Vagabon, uma multi-instrumentalista que está causando um barulho no cenário indie-rock. Conversamos com ela sobre seu novo álbum.

Para quem ainda não conhece, Lætitia Tamko, que artisticamente atende pelo nome de Vagabon é uma cantora multi-instrumentista que nasceu em Camarões, mas mudou-se com a família para os Estados Unidos aos 13 anos.

A sua música tem característica intensa e sentimental. É um indie-rock que sabe ter todas as mais variadas referências com uma classe que poucos artistas, nos primeiros álbuns, conseguem ter. Em algumas músicas é uma mistura do melhor The 1975 de alguns anos atrás a um toque do indie-rock os anos 2000, em outras tem umas pinceladas do R&B da H.E.R com uma sinceridade Alanis Morissette.

Mas apesar das comparações, faz um som único que é necessário para a cena atual do indie-rock.

E tudo isso acompanhado de letras honestas e pessoais. Honestidade com a sua arte pode ser considerado o ponto central de sua obra. E na nossa geração que compra mentiras de Instagram e que infelizmente transpassa para a música, honestidade nunca soou melhor.

Seu último álbum teve uma ótima recepção entre os críticos, na Pitchfork recebeu uma nota 8.5 e entrou na categoria de “melhor nova música”.

Conversei com ela nesta quarta-feira (24) sobre suas expectativas com o show no Brasil no Balaclava Festival, que acontece em São Paulo no sábado (27),  música brasileira e até astrologia.

Confira: 

M.I: O Balaclava Festival vai ser sua primeira vez no Brasil, correto? Você está animada?

Vagabon: Sim, estou muito animada.

M.I: Você já ouviu alguma música brasileira antes?

Vagabon: Sim! Eu, na verdade, tenho alguns álbuns que eu gosto de escutar. Eu estou muito empolgada com a possibilidade de escutar mais música brasileira. Infelizmente, eu não lembro os nomes. (Risos)

M.I: Bom, você nasceu em Camarões mas cresceu nos Estados Unidos, qual o país, musicalmente, você acha que influenciou mais a sua música?

Vagabon: Eu acho que igualmente os dois. Porque eu tenho um grande relacionamento com a música africana, mas também tenho um relacionamento com a música americana, através da rádio, você sabe?! Eu acho que os dois fazem parte da minha forma de tocar guitarra e de como eu componho músicas e as melodias que eu escrevo.

M.I: Tem uma boa parte da música brasileira que tem grande influência em música africana. Não tanto a parte da Bossa Nova, mas a música que vem mais do nordeste do país. É incrível. Você com certeza deveria ouvir.

Vagabon: Nossa! Eu ia adorar, por favor, me mande algumas recomendações.

M.I: Sim, claro! Eu soube que antes de você decidir fazer música, você estudava engenharia na universidade. O que você acha que fez você perceber que era música que você deveria estar fazendo?

Vagabon: Então, eu acho que… (risos) não sei, talvez seja sobre onde eu venho, amar o seu trabalho não é sempre o caso, é um extremo luxo, então, eu sinto que o fato que eu claramente, mesmo que na engenharia eu era boa, na música eu fico melhor emocionalmente, faz com que eu me sinta em casa. Você sabe quando você faz algo que parece ser exatamente o certo para você?! Mas apesar de ser uma verdade, é um luxo.

Então, quando eu lancei na internet, o meu primeiro álbum, eu realmente, eu demorei um bom tempo para aparecer, e fazer disso o meu trabalho, porque parecia bom demais para ser verdade. E agora esse é o meu trabalho. (risos)

M.I: Mas isso é ótimo, estamos muito felizes que você esteja fazendo música. Adoramos o seu último álbum, é fantástico, ele é bem emocional. Eu fiquei bem conectada com a sua música e o que você tinha para dizer. Eu estava curiosa, como é o processo de fazer música para você? Porque é tão pessoal, que parece ser intuitivo, ou você consegue sentar e dizer “agora é hora de escrever músicas” e você consegue por todas essas emoções e sentimentos de uma vez?

Vagabon: Sim, é muito emocional para mim. eu estou realmente colocando meu coração e cantando sobre eu mesma, e é um assunto emocionalmente difícil. E assim, nem sempre tem um sorriso no meu rosto enquanto estou cantando, porque quando faço isso é muito vulnerável, mas se torna bem triunfante quando todos os sentimentos são colocados em um álbum ou música.

M.I: Na sua música “Cleaning House” no primeiro minuto parece que você está falando sobre grande problemas da nossa sociedade. Na sua opinião, um artista deveria estar falando sobre os problemas sociais  ou deveria ser deixado para políticos?

Vagabon: Eu não sei, eu não tenho a habilidade de dizer o que artistas deveriam ou não fazer, eu respeito as pessoas que fazem, dos dois jeitos. Para mim, que é o único lado que eu posso falar sobre, eu quero ser uma boa pessoa, e falar das coisas que eu acho que são corretas, na minha música eu só quero o mais honesta possível, a honestidade de algumas pessoas podem parecer com a minha, outras pessoas não.

É um tópico muito complicado de falar, algumas pessoas não estão prontas para falarem, ou não estão prontas para colocarem em suas músicas. E também quando você está apresentando essas músicas, você sabe, enquanto na turnê, de alguma maneira pode ser emocionalmente falando, bem carregado. Eu acho que pode ser das duas maneiras, mas o que realmente importa é ser honesto na música, eu acho que se é honesto, e é genuíno, então eu provavelmente vou gostar.

M.I: Eu assisti sua performance no Getty Museum de “Full Moon in Gemini”. Como foi isso?

Vagabon: Foi muito divertido. Foi legal de ter uma orquestra no show ao vivo, foi um dia muito divertido para apresentar algumas músicas. É um museu tão maravilhoso, eu realmente adorei por ser uma performance bem de exploração, e como no show foi uma boa experiência.

M.I: Você gosta de astrologia, ou “Full Moon In Gemini” (lua cheia em gêmeos, em tradução livre) é só um nome?

Vagabon: Eu gosto sim de astrologia!

M.I: Bom, mas a música não foi lançada ainda. Como está o processo do novo álbum. Você tem alguma data, nome, para contar para a gente?

Vagabon: Eu não posso dizer o nome do álbum ainda, mas o álbum vai ser lançado muito em breve, no verão (norte-americano) , bom o álbum vai lançar esse ano. E vai ser sobre o que eu tenho vivido nos últimos dois anos.

M.I: Estamos ansiosos! Seu primeiro trabalho publicado foi em 2014, se você pensar sobre isso, foi quase ontem. Quando você decidiu começar a fazer música, você almejou ser algo maior. Você pensou que em alguns anos você estaria em uma turnê pela Europa, e indo até para o Brasil?

Vagabon: Não, eu comecei a fazer minhas músicas, e  a escrever no Bandcamp, e aí comecei a fazer shows locais, e depois comecei a viajar por Nova York, e alguns anos depois eu fiz um álbum. Eu trabalhei muito atrás “nos bastidores” para chegar ao ponto que eu estou, mas mesmo assim, me choca que eu esteja viajando pelo mundo tocando algumas músicas que eu escrevi na minha vida. É doido.

M.I: Deve ser! Qual é sua parte favorita de estar em turnê?

Vagabon: Minha parte favorita da turnê, tem que ser explorar as cidades, e os países que eu vou. Eu realmente amo conhecer como é a comida, como são os museus, os parques, e as pessoas e a língua. Eu realmente sou fascinada com a conexão, sabe? Ir a lugares que eu não sei a língua, eu falo francês, então eu provavelmente vou ficar “acho que eu entendi algo” aí, mas é muito empolgante estar imersa em outro país e eu gosto muito disso.

M.I: Bom, Lætitia muito obrigada. Espero que você se divirta muito no Brasil e que a música brasileira possa influenciar seu novo álbum.

Vagabon: Muito obrigada! Por favor, me mande  recomendações de músicas do norte e nordeste do Brasil. Vou adorar!

M.I: Pode deixar, muito obrigada!

 

 

O Balaclava Fest acontece hoje (27) em São Paulo.

Serviço

Local:  Audio (av. Francisco Matarazzo, 694, Barra Funda).

Sábado (27), a partir das 17h.

De R$ 150 a R$ 340.

 

Confira “Fear & Force” do álbum “Infinite Worlds” de Vagabon:

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=akGBRTV3SZE[/embedyt]

 

 

 

Confira o último vídeo do canal Minuto Indie:

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=w9YMfHbtUmc[/embedyt]

 

Autor