Barroso pai nosso

Em tempos sombrios, “Ato 1 – Amar” relembra o principal ímpeto da condição humana

Em meio a crescente onda conservadora religiosa, Barroso faz grande desconstrução da oração do Pai Nosso e traz novo significado. “Pense que a vida humana é um milagre, que estamos vivos por um milagre e nada vale mais do que a vida. E que nosso dever biológico é, acima de tudo, respeitá-la, cuidá-la e seguir em frente”, disse José Mujica durante uma Assembleia Geral da ONU. Ser a favor da vida é valorizar o ser humano, valorizar tudo o que é gente. A potência da poesia do Ato 1 – Amar, lançada nessa sexta-feira (10) com a interpretação de Leyllah Diva Black, chega como uma provocação para esse momento difícil em que estamos vivendo. “Pra mim, essa poesia significa mais um artifício de despertar consciência e ativar a responsabilidade sobre coisas que a gente faz com o outro e consigo mesmo. Nessa crise mundial, muito se fala sobre a economia e o medo, mas precisamos trabalhar ainda mais a preocupação com o ser humano, com a vida em primeiro lugar”, explica Barroso, que também atua na série Aruanas, com estreia na TV aberta no dia 28 de abril. A série original da Globo e Maria Farinha Filmes traz Débora Falabella, Leandra Leal, Taís Araújo e Thaina Duarte como protagonistas e tem estreia da segunda temporada prevista para 2021.

Ressignificar a oração mais conhecida do cristianismo pode parecer ousado, mas se torna fundamental quando vista como uma potência a ser canalizada a partir da métrica e semelhança com os dizeres do Pai Nosso. “Essa releitura tem muita coerência com a minha arte, com a pluralidade, divindade e desconstrução. Ao inventar esse novo verbo, gentilar, minha sugestão é que ele seja realmente colocado em prática. Amar é um princípio humano inerente a tudo o que fazemos: é o início, o meio e o fim. Filho do verbo amar, gentilar é o que nos faz sermos humanos melhores, mais elevados. A nossa passagem aqui é sobre isso. Não foi a toa que viemos em coletivo para esse planeta”, diz Barroso.

Drag Queen há 15 anos, Leyllah Diva Black foi escolhida para interpretar a poesia de Barroso, se tornando uma grande potência canalizadora para fortalecer mais profundamente a mensagem a ser transmitida. “Essa poesia é um jeito inovador que o Barroso encontrou para ressignificar o Pai Nosso. Um jeito só dele, mas que também pode significar muito para as outras pessoas. Pra mim, gentilar é cuidar de cada pessoa como se fosse o nosso próprio lar. Se cuidamos bem do próximo, estamos ao mesmo tempo cuidando bem de nós mesmos”, diz Leyllah.

A composição de Barroso não é recente, mas reflete diretamente nas questões que o artista enxerga atualmente. “Ser artista é muito sobre isso: observar o mundo, as questões, as pessoas, a si mesmo. Eu vejo que amar é um princípio básico para entender o momento que estamos inseridos. Entender a complexidade dessa palavra é entender sobre tudo.”, completa o artista.

O novo álbum de Barroso é dividido em 4 atos que formam uma narrativa. O começo de tudo, a origem, faz um passeio pela ancestralidade e seus valores pessoais. Sequencialmente, o amor como um ímpeto natural da existência. A coragem para agir com o coração é a nossa missão primordial. Como um ciclo que se encerra para outro começar, nosso único tesouro: a sabedoria. Duas faixas já foram lançadas: Ato II – Coragem (por Ashira) e The Big Bang Theory e Coisas Mais.

Atualmente, Barroso também está no elenco da série infanto-juvenil da Discovery Kids, Novo Mundo Zoo, e acaba de participar do longa Vale Night, dirigido por Luis Pinheiro e com produção da Fox Filmes e Querosene Filmes.

Sobre o músico

Com seu estilo alternativo e sua mistura contemporânea de elementos da Música Brasileira, Rock e Black Music, Barroso traz para sua carreira musical o tom interpretativo e de provocação social, cada vez mais importante na sociedade atual. Para o seu primeiro álbum, o artista trocou livros por histórias ouvidas pelos moradores e passantes do Fluxo, no bairro da Luz, apelidado de Cracolândia: o que é o amor? O que é a liberdade? Os sonhos ali vistos se tornaram inspiração para as músicas do álbum Vendo Sonhos, que fala sobre marginalidades, igualdade, cotidiano, sabedorias maternas, questionamentos existenciais, amor, homofobia, machismo, xenofobia e misoginia. Vendo Sonhos tem 13 faixas divididas em quatro atos que traçam um caminho distópico passando pela origem das coisas e pelas palavras amar, coragem e sabedoria. O álbum terá participação de sua mãe, Lone Barroso, suas avós, além de Sarah Roston, Saullo, SóCIRO, andô, Ashira, Leyllah Diva Black, Malú Lomando, Victoria Saavedra, entre outros artistas que somaram nos coros e clipes que serão lançados.

Barroso é cantor, compositor, ator e poeta. Estudou na Escola Superior de Artes Célia Helena e na Faculdade e Conservatório Souza Lima e teve seu primeiro contato com a música por meio de suas raízes familiares, quando seu avô ensinava os primeiros acordes de violão na periferia de São Paulo, onde nasceu e cresceu até os seus 23 anos. Mesmo no teatro, a música sempre esteve presente em tudo o que fez. Seu principal objetivo com suas canções é dar corpo, voz e força para tudo aquilo que é marginalizado pela sociedade, trazendo ao palco temas universais e de seu próprio universo. “Barroso Eus” conversa com o plural do indivíduo e a origem da palavra “Deus”, do latim, como uma força universal e abrangente, presente em tudo e todxs. “A pluralidade do indivíduo, sua divindade e desconstrução. É sobre nós”. Assim ele se define na música. Sua carreira musical profissional começou de fato em 2017 com o lançamento do EP Acústico “Enclausurado”. Ainda em 2018, foi convidado para o “Projeto Margem”- Edital VAI (SP) por onde gravou um clipe acústico de sua música “Não Tenho Medo de Terra” e de sua poesia “Enclausurado”, lançados no canal do projeto no YouTube. Barroso também teve participações no EP Tragicomédia Tropical (2018), do cantor andô, e no álbum Alphaleonis (2020), da cantora Malú Lomando. Confira abaixo o novo clipe de Barroso e a sua desconstrução de Pai Nosso.

Ouça a desconstrução de Pai Nosso, por Barroso em Ato I. Amar

Mais notícias no Minuto Indie. Curta nossa página no Facebook.

Autor

  • Eduardo da Costa

    Redator do site Minuto Indie. Graduado em jornalismo e pós-graduado em marketing digital e comunicação para redes sociais, amante de música, esportes, cinema e fotógrafo por hobby. Siga-me nas redes sociais: Facebook: duffnfedanfe; Instagram: nfedanfe; Twitter: _duffe; Last.Fm: duffhc3m; Pinterest: duffe_;

Escrito por

Eduardo da Costa

Redator do site Minuto Indie. Graduado em jornalismo e pós-graduado em marketing digital e comunicação para redes sociais, amante de música, esportes, cinema e fotógrafo por hobby. Siga-me nas redes sociais:

Facebook: duffnfedanfe;
Instagram: nfedanfe;
Twitter: _duffe;
Last.Fm: duffhc3m;
Pinterest: duffe_;