Com exclusividade para o Minuto Indie, o duo de rock instrumental goiano can sad fala sobre o novo disco “Escatologia”. O duo formado por Luís Feitoza (Bateria) e Henrique Agahdez (Baixo) deu a sua primeira entrevista,. Nessa entrevista, o duo falou sobre o seu álbum de estreia, ‘Escatologia’, como se conheceram, as dificuldades e muito mais!

Reprodução – Acervo Natália Michalzuk

Para o Minuto Indie estar aqui, entrevistando vocês, tudo tem um início. Como vocês se conheceram e decidiram formar o can sad? Qual é a origem do nome do duo?

Henrique: “Bem, tudo começou no início de 2022. Eu tinha me mudado de Caldas Novas para Goiânia para trabalhar e arrumei um emprego na mesma empresa em que Luís trabalha. Só levei um objeto além das minhas roupas: meu contrabaixo, já que ele poderia ser um item de decoração, pois eu tinha desistido da música e parado de estudar o baixo. Eu estava tímido, até que vi ele com camisas de banda como Tool e Fresno, pensei: esse cara manja dos biriginati. Daí conversamos sobre música, descobri que ele tocava bateria, e percebemos que temos gostos parecidos. Tivemos a ideia de formar uma banda. Decidimos fazer testes e formações com guitarristas e vocalistas diferentes, num processo de 4 meses, mas acabamos decidindo fazer um duo de cozinha (baixo e bateria).”

Luís completa: “E o nome Can Sad foi dado pelo Henrique de forma despretensiosa  sobre estarmos cansados sempre e, brincando com a ideia de misturar fonética do português com inglês. e aí, perfeito: o conceito da banda no nome: A Sociedade do Cansaço (livro e conceito escrito pelo filósofo sul-coreano Byung-Chul Han).”

As cidades de Caldas Novas e Goiânia influenciaram vocês? Quais são as suas inspirações musicais para formar esse som do can sad? Tem algum gênero que can sad se encaixaria? 

Luís afirma: “Goiânia e o estado de Goiás são conhecidos pelo sertanejo, mas a cena de música independente de Goiânia sempre foi forte. Um dos selos mais conhecidos de música independente (se não o maior) é daqui: A monstro discos move por aqui há mais de 25 anos (Goiânia Noise, Bananada). Então a real influência foi assistirmos um cenário muito forte que sempre tá surgindo música boa, indie, rock, metal… Há tantas bandas autorais e há um algum espaço para bandas independentes (os festivais).

Bem, na can sad, posso colocar tudo que me inspira e ouço. Sou o típico baterista brasileiro que quer colocar nosso ritmos no rock, então sempre estou brincando de meter um baião em uma música mais new metal. Sou muito do rock anos 90, principalmente do new metal. Sou fã do System (System Of A Down), Radiohead, Deftones, Tool, Russian Circles e post-rock como um todo. E o que nos uniu muito como banda: O match rock (Toe, Tricot, Odradrek, Elephant Gym).”

Henrique completa: “Sou uma pessoa que tá num momento de equilíbrio perfeito. Admiro muito o jazz, principalmente nomes como Jaco Pastorius, Marcus Miller, mas também gosto de heavy metal, principalmente de uma linha que fica entre o thrash, como Megadeth e um technical death metal, como Beyond Creation. Muitas pessoas dizem que nosso som soa como Primus, Red Hot Chili Peppers. Temos também influências de Bixiga 70, Toe, T-Square. Então, seria um rock instrumental que tem a brasilidade como um plus a mais.”

Mesmo vocês já tendo gravado um ótimo debut, quais são as dificuldades de trilhar o caminho dentro dessa cena independente?

Henrique começa: “Já para começar, não temos um guitarrista e um vocalista, algo que já desinteressa uma parte considerável do público. Mas é interessante ao mesmo tempo. Bateria e baixo são sempre escanteados para o lado da guitarra. Todos querem ver a firula que o guitarrista faz com a guitarra, enquanto todos ignoram a cozinha da banda. Há uma repulsa do público com música instrumental. Pensam que é música erudita, mas não é. Algumas casas e um público mais “tiozão” preferem bandas tributo e de cover do que bandas autorais da cena. Não julgo, também gosto de som antigo. Mas, sendo um duo de bateria e baixo, despertamos uma curiosidade imensa do público. Tocamos em um festival pequeno de metal e o pessoal vibrou pra caralho. Nunca tinha visto tantas pessoas entusiasmadas falando sobre nosso som. Estamos vendo isso na internet, exemplo mesmo do Minuto Indie, que ajudou e está ajudando na divulgação do can sad.”

Por fim, podemos ter no futuro mais músicas e produtos do can sad? O que significa Escatologia para vocês?

Luís fala: “Nosso próximo passo é gravar novas músicas, Temos 6 novas marcas pra gravar só que dessa vez vamos soltar como singles. Vamos tocar quase todas essas novas nós próximos shows para ver a recepção do público. Vamos captar no Coruja Estúdio e produzir novamente com o querido Gustavo Vazquez, famoso ROCKLAB, que já está com a gente desde o Escatologia na engenharia, mixagem e produção. Certeza que esse ano ainda pelo menos 3 músicas novas serão lançadas.

E ‘Escatologia’ é um campo de estudo da teologia sobre como enxergamos o fim do mundo. E aí, esse nome e a relação com o nome das músicas já diz tudo.”

Henrique completa: “Veja a capa do Escatologia. Veja o relógio surrealista derretendo. O tempo da nossa existência está se esgotando por causa do capitalismo, e nós estamos vendo isso enquanto dançamos nossa destruição. Estamos cansados de viver nesse sistema. É esgotamento sem fim. A saúde mental não é frescura, conforme alguns ignorantes falam. ‘Samba Enredo do Fim do Mundo’ mostra isso bem. Escatologia é uma doutrina da teologia que trata do destino final do homem e do fim do mundo, e estamos vendo isso. Sou pessimista, mas é isso que Escatologia significa para nós”, falando com entusiasmo e encerrando assim essa entrevista.

Ouça Escatologia, álbum do can sad:

Queria agradecer pelo espaço que o Minuto Indie me proporcionou para fazer a entrevista. Eu estava ansioso e nervoso, mas o pessoal do can sad foi muito atencioso e gentil comigo. Sigam o can sad no Instagram: @oicansad.

Confira escatologia no Spotify!

 

Autor

Escrito por

Giovanni

Fã de prog, metal, jazz e indie.