Banda paulistana recém-formada se apresenta no 5 Bandas neste sábado (26), em São Paulo

Entre Osasco e São Paulo, surge uma nova expoente do rock alternativo, a Monstro Bom. Composta por Gabrielli Motta (vocais e guitarra), Igor Bearer (baixo), Felipe Aranha (guitarra) e Ian Ferreira (bateria), a banda teve seu primeiro trabalho lançado em agosto do ano passado, um EP de altíssima qualidade chamado Verde Limão. A banda já vem tomando conta de alguns palcos da cena alternativa de SP, e agora compõe o lineup do Festival 5 Bandas, que acontece neste sábado (26), na Casa Rockambole, em São Paulo. Para os preparativos, batemos um papo com Gabi, Igor e Ian sobre essa trajetória inicial na música como banda independente. 

9 meses após o lançamento do EP, algumas ideias já tiveram o devido tempo para amadurecer. O Verde Limão foi a primeira faísca desse trabalho e favoreceu muito as futuras ideias de gravação e de consciência da banda. O baterista Ian Ferreira reconhece um amadurecimento significativo na postura de palco e nos métodos de gravação. Como elemento favorável desse ponto inicial na trajetória artística, a banda aponta o estúdio caseiro, sendo um excelente espaço para testes, tentativas e erros. 

A identidade de Monstro Bom se encontra em construção, e ainda é cedo para fortes afirmações de estilo, já que existe muita vontade de explorar novos timbres e dinâmicas nas futuras gravações. No entanto, o ponto diferencial da banda está no ao vivo, e essa face como banda precisa ser atravessada pelas conexões estabelecidas por meio do palco, seja com o público ou outros artistas. A esperança é de que se abram muitas possibilidades para eles mostrarem quem são por meio das apresentações. 

Em meio a essa caminhada dos shows foi gravado o primeiro EP, e a banda compartilhou um pouco desse processo: “alguns mixadores ou produtores falam que você nunca termina uma mixagem de música, você só para de fazer, então ao lançar, já era… Se deixar, você fica eternamente mexendo na música e falando, pô, isso daqui tinha como ser melhor, então tem que se desapegar um pouco.” E na diferença de se apresentar já tendo gravado e lançado as faixas, existe uma maior tranquilidade de readaptar a faixa. Ian ressalta no palco, é possível mudar para o sabor aquele público do dia quando se encontram está com uma outra força, podendo até fazer um improviso e passando outra mensagem. 

Quanto ao resultado do primeiro trabalho, a reação comum é de satisfação e felicidade absoluta. No entanto, existe um receio de que seja limitante estabelecer alguma das faixas lançadas como guia para as futuras produções. Dos possíveis referenciais para os próximos trabalhos, os integrantes indicaram a possibilidade de seguir o fio das faixas Monstro Bom e Verde Limão, mas isso não quer dizer de forma alguma que não haja abertura para novos desafios líricos, estilísticos e rítmicos. 

No quesito referências, Gabi aponta para parceiros da cena paulistana que são também espelhos — Pelados, Sophia Chablau, Sela Canto — não restritos à inspiração no som, mas também na trajetória. E no lugar de compositora, seus ouvidos brilham mais com a gangue das garotas com guitarra, como Angel Olsen, Julia Jacklin e Cat Power. Igor está do mesmo lado de sentir enorme respeito pelas bandas da cena que conseguiram despontar e ocupar um lugar maior, como o O Terno e os próprios Boogarins, parceiros de palco no 5 Bandas. Já Ian se volta mais às referências basilares, indo de Linkin Park a Cassia Eller, mas também passando por fontes de inspiração em trabalhos recentes como The Black Keys e Khruangbin. 

Construir uma banda independente é notoriamente um processo recheado de dores e delícias. Os desafios para a Monstro Bom residem na tentativa de equilibrar a banda com a vida paralela de cada um dos integrantes, já que são 4 pessoas que precisam se desdobrar para muito além de músicos e se tornar simultaneamente produtores, diretores artísticos, designers e outras infinitas funções. No lado das delícias, porém, Gabi demonstra que o lado positivo está especialmente na liberdade e espaço para testes, muito importante nesse começo de jornada.  

É consenso que tocar no 5 Bandas representa um enorme passo nessa trajetória da Monstro Bom e uma excelente oportunidade de mostrar seu som para os fãs de suas bandas favoritas. O coração bate forte, mas segue na mesma proporção que a empolgação para se apresentar para um público acolhedor de novas bandas do horizonte indie. Dá pra esperar uma entrega muito sincera desse show por cada um dos integrantes, e então ficar na torcida para que o primeiro álbum da banda possa ser logo gravado e colocado no mundo. 

Autor

Escrito por

Rafaella Murad

pesquisadora de canção e aspirante à jornalista musical, mas sendo e fazendo mil coisas no caminho.