Sandler ouvir?

Rodolfo: Gosto muito de “Celular” porque é uma faixa que exprime tudo o que me interessa como artista e tudo o que quero transmitir nesse trabalho. Não pensar no sample apenas como o ato de samplear, mas também nas combinações inéditas que os recortes podem gerar. 

Um amigo querido, ao ouvir a faixa, comentou que parecia um “reggaeton do Sufjan Stevens” e que essa combinação soava muito errada para existir, haha. Achei essa definição incrível. O que mais me fascina nas coisas são justamente os acidentes.

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Lançamento do álbum previsto para 06 de setembro nas plataformas digitais.

Autor

  • Bruno Santos

    Em horário comercial é escritor, criador de conteúdo, publicitário, estudante de Publicidade e Propaganda e colaborador do canal Minuto Indie. Fora dele é ex-fã da antiga banda One Direction e viciado em escutar os mais diferentes estilos musicais.

Escrito por

Bruno Santos

Em horário comercial é escritor, criador de conteúdo, publicitário, estudante de Publicidade e Propaganda e colaborador do canal Minuto Indie. Fora dele é ex-fã da antiga banda One Direction e viciado em escutar os mais diferentes estilos musicais.