Revelação da cena argentina, músico encantou o público com talento e carisma em sua estreia no país
Pela primeira vez, o Brasil recebeu um dos maiores nomes da atualidade na cena indie rock da América Latina. Mateo Sujatovich, o “Ruso”, finalmente veio ao país com seu projeto Conociendo Rusia. Com três discos de sucesso já lançados, vencedor do Grammy Latino e do Prêmio Gardel, ele fez sua estreia ao público brasileiro com a “Solo Tour” para duas apresentações em São Paulo e Porto Alegre, com a produção de Tomate Maravilha.
Em ambos os shows, Esteban Tavares foi o nome escolhido para a abertura. Além de um grande fã, suas composições também se conectam com as do artista portenho. Um “esquenta” que funcionou muito bem.
O Minuto Indie esteve no Bar Agulha (POA) para conferir esse show que encantou de vez o público fiel que aguardava a vinda do argentino desde 2020. Nos últimos anos, Ruso vem sendo chamado pela imprensa musical como “a grande promessa do indie rock latino”, batendo recordes de público e já revolucionando a cena mainstream na Argentina.
Nesta turnê em formato íntimo, ele nos convida a apreciar suas canções da maneira em que elas vieram ao mundo, acompanhadas somente com a guitarra, piano ou violão. O cenário do palco é ambientado para que a plateia se sinta em casa para entender a sutileza de cada composição.
Seu segundo disco “Cabildo y Juramento” (2019) é predominante na escolha do set, mas tem bons motivos: é ali que estão as canções mais potentes do portenho. Com os primeiros acordes da guitarra elétrica, ele se surpreendeu com um público que cantava junto “Luces de Neón”, seguida de “Se me hizo tarde” e “Otra oportunidad”.
“Não sou bom no português e tampouco no portunhol, mas espero que consiga me comunicar bem com vocês hoje aqui”, disse ele já ganhando uma plateia que lhe devolveu em toda a apresentação o mesmo sorriso e simpatia. Mergulhados nesta intimidade e emoção, os fãs entoaram juntos “Puede Ser”, por vezes cantando até mais alto que o próprio compositor. Ficou claro que ele não esperava tanto carinho e comoção.
A partir dali ele definitivamente conquistou a plateia brasileira. Ao piano, a sutileza de músicas como “Cicatriz”, “La Luna” e a pop “A La Vez” encheram o Agulha de sorrisos de quem nem sempre se arriscava no portunhol para acompanhar os refrões. Um silêncio tomou conta da casa de shows que sucumbia em aplausos emocionados.
Sem que fosse necessária uma grande banda de rock acompanhando o set, o talento e a simpatia do argentino tornaram o show gigante. Suas referências musicais como os Beatles e as melodias de McCartney em carreira solo, estão muito presentes também nos sucessos “30 años” e “Quiero que me llames”, esta última lembrando muito outro argentino, Fito Paez.
Para o bis, “Cabildo y Juramento” foi celebrada pelos fãs. Brincando com a referência do título que leva o nome de duas ruas conhecidas de Buenos Aires, ele pergunta qual seria o nome se a canção fosse ambientada em São Paulo e Porto Alegre. Sorrindo, o público responde sem pestanejar “Ypiranga e São João”, assim como “Lima e Silva e Sarmiento”.
Já no bis, Ruso encerra o show com a música do primeiro disco e seu maior sucesso “Loco en el desierto”, deixando a plateia cantando em coro uníssono o refrão e sendo aclamado por quem aguardou tanto tempo para vê-lo ao vivo. “Porto Alegre, espero voltar em breve e da próxima vez junto com a minha banda, será incrível”, prometeu.
De fato, Conociendo Rusia não é mais uma promessa. Por aqui, mesmo que com apenas dois shows em duas cidades diferentes, ele já deixou um sentimento de grandeza. Não por ser um rockstar ou alguma celebridade, mas por trazer a sua arte que encheram corações e ouvidos. Sem dúvidas, foram 90 minutos de ótimas canções, onde celebramos o talento e carisma de um dos nomes que já faz história no cenário musical da América Latina. ¡Vuelve pronto, Ruso!
Créditos das imagens: Duda Rocha/MI
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