BADBADNOTGOOD

Apresentação marcante leva público a loucura em São Paulo

Em uma noite cheia de surpresas, BADBADNOTGOOD e Arthur Verocai protagonizaram um dos show mais impactantes do ano. Célebre por resgatar a sonoridade do jazz e da lounge music junto sons mais “jovens” como o hip hop e o new r&b, os canadenses do BADBADNOTGOOD voltaram a São Paulo depois de um ano e meio longe dos fãs brasileiros. O quarteto de Toronto veio ao país pela terceira vez, com produção do Monkeybuzz, que encerra a sua série de shows em 2019, que trouxe ao país variados nomes relevantes do cenário alternativo atual, desde Kimbra a Men I Trust. Diferente da última vinda do grupo, dessa vez eles se apresentaram na Audio ao invés do Cine Joia, e dividiram o palco com o renomado maestro brasileiro Arthur Verocai. Apesar do show ser numa quinta-feira (08/11), a casa estava bem cheia.

Foto por Yuri Murakami

Show fora do padrão

A tônica virtuosa envolvente do BADBADNOTGOOD se fez presente desde o primeiro instante do show, espantando o estigma apático geralmente associado ao jazz. Nos primeiros ressoares do saxofone de Leland Whitty, o público avolumado frente ao palco transmitiu a banda os primeiros suspiros calorosos, não se contendo a apenas contemplar a virtuose dos músicos. Ao jeito da banda, as músicas seguiram sua execução de forma fidedigna, porém intrigantemente surpreendente. Assim, a banda trouxe uma das principais virtudes da sonoridade do jazz ao vivo: manter o “purismo” técnico entrelaçado elegantemente ao brilhantismo da improvisação. Com uma carreira decenária sólida, a banda figura como um dos principais nomes atuais por sua destreza em transitar fluidamente por gêneros, algo que carregam consigo ao palco.

Em um ritmo quase ininterrupto, o baterista Alexander Sowinski brilha ao guiar a cadência e as transições das músicas, promovendo momentos de catarse sonora. Além do seu protagonismo natural quanto a performance, Alexander também é o “locutor” da banda na comunicação com o público. Entre algumas músicas, ele fez questão de deixar claro o quanto ele e a banda estavam felizes de estar ali, e também pediu para que as pessoas externassem seu entusiasmo da maneira que lhes cabiam. Dançando, gritando, pulando, de qualquer maneira. O público que já estava totalmente envolvido, promoveu também sua parte no show, principalmente na sequência das músicas ‘And That, Too’ (do álbum IV, de 2016) e ‘Triangle’ (do álbum III, de 2014), chegando a pular efusivamente na parte final de ‘Triangle’, marcada pelos sintetizadores catárticos, assumidos momentaneamente pelo saxofonista Leland Whitty. 

Arthur Verocai

Foto por Yuri Murakami

De maneira emocionada, o baterista Alexander Sowinski promoveu o momento mais esperado da noite. Convidou ao palco o maestro Arthur Verocai e sua orquestra, que foram recebidos com alto respaldo do público. Antes mesmo de guiar qualquer nota a ser tocada, Arthur Verocai correspondeu a admiração do público num primeiro contato emocionado, saudando da forma mais simpática possível o público paulista. O “rufar de tambores” na energia do público foi contemplado com um grande momento no encontro das duas atrações. A dinâmica em cima do palco era exuberante. A emoção dos músicos do BADBADNOTGOOD se entreolhando e seguindo Arthur era um show a parte. As músicas do repertório do maestro junto a sagacidade inventiva proposta pelo BADBADNOTGOOD, deram um direcionamento mais cadenciado e contemplativo ao ânimo do público.

Foto por Yuri Murakami

Apresentação conjunta

Após um set inicial tocado conjuntamente pelas duas atrações, Arthur Verocai com sua orquestra, junto a brilhante cantora Paula Santoro, trouxe ao palco da Audio algumas de suas clássicas composições como ‘Sylvia’ e ‘Caboclo’ do seu celebrado álbum homônimo de 1972. A excitação do público teve uma leve mudança, deixando um pouco de lado a “tensão” contemplativa ao ver a fusão de ritmos do BADBADNOTGOOD. Ainda assim, o ímpeto continuou intacto. Ao final de sua apresentação, Arthur Verocai convidou o BadBadNotGood de volta ao palco para tocar sua mais renomada composição, ‘Na Boca do Sol’ (Arthur Verocai, 1972). A extasiante resposta do público foi instantânea, e não seria nenhum exagero marcar esse como o ponto alto da noite.

Foto por Yuri Murakami

BADBADNOTGOOD

Encerrando a noite com uma última música, o BADBADNOTGOOD mais uma vez rendeu o público brasileiro num misto de admiração e êxtase. Mantendo sua assinatura, o grupo trouxe a premissa jazzística do “sound matters first” em uma autêntica e inventiva performance. Tendo lançado alguns singles em parcerias recentemente, sendo o último ‘nervous’, junto com Jonah Yano neste ano. O BADBADNOTGOOD captura bem o espírito “no genre” dessa década ao mesmo tempo que propõe perspectivas ainda mais curiosas para o seu futuro.

Setlist

1. Speaking Gently
2. Boy Lee
3. Chickpea
4. Arp
5. And That, Too.
6. Triangle
7. Kaleidoscope
8. Blue pt. 2
9. Lavender

Participação – Arthur Verocai
10. Karina
11. Presente grego
12. Pelas sombras
13. Na Boca do Sol

Encore:
14. (Unknown)New Song

Mais notícias no Minuto Indie.

Inscreva-se em nossa newsletter. Utilize a aba lateral e informe seu e-mail. Receba notícias antes de todo mundo!

Autor

  • Luan Gomes

    Viciado em descobrir sons novos e antigos, mas sem abrir mão de uns hits batidos tipo "The Real Slim Shady" do Eminem. Perde um dia de vida toda vez que vê a pergunta "o rock morreu?"

Escrito por

Luan Gomes

Viciado em descobrir sons novos e antigos, mas sem abrir mão de uns hits batidos tipo "The Real Slim Shady" do Eminem. Perde um dia de vida toda vez que vê a pergunta "o rock morreu?"