Conversamos com a banda sobre o disco The Phantom Five, colaborações e ser viral na internet

 

A banda californiana de dance-rock AWOLNATION vem se preparando para lançar o seu novo disco de estúdio The Phantom Five, com lançamento previsto para o dia 30 de agosto. Com uma forte influência no rock alternativo e letras reflexivas, o grupo liderado pelo cantor Aaron Bruno, lançou como prévia recentemente duas faixas presente no álbum: Panoramic View e Jump Sit Stand March.

Panoramic View é uma faixa bastante sentimental e intimista, uma verdadeira carta de Aaron Bruno para seus futuros filhos falando que o mundo é um lugar bastante assustador, mas que temos que ser otimistas, pois no final tudo ficará bem. É notável a melancolia dessa faixa e a distinção com seus trabalhos anteriores, onde as teclas de um piano substituem as carregadas batidas eletrônicas presente em toda a discografia da Banda.

nossa primeira música, Panoramic View, foi a escolha que fizemos, é muito emocionante para mim escolher uma música que eu escrevi sobre minha família que vem do coração e vai com isso, você sabe, não só porque é uma música que eu gosto e na qual acredito, mas é a música mais sincera do álbum e é por isso que eu escolhi.

Jump Sit Stand March, a faixa mais recente, conta com a colaboração da artista Emily Armstrong, vocalista da banda Dead Sara, a faixa aborda a frustração de tentar agradar a todos, e foi inspirada por uma citação do escritor britânico C.S. Lewis, autor da série “As Crônicas de Nárnia”.

Emily é um ótimo ser humano, uma pessoa muito realista e estavamos flertando com a ideia de fazer algo juntos há vários anos, ela estava disposta e arrasou na música.

AWOLNATION é conhecido pelos hits “Sail” e “Run”, duas músicas muito presentes em diversos vídeos na falecida rede social Vine, além da música “I’m On Fire”, presente na trilha sonora do filme “Cinquenta Tons de Cinza “. A banda esteve presente no Brasil em 2014 para o Mix Festival. Conversamos com Aaron Bruno sobre o aguardado lançamento de seu novo álbum, a entrevista pode ser vista na íntegra abaixo:

Minuto Indie: Já faz tempo desde sua última passagem pelo Brasil. Você está sentindo falta do seu público? Como tem sido a interação com eles desde sua última visita?

Aaron Paul: Bom, o melhor da capacidade atual de se conectar com as pessoas é que mesmo que eu não vá há algum tempo, ainda me sinto conectado com os fãs brasileiros que temos e me comunico com eles o tempo todo e vejo o que eles estão fazendo. pensando, como eles estão se sentindo em relação às músicas. E mesmo que eu não vá a algum tempo, não me sinto completamente desconectado e mal posso esperar para voltar ai!

Minuto Indie: agora sobre seu novo álbum. Minha primeira pergunta é sobre a arte da capa. Eu simplesmente amei a capa. Achei muito curiosa e diferente dos seus álbuns anteriores. Você poderia falar um pouco sobre como essa capa foi criada?

Aaron Paul: Adoro a ideia de pessoas construindo coisas. O primeiro álbum chama-se Megalithic Symphony, e a ideia por trás disso era que essa estrutura megalítica apareceu sem qualquer explicação, que é o que é uma estrutura megalítica, e eles estiveram lá ao longo da história. Então, pensei que seria divertido criar uma narrativa fictícia, você sabe, sobre o símbolo da AWOLNATION aparecendo no oceano e então, pensei que seria adequado agora no quinto disco, apropriadamente chamado de Phantom Five, para este grupo de caveiras para tentar construir uma versão em madeira do que viram pela primeira vez  há vários anos no oceano. Então é apenas uma continuação dessa história e dessa jornada que estamos trilhando desde o primeiro álbum.

Capa do disco The Phantom Five

Minuto Indie: Então, este é o seu primeiro álbum original desde 2020. Gostaria de saber suas inspirações para esse álbum. A pandemia teve algum impacto na composição das músicas? Há quanto tempo você está trabalhando neste novo lançamento?

Aaron Bruno: Eu tive muito tempo, sabe, porque o mundo inteiro parou, para fazer conteúdo original porque tinha acabado de lançar Angel Miners and the Lightning Riders, o último álbum original. E quando você completa um disco, a última coisa que você quer é começar a escrever novas músicas imediatamente. Eu pelo menos só quero respirar e, emocional e criativamente, parar um segundo para olhar para trás e ver o que fiz para melhor e para pior. Mas com isso, fui capaz de dedicar-me à criação do Phantom five. E sabia que teria muito tempo, porque percebi que eles não nos permitiriam fazer shows novamente por um tempo. Eles não nos permitiriam interagir com a família por um tempo. E então aproveitei isso como uma oportunidade e abaixei a cabeça e pensei, ”ok, só quero escrever as melhores músicas que for capaz, então, quando chegar a hora e estivermos livres novamente para nos encontrarmos e nos vermos, estarei preparado.” E demorou muito mais do que eu imaginava para o mundo voltar ao normal, seja lá o que for. Mas você sabe, mesmo quando eu saí em turnê há algum tempo, as pessoas ainda sentiam medo e sentiam que tínhamos que usar máscaras e tudo mais. Então, tipo, ainda não parecia completamente normal, e agora parece. O mundo parece uma loucura, eu sei, mas as pessoas vão aos shows e se soltam muito mais agora do que antes. Então, acho que é um bom momento para que os amantes da música estejam interessados ​​em descobrir novas músicas. Porque se lembre, quando todos nós passamos por isso como um mundo juntos, você só queria ouvir música antiga, música nostálgica, dos anos 90, início dos anos 2000 e tudo isso e voltar para um lugar antes de todo o inferno começar. Então eu acho que as pessoas estão interessadas em músicas novas novamente e é um momento muito emocionante.

Minuto Indie: E sobre as colaborações, como foi trabalhar com Emily e Del the Funky Homosapiens? Quero muito ouvir a música com Del, estou curioso! 

Aaron Bruno: Sim, Emily Armstrong, a vocalista do Dead Sara, é uma ótima cantora. E ela, ela me parece a versão feminina de mim mesmo, ela grita como eu e ela sempre foi ótima. Não que eu esteja dizendo que sou ótimo, mas nós dois temos um alcance semelhante em vários aspectos. Então eu estava procurando alguém para o segundo verso da música, Eu não queria me ouvir novamente naquele segundo verso, às vezes isso acontece como cantor quando você pensa ”eu quero outra pessoa”. Sobre a música com Del the Funky Homosapiens estou muito feliz com o que vem ai, Quero dizer, Del é um dos mais icônicos top cinco, top dez, pelo menos, rappers de todos os tempos, o que ele fez com Deltron, o que ele fez como artista solo, o que ele fez com o Gorillaz. Acordo todos os dias e não consigo acreditar que estou numa música com ele, que ele concordou em estar na minha lista. Eu simplesmente amei!

Minuto Indie: Última e longa pergunta. Bem, você foi um dos primeiros artistas impactados pelo poder das redes socias em termos de viralidade musical. O Vine transformou ‘Run’ em um verdadeiro hit, sendo utilizada em diversos vídeos daquela plataforma na época. Hoje em dia vemos muitos artistas se tornando virais nas redes sociais como o TikTok lançando trends e danças para o som, e quero saber sua opinião sobre como as redes sociais impactaram as carreiras das bandas e a produção musical. Você acha que essas redes sociais e trends podem ser muito importantes na divulgação do seu trabalho, ou acaba sendo uma preocupação na hora de lançar material novo?

Aaron Bruno: A resposta curta é que ninguém sabe o que está fazendo e acho que isso é bom. Então, o poder das grandes gravadoras, dos anos 90, 2000, acabou, e isso é uma coisa boa. Então eu sinto que o poder da música e da arte, da comédia, da mídia, literalmente da mídia social, foi retomado por nós, e o que quero dizer com nós, somos amantes da música, fãs de arte em geral. Então não, ninguém tem as respostas. Nunca saberei quais músicas vão decolar no TikTok ou em diferentes meios de mídia social e ou por quê e isso é uma coisa positiva para mim porque, há 20 anos, todo mundo entraria em uma sala se você fizesse parte de uma gravadora, especialmente grandes gravadoras, e um monte de gente decidia qual deveria ser o single e depois passava isso para o resto do mundo e “espero que o mundo concorde”. Agora, parece que o mundo está tomando a decisão por você. E embora decidamos sobre certos singles e o que queremos fazer, é mais importante para nós olharmos para o que as pessoas estão dizendo e como estão reagindo, em vez de forçarmos isso às pessoas. E este é o primeiro lançamento que  tive que não tem uma gravadora e tem sido muito divertido. O resto vai se resolver, mas tenho certeza que a música mais estranha do disco vai acabar sendo aquela que as pessoas mais conhecem, porque esse parece ser o caminho que minha música segue e sou muito grato por isso.

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Autor

Escrito por

João Pedro Cabral

Fotógrafo e estudante de Produção Cultural que só queria ser um dos strokes e coleciona uns discos que encontra por ai.