Evento acontece neste sábado (22), com 10 bandas, 4 delas com mulher no vocal

O inédito e gratuito CarnaRock Osasco, que acontece neste sábado (22) na Praça do Samba, reunirá 10 bandas do rock alternativo nacional, cada qual com sua relevância no meio, seja como destaque entre as novatas do meio, as experientes com um público cativo ou aquelas que podem até já ser apontadas como referência deste circuito.

Entretanto, o que chama atenção pra valer do evento, organizado pela Orangeira Music com apoio da Prefeitura Municipal de Osasco, é o fato das quatro principais bandas terem mulheres como vocalistas, algumas que também assumem uma guitarra.

As bandas com mulheres à frente no CarnaRock Osasco são Deb And the Mentals, Teorias do Amor Moderno, Putz e Vir Go. A banda de abertura, a BMBC, também conta com a força feminina por meio da guitarrista Carol. Cidadão Cafeína, Azoo, Expresso Valvulado, Radio Attack e Sukinho di 10, formadas exclusivamente por homens, completam o lineup do ‘carnaval de rock’. Os shows começam às 11 horas.

As respectivas mulheres vocalistas que participarão do CarnaRock Osasco estão contentes pela atenção dada à representatividade feminina. Débora, a idealizadora da headliner Deb And the Mentals, discutir e incentivar a presença de mulher no rock faz com que produtores tenham o cuidado de ter uma banda com este perfil em eventos e festivais, possibilitando, por consequência, que o público preste atenção nisso.

“A representatividade feminina no rock é histórica, muitas mulheres do rock foram os ícones que me influenciaram para ter uma banda desde adolescente. O que muda, hoje em dia, é que é algo mais falado, o tema voltou à tona”, afirma a Deb. “Tem que aproveitar isso para fazer barulho no dia a dia, fazer valer este discurso”.

Giovanna, vocalista e guitarrista da novata Putz, banda que em menos de um ano de formação já é destaque nacional, comenta que o reconhecimento da mulher no rock ainda é “penoso”. “A luta da mulher no rock é bem parecida com a luta na sociedade como um todo: igualdade. As mulheres são tão capazes quanto vocês homens, a diferença é que nós estamos ali tocando apesar de todos os obstáculos que encontramos por aí, sejam eles externos ou internos, como a insegurança, por exemplo”.

A frontwoman da Putz também ressaltou a necessidade de mudança de pensamento de mentes masculinas quanto à presença de bandas com mulheres no circuito e pregou menos discurso enfadonho e mais vontade de “fazer direito”. “Na boa, acho que o que falta aí é calar a boca, escutar e entender o porque acharam ruim. Tem um monte de mina arrebentando por aí, sempre teve! O feminismo, a sororidade, tem funcionado muito bem entre as mulheres, a gente se ajuda, a gente chama pra tocar junto, a gente procura saber e reconhece”.

Com o recém-lançado single “Depois do Sol”, a Teorias do Amor Moderno tem a presença forte de Larissa Alves nos vocais e guitarra, que aponta a evolução da questão no meio rock do país.

“A representatividade da mulher vem se fortalecendo em todos os âmbitos da sociedade e o rock é um ótimo cenário pra essa luta. Cada vez temos visto mais mulheres no palco, temos 13 anos de Teorias e por muitos anos, na sua maioria, éramos a única banda do line com uma mulher na linha de frente”.

No entanto, Larissa não se esquece das lutas diárias para legitimar-se no meio. “Hoje estamos tomando espaço, por mais que ainda exista o machismo enraizado em muitos lugares que estamos, pois um cara com uma guitarra na mão é um guitarrista, uma mina com guitarra na mão, tem que provar que toca. E por isso que digo que o rock é um ótimo cenário, porque as mulheres estão provando e fazendo muita gente provar da força que a mulher tem em qualquer esfera que ela decida fazer parte. E nós da Teorias estamos ocupando esse espaço e fortalecendo a figura feminina no rock”.

Outra banda nova é a Vir Go, mas com a veterana Madame Mim à frente. O primeiro single, “Lunes”, que até o momento foi lançado apenas na Kiss FM, será tocado no CarnaRock Osasco. Ela  aponta a relevância de afirmação e respeito à figura feminina no rock.

“É muito importante as mulheres terem representatividade no rock nacional. Tenho banda faz tempo e, hoje, vemos mais mulheres tocando, o que é lindo. A sensibilidade e inteligência emocional das mulheres é muito diferente e também precisa ser retratada é representada na música. Qualquer área que você ve só tem um lado, ou que um é mais proeminente que outro, fica deficitária. As mulheres têm um lado importante pra expor”.