Com badbadnotgood, Raça, Dinosaur Jr., Ana Frango Elétrico, Paira e mais, o festival paulistano provou que só ele pode ser o que é.
Se Balaclava Fest começa com B e o badbadnotgood também era a única banda a começar com b no line-up, chamaremos de destino.
A edição de 2024 aconteceu no dia 10 de Novembro no Tokio Marine Hall, espaço que virou a casa do festival.
Chegamos antes mesmo dos portões abrirem. Mas a verdade é que foi difícil abrir espaço para ver, ouvir, pensar ou falar sobre qualquer outra coisa depois do que presenciamos com o badbadnotgood.
Por sorte, existem anotações que nos fazem relembrar, então, por ordem, confira como foi o Balaclava Fest 2024.
Paira (com banda)
O duo mineiro assinado com a Balaclava apostou num novo formato para o festival. Com baixo e bateria somados à programação e suas guitarras, o som da Paira preencheu o espaço do Palco Hall com seu drum & bass de quem também é um pouco dos rocks. Teve música inédita, as canções do EP e também o single recente “Preciso ir”.
Boa parte do público parecia estar descobrindo a banda ali, com poucos cantando as músicas ou empolgados ao ponto de pular nas mais fritas – como vimos no Festival 5 Bandas. Como disseram nossos amigos do Sonzeira da Massa numa conversa depois do show, foi menos uma “massa sonora” indescritível, vimos um show mais organizado, mais profissa. Funcionou. Era só passar pelos corredores no final para ouvir burburinhos positivos. Ganharam alguns fãs.
Raça (com doideira)
A banda mais subestimada do Brasil subiu ao palco em sequência.
Deu pra ver que o Raça se divertiu lá em cima, nós também. Até mesmo as músicas do novo disco, 27, já soavam como hits – não à toa, um dos melhores lançamentos do ano. Uma banda de amizades, de comunidade, mas que tá aberta para convidar todo mundo a fazer parte. Mesmo com público ainda tímido, foi um dos shows que te fazem sair direto pra comprar uma camiseta na banda do merch.
Doideira, com destaque pra participação do saxofonista Gal Go na sequência final com sua parceria “Eu penso”. Fez o palco sumir e a gente esquecer que tava numa casa de shows das maiores, mais frias.
Ana Frango Elétrico + Nabihah Iqbal + badbadnotgood fora dos palcos
Somadas porque vimos um pedacinho de cada.
Ana Frango Elétrico estava excelente como sempre. Mas, como é uma artista que vemos com frequência, esse gostinho de ser apenas mais um ótimo show de Ana nos fez decidir dar aquela pausa pra comer – parece piada, mas é muito necessária.
E foi uma ótima escolha. Encontramos Alex e Leland do badbadnotgood na área do merch justamente neste intervalo, batemos um papo, fingimos costume e fomos comer.
Depois da Ana, foi a hora de um dos shows que mais aguardávamos: a britânica Nabihah Iqbal. Mas, infelizmente, o Palco Hall não comportou todas as pessoas que – como nós – gostariam de ver o show.
Esse é um dos pontos negativos do Tokio Marine Hall – a dinâmica dos dois palcos é ótima, mas seu posicionamento não favorece a circulação entre eles e a área de alimentação e o fumódromo.
Por isso, vimos apenas algumas músicas e não conseguimos entrar no clima do show, com a galera passando pela área e conversando. Desistimos. Mas, tem tudo pra ter sido ótimo. Fica a dica pra ver alguma performance dela online.
Badbadnotgood: os headliners morais
O badbadnotgood voltou ao Brasil com mais vontade do que nunca, principalmente seguindo as apresentações do ano passado no MITA. Como nos contaram no encontro pelos corredores e também em entrevista, o show do Balaclava Fest era uma oportunidade de reparar o gostinho de frustração que ficou ao tocar diante de uma área VIP desinteressada na sua última visita.
O trio canadense chegou com um repertório do seu recente disco Mid Spiral (2024), mas não deixou de tocar alguns de seus hits como “Confessions”. Surpreendentemente, o recém-lançado single “Poeira Cósmica”, parceria inédita com Tim Bernardes e Arthur Verocai, ficou de fora do setlist. Fica como desculpa para uma próxima visita.
Mas, honestamente, nada fez falta. Ao subir ao palco, o badbadnotgood fez qualquer um esquecer que ali era um festival – que haviam bandas antes e que viriam depois. Mesmo com o baterista Alex mencionando o Dinosaur Jr. diversas vezes durante a apresentação, a verdade é que eles foram as grandes estrelas da noite.
Ao vermos o show ao lado da house mix, pudemos ouvir o som dos projetores analógicos que rodavam manualmente durante toda a apresentação. Foi uma imersão como nunca vimos em um show do badbadnotgood antes, principalmente ao considerar que estávamos num festival. Um show sem grandes surpresas, mas que renova a esperança e a paixão por sonoridades em (quase) qualquer um.
Water From Your Eyes + Dinosaur Jr.
Em poucas palavras, não foi pra gente. Vimos apenas uma música do Water From Your Eyes. Na na sequência do badbadnotgood, foi difícil captar a atenção.
Quanto ao Dinosaur Jr, parte por ignorância e parte por desapego geracional, foi difícil sustentarmos para além de três músicas – mas ficamos surpresos com a dedicação do público que – visivelmente, através de camisetas, bonés e outros merchs, vieram para ver a banda.
Resumão do Balaclava Fest 2024
A Balaclava consegue botar de pé um festival como poucos. Afinal, o Balaclava Fest não chegou à sua 14ª edição sem mérito.
Há pontos de melhoria, claro, principalmente relacionados à experiência do festival, entre circulação do público na casa e a capacidade que parece já estar querendo aumentar.
Mas ser independente não é fácil, ainda mais no médio porte. Trazer artista gringo, levar a galera até a Zona Sul de São Paulo (mesmo com a vantagem do domingo de ENEM, com transporte público gratuito), começar e terminar cedo, conseguir patrocínio e não se comprometer com tal..
Diante do mar de festivais que surgem a cada ano, o Balaclava Fest mostra que tem um espaço só seu já reservado na agenda dos indies brasileiros. É pra bater palma.
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