Belau

Conversamos com o duo sobre o processo de criação de ‘Colourwave’, um lançamento totalmente conduzido pela conexão com os elementos naturais, em especial, a água

Desde o início da pandemia da Covid-19, quando começamos a perceber a necessidade de nos recolhermos em nossas casas para diminuir as chances de contágio, a natureza respondeu. Inúmeras vezes, sentimos – e ainda estamos sentindo – que nossas ações são grandiosas no que diz respeito à vida do planeta Terra. Já vimos as manchas de poluição diminuírem nesse período de isolamento, águas cristalinas como não testemunhávamos há tempos, e até os animais se encorajaram a andar por aí sem tanto domínio humano. Já passou da hora de agradecer à natureza pelas pequenas e grandes coisas, e o duo húngaro Belau lançou um trabalho cheio dessa gratidão.

Como se fosse uma coleção de hinos de contemplação ao meio-ambiente, e em especial, aos oceanos, o novo álbum do duo, chamado ‘Colourwave‘, nos convida a refletir sobre quem somos nós nessa vasta imensidão que é nosso planeta-casa. No início do mês, Belau disponibilizou uma das faixas do álbum, a entitulada ‘Rapture‘. Como te contamos aqui na época deste lançamento, a canção interpretada pela voz de Kirstine Stubbe Teglbjærg conduz quem a escuta à incrível sensação de liberdade, de poder voar para onde quiser.

Como ‘Rapture‘, mais faixas do ‘Colourwave‘ foram construídas de forma colaborativa. Além da preocupação em trazer o simbolismo intenso da natureza nas canções, Peter Kedves e Krisztian Buzas, que formam o Belau, se atentaram a firmarem parcerias com artistas mulheres. O fato de as músicas do ‘Colourwave‘ terem sido interpretadas por vozes femininas faz com que a sensação do contato com a natureza seja mais intensa ainda. Isso acontece devido à nossa cultura da mitologia, que indica o que é natural como o que é materno, do ventre e da fertilidade da mulher, como a própria representação da “Mãe Natureza“, ou da “Mãe Terra“.

Somente pela produção sensível e conceitual, ‘Colourwave‘ já mereceria ser escutado. Mas a sonoridade eletrônica e trip-hop feita pelo duo também é outra característica magnífica. Para contar um pouco sobre esse processo de criação do novo álbum, e de toda a trajetória do duo, conversamos com Peter, uma das mentes responsáveis pelo trabalho do Belau. 

Entrevista – Peter Kedves do duo húngaro Belau

MI: Como vocês tiveram o primeiro contato com a música?

Peter: Quando nós éramos crianças, ouvíamos vários tipos de música, do metal ao rap, e começamos a tocar instrumentos por volta dos 16 anos.

MI: E como foi que começou a trajetória do Belau? Quando vocês tiveram a ideia de se juntarem como um duo?

P: Eu e Chris nos conhecemos quando tínhamos 10 anos, nós eramos colegas de classe e melhores amigos, tivemos muitas experiências boas na música, mas nunca tínhamos tocado juntos, até que eu comecei a trabalhar no Belau depois de uns anos. Não sabíamos que isso ficaria tão grande e que tocaríamos em quase toda a Europa.

MI: O som de vocês tem um poder de levar o ouvinte a um outro espaço. No caso de ‘Rapture’, quem ouve a música sente como se estivesse navegando em um oceano azul e cristalino, mantendo uma conexão com as vidas que existem no fundo do mar. De onde é que vem essa inspiração e esse desejo de enaltecer a natureza através da música e do gênero trip-hop?

P: O Belau tenta dar abrigo ao ser humano moderno através de sua música (o que representa o caminho para a autoconsciência através da profundidade do indivíduo), criando batidas eletrônicas modernas e elegantes com letras nostálgicas para consolar a mente… sempre inspirado pelos elementos fundamentais da natureza, em especial o oceano infinito. 

MI: Como foi o processo de criação de ‘Colourwave’? 

P: Primeiro nós fizemos os acordes e as batidas, depois as harmonias vocais e por último as letras com as vocalistas convidadas. Cada canção é um caso diferente, uma história diferente, como ela se desenvolve. Nós pedimos a todas as vocalistas para participarem dessa jornada com a gente, e nós estamos muito felizes por termos canções com essas artistas tão talentosas. Também é um conceito, que sempre trabalhamos com mulheres. Escrever canções com elas foi realmente diferente com todas elas. Nós não encontramos com algumas delas, mas nós conversamos sobre o Belau, o conceito e nossos pensamentos antes do processo criativo. 

MI: Qual é sua canção favorita de ‘Colourwave’?

P: É difícil escolher uma para mim. Mas seria uma das músicas instrumentais, a chamada ‘Natural Pool’. Mas se alguém ouvir Belau pela primeira vez, eu recomendaria ‘Essence’ ou ‘Risk it All’ para a primeira vez.

MI: O que esse segundo álbum da carreira significa pra vocês?

P: Significa muito pra nós. É um lançamento mais reflexivo, que oferece um abrigo para o ser humano moderno através da música, onde os ouvintes podem mergulhar em si mesmos e em seus pensamentos. ‘Colourwave’ é um lançamento conceitual de várias camadas que, na base, tenta representar um caminho para a autoconsciência, usando os sons da natureza misturados com batidas precisas e modernas. Também se apoia nas mensagens da natureza que nos cerca, especialmente o mar. No topo, digamos que o Belau continuou o conceito geográfico, familiar da era do ‘The Odyssey’ (álbum anterior), que desta vez reflete musicalmente e visualmente às mil cores do Caribe. 

MI: Como vocês se sentem representando a Hungria no mundo da música eletrônica?

P: Felizmente fizemos muitos shows internacionais, tocamos em rádios, o que é algo ótimo. Não imaginávamos isso em anos atrás, mas estamos muito orgulhosos!

MI: Com a agenda de shows cancelada durante a pandemia, o que vocês estão fazendo agora? Pretendem lançar mais coisas no futuro?
P: Nós precisamos remarcar toda a turnê de lançamento do álbum, mas esperamos começá-la por volta de agosto… e que nós tenhamos cumprido todas as datas em 2021. Esperamos muito por algum convite brasileiro!
MI: O que vocês gostariam de dizer para as pessoas que estão ouvindo o som de vocês ou conhecendo agora?
P: Continuem ouvindo nossa música, vivam o momento com os seus amigos e família.

Ouça ‘Colourwave’:

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